A casa da família agredida pela Policia Militar (PM) durante abordagem em Santo André, no ABC Paulista, foi atingida por disparos de arma de fogo três dias
Redação Publicado em 30/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h29
A casa da família agredida pela Policia Militar (PM) durante abordagem em Santo André, no ABC Paulista, foi atingida por disparos de arma de fogo três dias depois de denunciar o caso. Segundo as vítimas, elas foram acordadas na madrugada desta segunda-feira (30) pelo barulho de cinco tiros que perfuraram o portão e o carro que estava na garagem, danificando as paredes. Ninguém se feriu.
A Polícia Civil investiga o ataque e tenta identificar o autor ou os autores dos dos disparos, que fugiram e não haviam sido localizados até a última atualização desta reportagem. O caso foi registrado pelas vítimas como ameaça e disparo de arma de fogo no 1º Distrito Policial (DP) de Santo André.
“Uma das vítimas foi ouvida e passou detalhes do ocorrido. Foi realizada perícia no local. Diligências estão em andamento para localizar imagens e testemunhas que auxiliem na identificação dos autores e esclarecer os fatos”, informa nota da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
“Acordamos com o barulho dos tiros. Foram cinco disparos. Ninguém se feriu”, disse um dos familiares ao G1. “Desconfiamos que esse ataque possa ter sido cometido por outros PMs”.
De acordo com o relato da família na delegacia, após ouvir os disparos, um dos parentes foi até a janela da casa e viu um motociclista não identificado que fez ameaças, dizendo: “vai morrer todo mundo”.
Em seguida, o homem fugiu com a moto preta. Depois um carro branco passou duas vezes na frente do imóvel. Para a família, esse veículo estaria dando escolta para o motociclista.
“Essa retaliação que sofreram, além de inédita em casos do tipo, justifica ainda mais as prisões e a necessidade da corporação e da corregedoria investigarem se outros PMs fizeram esses ataques”, disse o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.
Na madrugada da última sexta-feira (27), a família denunciou a Corregedoria da PM uma abordagem violenta cometida por sete agentes da corporação em frente à residência, na Rua Recife, no bairro Sacadura Cabral. Vídeos gravados por testemunhas e pelas próprias vítimas mostram policiais militares agredindo e ofendendo ao menos seis pessoas da família.
A confusão começou quando um dos parentes foi abordado pelos PMs na rua. Ele estava sem documentos e foi agredido pelos policiais, que usaram uma arma de choque para imobilizá-lo o acusando de desacato e resistência à prisão. Ele chegou a ser algemado e preso, mas foi solto depois pela Polícia Civil na delegacia.
Nas imagens é possível ver os agentes dando socos nos rostos das vítimas (homens e uma mulher) e chutes para fazê-las cair no chão. Também usam o mata-leão (golpe proibido pela PM) para imobilizar uma delas pelo pescoço. Os vídeos ainda mostram ao menos um policial militar invadindo a residência.
No sábado (28), a Justiça Militar decretou a prisão preventiva de quatro dos sete PMs que participaram da ocorrência. Eles seriam levados ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Os outros três agentes estão afastados dos trabalhos operacionais e são investigados.
Além da Corregedoria da Polícia Militar, a Polícia Civil também apura o caso das agressões cometidas pelos PMs. No domingo (29), as vítimas divulgaram à imprensa fotos dos ferimentos provocados pelos agentes e disseram estar “com medo de sair de casa”.
“Estudarei a possibilidade de entrar com uma ação cível para que as vítimas sejam indenizadas, visto que tiveram prejuízos físicos e emocionais”, disse Fábio Gomes da Costa, advogado contratado pela família para defender seu interesse no caso.
A Ouvidoria da Polícia criticou a abordagem da PM contra a família no ABC. “Foi uma atitude covarde e violenta dos policiais, que foge do que o protocolo da PM estabelece”, disse o ouvidor Elizeu Soares Lopes.
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G1
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