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Último pedido do menino Henry foi ficar com o pai

Em entrevista exclusiva à TV Globo, o pai do menino Henry Borel, morto no dia 8 de março, revelou qual foi o último pedido feito pelo filho, antes de chegar

Último pedido do menino Henry foi ficar com o pai
Último pedido do menino Henry foi ficar com o pai

Redação Publicado em 09/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h18


Menino, que estava no apartamento da mãe e do padrasto, o vereador Dr. Jairinho, foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março. Mãe e padrasto foram presos nesta quinta (8).

Em entrevista exclusiva à TV Globo, o pai do menino Henry Borel, morto no dia 8 de março, revelou qual foi o último pedido feito pelo filho, antes de chegar na casa da mãe Monique Medeiros.

De acordo com o engenheiro Leniel Borel, na última vez que esteve com o filho, no dia 7 de março, assim que chegou no condomínio onde o menino morava com a mãe e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho, Henry teria dito:

“Deixa eu ficar mais um dia com você.”

Segundo a polícia, o responsável pela morte é o padrasto, o vereador Dr. Jairinho. Casal foi preso nesta quinta-feira (8).

Leniel contou como foram esses últimos momentos com o filho antes de entregá-lo para os cuidados da mãe.

“Quando eu fui entregar para ela, a Monique veio, eu falei ‘vai com a mamãe’, e ele: ‘não papai, não quero ir. Me dá mais um dia. Deixa eu ficar mais um dia com você’. Eu falei vai com a mamãe, porque eu tinha que trabalhar no dia seguinte. E ela falou: ‘filho, amanhã tem escolinha, amanhã tem futebol, natação’. E ele disse ‘não, mamãe, eu não gosto'”, relatou Leniel, sobre os detalhes do seu último encontro com o filho.

O delegado Henrique Damasceno, responsável pela investigação da morte do menino Henry Borel, afirmou ter certeza de que o vereador Dr. Jairinho foi o autor das agressões que mataram o menino e de que a mãe dele, Monique Medeiros, foi conivente.

Em outro trecho da entrevista, Leniel responsabiliza Monique por não ter evitado a morte de Henry.

“Eu não acreditava que a Monique como mãe poderia estar encobrindo algo nesse sentido, ou que tivesse esse tipo de participação. Porque mãe é mãe. Eu não acreditava que uma mãe poderia estar encobrindo algo de tamanha monstruosidade. Os dias se passaram, ouvimos depoimentos, casos de ex-mulheres de Jairinho. Então, a gente já sabia mais ou menos quem era Jairinho. Mas o papel da Monique na sequência de fatos e na omissão de proteção como mãe. Acho que eu duvidava que ela podia realmente ter encobertado”, comentou Leniel.

Leniel lembrou ainda que o filho disse que havia sido machucado pelo padrasto, e que a ex-mulher negou essa possibilidade e ainda disse que “mataria” caso a agressão acontecesse.

“Ela falou, esquece, isso não acontece, inclusive eu mataria se eu descobrisse que o Jairinho faz … que ele machuca o nosso filho (…) ‘Como é que pode uma mulher que fala que mata por causa do filho estar do lado de alguém que matou o dela?’, questionou. “Demoníaco, assustador.”

‘Quis apagar o filho da memória’

O engenheiro comentou durante a gravação que sempre achou Monique uma boa mãe, durante os quatro anos de vida de Henry. Contudo, na opinião dele, as coisas mudaram quando ela começou a namorar com o vereador Dr. Jairinho.

“A partir do momento, e hoje eu vejo, quando ela se juntou com o Jairinho, ela foi morar com Jairinho, parece que ela quis apagar o filho da memória. Ou de alguma forma que aquilo estava impedindo ela de viver uma nova vida. Entao, assim, não sei o que posso pensar de Monique”, disse Leniel.

O pai de Henry disse que demorou a acreditar que Monique pudesse ser conivente com as agressões, como concluiu a investigação.

“Isso pra mim me parece demoníaco, assustador. Como é que uma mãe que cuidou bem do filho durante quatro anos, a partir do momento que se junta com uma pessoa que mal conhece, poucos meses, e pretere uma pessoa ao filho? É muito estranho. Eu não consigo explicar o que pode ter sido isso. Será que é a ganância, a luxuria, um novo cargo público”.

O engenheiro lembrou detalhes do dia 8 de março, quando levou a criança para o prédio onde a mãe e o padrasto viviam. Henry demonstrava muito nervosismo e medo, conta o pai.

“Quando entreguei meu filho, fui chegando perto, ele foi ficando muito nervoso, quando ele viu que tava chegando perto do Magestic [condomínio], foi ficando mais nervoso ainda, tanto que ele me agarrou e falou: ‘Não quero ir’. Ficou muito nervoso, começou a fazer náusea, tanto que quando chegou tive que abrir e ele vomitou na saída do carro”, lembrou.

Ao falar do filho, Leniel disse que vai levar para sempre a imagem de uma criança carinhosa e alegre.

Por G1
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