Diário de São Paulo
Siga-nos

Piquiniques causam revolta de frequentadores do Parque Villa-Lobos

Encontros podem custar até R$ 26 mil

Piquenique do Parque Villa-Lobos. - Imagem: Reprodução | Rodrigo Rodrigues/g1
Piquenique do Parque Villa-Lobos. - Imagem: Reprodução | Rodrigo Rodrigues/g1

Marina Roveda Publicado em 16/09/2023, às 15h22


A recente inauguração de uma área de piquenique com cobrança de R$ 6,8 mil a R$ 26 mil para festas e encontros particulares no Parque Villa-Lobos, localizado na Zona Oeste de São Paulo, tem causado controvérsia entre os frequentadores do parque.

O serviço, denominado "Vila Picnic," foi lançado pela empresa Cia do Tomate em agosto e envolveu um investimento de cerca de R$ 1,2 milhão para reformar uma área do parque que é público, mas foi concedida à iniciativa privada em setembro de 2022.

Frequentadores têm expressado sua insatisfação, alegando que desde a concessão à empresa Novos Parques Urbanos, o Parque Villa-Lobos tem sido palco de diversos eventos privados com cobrança de ingressos, enquanto os espaços públicos não receberam melhorias significativas.

A presidente da Associação de Amigos de Alto de Pinheiros (SAAP), Maria Helena do Amaral Osorio Bueno, destacou que a concessão já completou um ano, mas as melhorias prometidas, como a ampliação dos banheiros e melhorias na sinalização, ainda não foram realizadas. Ela também mencionou a frequência de eventos pagos que limitam o acesso à população.

O evento que causou a maior polêmica foi a inauguração da Vila Picnic, que ocupa uma área de 1.200 m² e permite até quatro festas simultâneas, com um limite de 50 pessoas em cada evento. A empresa oferece móveis, guarda-sóis, cestas de piquenique, toalhas e um cardápio variado de comidas e bebidas para os convidados, seguindo o modelo de buffets infantis.

Os críticos argumentam que a instalação da Vila Picnic aconteceu sem explicação detalhada ao conselho do parque, e a área que antes era aberta agora está cercada por cordas, com apenas uma entrada principal aberta durante todo o horário de funcionamento do parque.

Rogério Dezembro, CEO do Consórcio 'Novos Parques Urbanos', responsável pela administração do parque, explicou que os visitantes ainda têm a opção de fazer piqueniques gratuitos em uma área três vezes maior que continua com acesso público. Ele enfatizou que os eventos privados são parte importante para financiar melhorias no parque e que há eventos gratuitos, como festivais de cinema e shows.

"Os eventos são parte importante da equação econômica para a gente continuar fazendo melhorias. O que nós estamos tentando fazer ali é um espaço mais democrático possível. Nós negociamos uma cota de ingressos sociais que nós distribuímos para as ONGs que são apoiadas pelas associações de moradores do bairro. Isso foi feito com eventos como do Frozen, do Monet e Marvel. Mas nós temos vários eventos gratuitos também, como o Rocky Spirit, que é um festival de cinema gratuito. Tivemos show recente do Diogo Nogueira, duas semanas atrás, também de graça", lembrou.

A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado de São Paulo afirmou que o uso privado do Parque Villa-Lobos é autorizado pelo contrato de concessão e que as receitas obtidas são destinadas à manutenção e melhorias na infraestrutura.

"Contratos de concessão de parques, incluindo o dessa unidade, permitem a exploração comercial da área com a locação de imóveis, oferta de serviços, atrativos ou de atividades especiais nas quais haja controle de acesso. Vale lembrar que as receitas obtidas são revertidas em manutenção e melhorias na infraestrutura", declarou.

A polêmica em torno do Parque Villa-Lobos destaca o desafio de equilibrar a gestão de parques públicos com a necessidade de financiar melhorias e manutenção por meio de atividades comerciais. Enquanto alguns argumentam que eventos privados pagos limitam o acesso público, outros acreditam que eles podem contribuir para o desenvolvimento e preservação desses espaços.

Compartilhe  

últimas notícias