A CPI da Covid aprovou nesta terça-feira (31) a convocação de Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro em ações na Justiça Eleitoral.
Redação Publicado em 31/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h25
A CPI da Covid aprovou nesta terça-feira (31) a convocação de Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro em ações na Justiça Eleitoral.
Os senadores também aprovaram uma nova convocação de Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy que movimentou quase R$ 5 milhões a serviço da VTCLog, empresa de logística investigada pela CPI.
O depoimento de Ivanildo estava previsto para esta terça, mas, um dia antes, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantiu ao motoboy o direito de não comparecer à comissão. A decisão provocou reação da cúpula da CPI (leia abaixo).
A comissão, então, marcou de última hora o depoimento de Andreia Lima, diretora da VTCLog, mas a executiva informou que não poderia comparecer nesta terça. Diante das ausências, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a comissão irá focar no depoimento de “todas as pessoas da VTCLog, sem exceção” e irá “a fundo” nas investigações sobre a empresa.
Os senadores aprovaram ainda a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático da VTCLog.
As convocações são desdobramentos das suspeitas de que houve irregularidades e lobby na aquisição de vacinas contra a Covid-19 e também sobrepreço em contratos firmados com o Ministério da Saúde.
No caso de Karina Kufa, os senadores investigam se ela apresentou o advogado Marconny Albernaz Ribeiro ao ex-secretário da Anvisa José Ricardo Santana e se ela pode ter tido algum benefício fazendo essa intermediação.
Marconny é apontado como um lobista da Precisa Medicamentos, empresa que atuou como intermediária no contrato da vacina indiana Covaxin e que está sob investigação. Já José Ricardo participou de jantar no qual, de acordo com o policial militar Luiz Paulo Dominghetii, houve pedido de propina para a aquisição de vacina.
A CPI obteve mensagens trocadas entre Marconny e Santana. Em maio do ano passado, o ex-secretário da Anvisa indica que conheceu o suposto lobista da Precisa na casa da advogada de Bolsonaro.
“Foi um prazer te conhecer hoje na casa da Karina. Aliás, ela me passou seu telefone. Obrigado pelo bate-papo agradável. Se eu puder te ajudar em algo, conte comigo. Boa noite”, escreveu Santana.
As mensagens indicam ainda que Marconny e Santana discutiram um “passo a passo” para fraudar uma licitação de testes para a Covid-19 e beneficiar a Precisa. A CPI tem indícios de que o roteiro seria repassado a Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde exonerado em junho, após a denúncia de cobrança de propina.
“O depoimento da advogada Karina Kufa é de extrema importância para os trabalhos desta CPI, uma vez que pode esclarecer sua participação e de outros personagens do seu círculo de amizades nas negociações envolvendo contratos com o Ministério da Saúde”, afirmou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
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