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PM de SP compra 270 mil balas de borracha de lotes que falharam em testes; munições serão substituídas por ‘bean bags’

Parte das 270 mil balas de borracha que a Polícia Militar (PM) do estado de São Paulo comprou no ano passado da fabricante nacional Condor S/A Indústria

PM de SP compra 270 mil balas de borracha de lotes que falharam em testes; munições serão substituídas por ‘bean bags’
PM de SP compra 270 mil balas de borracha de lotes que falharam em testes; munições serão substituídas por ‘bean bags’

Redação Publicado em 15/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 06h53


Parte das 270 mil balas de borracha que a Polícia Militar (PM) do estado de São Paulo comprou no ano passado da fabricante nacional Condor S/A Indústria Química apresentou falhas durante testes de segurança, precisão e qualidade realizados pela corporação.

Segundo policiais militares ouvidos pelo g1 sob a condição de anonimato, foram encontrados problemas graves nos testes feitos pela PM nos elastômeros, nome técnico do produto. Entre eles, principalmente aqueles que levam risco às pessoas, como mudanças acima do permitido na trajetória das balas de borracha durante os disparos. E possíveis ferimentos também ultrapassando a margem autorizada.

“A bala de borracha tem demonstrado imprecisão e traumas acima do permitido, o que coloca em risco o agressor”, falou um dos agentes que teve acesso aos resultados dos testes feitos pela Polícia Militar.

Mudanças de trajetória e ferimentos

De acordo com agentes da Polícia Militar, em dos testes de tiro de bala de borracha, a 20 metros de distância do alvo, como é recomendado, verificou-se desvio de até 80 centímetros entre a mira feita pelo policial e o ponto atingido.

Os policiais disseram que seria o mesmo que, numa ação real, atirar abaixo da cintura de um suspeito, mirando nas pernas, como recomenda o fabricante e a própria corporação, mas a bala de borracha subir e atingir o rosto de uma pessoa que tenha 1,60m.

Outra inconformidade verificada nos testes da PM, segundo agentes, é que a bala de borracha dos lotes comprados pode causar ferimento acima do limite permitido – 4,4 centímetros de profundidade. E, dependendo de onde atinja, poderia provocar problemas no coração, em razão do impacto.

“Se é uma pessoa magra que é ferida no peito, pode levar a riscos cardíacos, já que o coração de uma pessoa fica a 4,6 centímetros abaixo da pele”, falou um policial.

Ainda segundo policiais, a PM de São Paulo também suspendeu a compra de 70 mil bombas de efeito moral e de gás da Condor após detectar falhas e inconformidades em lotes.

Questionada, a Polícia Militar não comentou o caso envolvendo as bombas. De acordo com fontes consultadas pelo g1foram recolhidas 24 mil bombas que emitem luz e som e 46 mil bombas de gás lacrimogêneo.

Entre os problemas verificados, segundo os agentes, a explosão de bombas de efeito moral, que deveria ocorrer após 3,5 segundos de tolerância, ocorreu antes, com 1,5 segundo.

Como solução, os agentes disseram que a PM tem usado bombas de lotes da própria Condor que já estavam no seu estoque e não apresentaram falhas nos testes.

Ainda segundo policiais, a corporação também abriu licitação internacional para a aquisição de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral devido ao problemas detectados.

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G1

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