Os exames constataram que a criança está com três meses de gestação
Nathalia Jesus Publicado em 13/09/2022, às 11h57
Aproximadamente um ano depois de ter o seu primeiro filho, fruto de um estupro, aos 11 anos de idade, a criança moradora de Teresina, no Piauí, volta aos cuidados do Conselho Tutetar regional após ser constatada uma segunda gravidez, também oriunda de uma violência.
A conselheira tutelar Renata Bezerra revelou que a menina manifestou interesse em realizar um aborto - que não foi feito na primeira oportunidade por falta de autorização da responsável - e retornar à escola.
A Polícia Civil irá investigar se houve negligência dos pais e responsáveis da criança no caso.
"Não podemos ficar somente no crime em si. Faço minha parte em relação ao crime. No final do próximo ano essa menina vai ser vítima novamente? Não é assim, a rede de proteção tem que proteger a vítima, que está patente que ela está vulnerável", disse a delegada responsável pelo caso, Lucivânia Vidal.
O exame de gravidez realizado pelo Serviço de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência, na Maternidade Dona Envagelina Rosa, indicou que a menina está grávida há pelo menos três meses.
Na primeira gravidez, a mãe da criança, de 29 anos, não deu autorização para que o aborto fosse realizado, mesmo sendo comprovado que a menina tinha direito ao procedimento, alegando que o médico responsável pela cirurgia havia informado que haveria risco de vida da menina e do bebê.
Em reportagem para a Folha de S. Paulo, a mãe também se mostrou contrária ao procedimento, porque entende que o aborto é considerado crime, além de garantir que tem condições de criar outro neto.
O comportamento da menina mudou desde a último contato com Renata: "Ela está arredia, não é muito de conversar, mas a gente vê no olhinho dela que está abalada. Quando a médica falou que tinha testado positivo, ela se virou e perguntou para mim: ‘Tia, e agora? O que a gente vai fazer?", comentou a conselheira.
Após a realização do exame, a menina permaneceu sob os cuidados do pai, que é à favor da interrupção da gravidez.
Porém, a juíza da 2° Vara da Infância e da Juventude, Maria Luiza de Moura Mello, determinou que a menina e seu filho fossem encaminhados para um abrigo.
Para a reportagem da Folha, a juíza ainda afirmou que irá investigar as possibilidades de conceder o direito do aborto legal para a criança. A Defensoria Pública disse que acompanha o caso.
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