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Investigação

Médico é acusado de tentar "comprar" silêncio de vítima de estupro

O médico está foragido e até o momento, outras quatro vítimas registraram denúncias de crimes sexuais

O médico está foragido e até o momento, outras quatro vítimas registraram denúncias de crimes sexuais - Imagem: Reprodução/Redes Sociais
O médico está foragido e até o momento, outras quatro vítimas registraram denúncias de crimes sexuais - Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Ana Rodrigues Publicado em 26/10/2023, às 11h41


O médico proctologista Paulo Augusto Barchielli, tentou "comprar" por R$20 mil o silêncio de uma enfermeira que teria o acusado de estupro, segundo depoimento de um sobrinho da vítima à polícia, em agosto do ano passado. O crime aconteceu na clínica do médico, no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. 

Segundo o Metrópolesque teve acesso ao depoimento, Berchielli também teria dito que o ato sexual praticado após a cirurgia de hemorroida que realizou na paciente foi com "consentimento" da vítima. A mulher estava sob efeito de anestesia.

O sobrinho da enfermeira que teria sido estuprada também foi paciente do proctologista. Paulo teve a prisão decretada pela Justiça de São Paulo e está foragido. Até o momento, quatro vítimas já registraram denúncias de crimes sexuais contra ele.

O investigado questionou se não teria outra forma de resolver [o estupro], propondo um acordo extrajudicial, oferecendo a quantia de R$ 20 mil, visto que teria ocorrido o ato com consentimento da vítima e não teria nada para provar”, diz trecho do depoimento.

No dia seguinte, o sobrinho da enfermeira foi procurado por telefone com uma nova tentativa de "acordo". Ele reiterou que não se interessava e que medidas judiciais já estariam em curso contra o médico.

Segundo o inquérito policial, o advogado da mulher também foi procurado pelo defensor do médico. Ele disse que lhe foi oferecido R$65 mil para não levar a denúnica adiante.

Eu não quero dinheiro, eu quero esse monstro na cadeia", reforçou a vítima.

Até a publicação desta matéria, o registro profissional do médico continua ativo no site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

A enfermeira acrescentou que o abuso foi concretizado no mesmo local em que fez a cirurgia. Após ir para casa, na sexta-feira, ela só acordou no domingo, devido o excesso de medicamentos administrados. Quando despertou, a vítima sentiu fortes dores no ânus.

Por conta disso, ela não consegue se segurar para defecar, precisando usar fraldas nos momentos em que sai de casa.

Ele [abuso sexual] mudou toda a minha vida. Fico muito em casa agora. Fui demitida e só saio de casa para ir à faculdade, quando uso fralda. Passo por esse constrangimento.”

A mulher disse que começou a estudar direito motivada pelo crime que sofreu. Ela afirma que, ao se tornar advogada, pretende promover justiça contra pessoas como o médico que a estuprou.

A mulher ainda relatou que foi estuprada logo depois de ser submetida a cirurgia.

Eu estava ainda grogue, por causa da anestesia. Mas lembro, em flashs, dele me colocando de bruços na maca e minha cabeça batendo na parede. Vomitei. Depois de um tempo, vi que ele limpava o pênis em uma pia ao lado da maca".

Berchielli foi denunciado pelo promotor de Justiça Daniel Magalhães Albuquerque Silva, em 9 de agosto, e foi recebido pelo juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

O advogado Daniel Bialski afirmou, em nota que o médico refuta e nega as acusações de estupro. O defensor ainda disse ter firme convicção de que a inocência do cirurgião e que será comprovada durante o processo.

Declaramos, ainda, que sua atuação sempre se pautou pela ética e respeito a seus pacientes, sendo reconhecido pela reputação ilibada conquistada ao longo dos mais de 40 anos de carreira, na qual atendeu e realizou procedimentos em milhares de pacientes, sem qualquer intercorrência ou acusação semelhante", disse.

Bialski teve um pedido de habeas corpus negado pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 6 de setembro.

O Cremesp afirmou que investiga o cirurgião, sob sigilo determinado por lei. O conselhor ainda esclareceu que até o momento não foi notificado oficialmente sobre o mandado de prisão.

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