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Chocante

Após se matricular em engenharia, aluno sofre tragédia com trote abusivo

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil

O garoto enfrenta diversas sequelas do incidente - Imagem: Freepik
O garoto enfrenta diversas sequelas do incidente - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 25/10/2022, às 10h59


Um trote organizado por estudantes universitários terminou em tragédia, depois que um aluno novato foi deixado em coma por conta de abusos dos colegas. O episódio aconteceu na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.

Ayrton Carlos Almeida Veras havia saído de casa, no Maranhão, para realizar seu sonho de estudar engenharia na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No início do ano, ele se mudou para a República Sinagoga, um dos 59 casarões da instituição que são gerenciados pelos próprios alunos da instituição.

Mas, ao ingressar no casarão, o jovem teve que enfrentar testes especiais, chamados de “batalha”, feitos pelos colegas aos novatos para provar quem merecia viver na república. Após ser aprovado, ele foi submetido a outro desafio durante uma festa, mas o jogo passou dos limites e Ayrton saiu do local insconsciente.

Em entrevista à TV Globo, a mãe da vítima, Regina Araújo Veras, contou como a “brincadeira” se tornou perigosa, a ponto de colocar a vida do filho em risco.

“Eles dão uma pressão psicológica nos alunos, nos rapazes. Ele bebeu copos americanos, três copos americanos, cheios de cachaça, de pinga. Três copos americanos cheios de molho com óleo, molho de pimenta com molho shoyu. Eles deram um banho nele com balde de água gelada com pó de café. Apagou após o banho gelado e entrou em coma”.

Ayrton foi imediatamente encaminhado à UPA de Ouro Preto com sinais de excesso de bebida. Segundo o médico que atendeu o rapaz, o estado de saúde dele era grave. Os médicos apontaram também sinais de abuso sexual, mas o exame ainda não comprovou essa condição, informou a mãe. Após a denuncia, a Polícia Civil abriu um inquérito.

Ayrton foi intubado e passou 16 dias internado; oito deles na UTI da Santa Casa de Ouro Preto.

Sequelas

Logo depois de receber alta da unidade de saúde, Ayrton trancou sua matrícula na UFOP e voltou à casa da família no Maranhão, onde faz tratamento contra as sequelas do incidente. Ele sofre de crise de ansiedade, queda de cabelo, problema cardíaco e perda de movimento de um pé.

“Eu não consigo mais voltar a falar. Até porque não vai ser confortável para mim, tanto emocionalmente como fisicamente. A gente é obrigado a passar por cada humilhação, e eles acham normal, eles normalizam”, lamentou Ayrton. “Fiquei decepcionado. Eu quero que a UFOP tome atitudes, providências. Eu quero justiça. Não é o primeiro caso, são vários casos”, completou.

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