Samara de Oliveira Araújo passou oito dias na prisão por crime que não cometeu
Vitória Tedeschi Publicado em 02/12/2023, às 10h20
No último dia 23 de novembro, a professora Samara de Araújo Oliveira, de 23 anos, foi presa e levada para o Instituto Penal Oscar Stevenson enquanto dava aula no Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Ela estava na casa de um aluno particular quando os policiais chegaram para cumprir o mandado. "Eu me desesperei", relembra ela, ao g1.
Samara foi acusada de um crime de extorsão cometido há 13 anos, quando ela tinha apenas 10 anos – o que pela lei é proibido, já que um menor não responde a crimes.
De acordo com o jornal O Globo, o crime teria acontecido em 2010, em São Francisco, cidade do interior da Paraíba. À époica, um funcionário de um mercado do município recebeu uma ligação de um desconhecido que o ameaçou de morte, dizendo que duas pessoas numa moto o vigiavam. Para não ser morto, ele deveria fazer oito transferências de R$ 1.000 para sete contas diferentes.
Coagido, a vítima realizou o que foi pedido. Mas, durante as investigações, foi descoberto que a ligação não passava de um golpe e não tinha ninguém em frente ao mercado para matar o funcionário. Com a quebra dos sigilos bancários, a Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíbaidentificaram os donos das contas, que eram do Rio de Janeiro.
No entanto, conforme O Globo, em um cadastro nacional de dados de pessoas físicas há nove nomes iguais ao da professora. Desde então, a família dela se mobilizou para mostrar o equívoco à Justiça paraibana.
Apenas na última quarta-feira (29), um advogado conseguiu provar o erro e o juiz substituto Rosio Lima de Melo, da 6ª Vara Mista da cidade de Sousa, decidiu expedir o alvará de soltura da professora, que saiu da prisão na última sexta-feira (1º).
Ainda ao g1, Samara contou que precisou dividir cela com outras 21 mulheres em um dos oito dias em que passou no presídio feminino de Benfica.
Enquanto eu estava lá, eu não soube que estava todo mundo se juntando para me ajudar. Eu fiquei com a sensação que eu ia ficar lá abandonada", relembra ela.
"Eu arranjei um colchão no canto e fiquei os dias lá. Três noites eu dividi com uma pessoa de confiança, depois ela foi pra Bangu [outro presídio]. Todo dia chegava gente e ia gente embora. Era temporário. Mas chegou a ficar 21 mulheres na cela", acrescenta.
Além doos momento difíceis que viveu na prisão, enquanto ficou presa injustamente, ela ainda perdeu a própria formatura na graduação de Matemática na Universidade Federal Fluminense. Isso porque a cerimônia aconteceu no último fim de semana, enquanto ela ainda estava presa.
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