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Cigarros Eletrônicos

Pesquisa paulista mostra níveis alarmantes de nicotina em usuários de vape

Estudo indica que vape pode ser tão prejudicial quanto cigarros convencionais, aumentando o risco de infarto

Jovens desconhecem os riscos - Imagem: Reprodução / Freepik
Jovens desconhecem os riscos - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 06/06/2024, às 10h18


A crescente popularidade dos cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, está levantando sérias preocupações sobre os riscos à saúde associados ao seu uso. Uma nova pesquisa conduzida pela Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em colaboração com o Instituto do Coração (Incor) e o Laboratório de Toxicologia da FMUSP, revela que o consumo desses dispositivos pode resultar em níveis de nicotina no organismo até seis vezes maiores do que os encontrados em fumantes de cigarros tradicionais.

O estudo, que envolveu 200 usuários de cigarros eletrônicos, mostrou que os níveis de intoxicação por nicotina nesses indivíduos são alarmantemente elevados. "Os dados indicam que a exposição à nicotina entre os usuários de vapes pode ser de três a seis vezes superior em comparação com os fumantes de cigarros convencionais", afirma Elaine Cristine D’Amico, responsável pela equipe de coleta da Vigilância Sanitária Estadual.

Marcelo Filonzi dos Santos, do Laboratório de Toxicologia da FMUSP, complementa que as amostras coletadas para o estudo foram rigorosamente analisadas, mapeando o impacto significativo dos vapes no organismo humano. A médica cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do Incor e coordenadora da pesquisa, destaca que o estudo também revelou um preocupante desconhecimento entre os jovens sobre os riscos de dependência e as normas de uso em ambientes fechados, conforme estabelecido pela Lei Antifumo.

O estudo indica que a intoxicação por nicotina em usuários de cigarros eletrônicos é tão alta quanto, ou até pior, que nos fumantes de cigarro tradicional", alerta Jaqueline.

Ela enfatiza que muitos jovens desconhecem os perigos e a alta dependência causada pelos vapes, o que é evidenciado pelos questionários aplicados durante a pesquisa.

A situação é agravada pela falta de regulamentação adequada e pela percepção errônea de que os vapes são uma alternativa mais segura aos cigarros convencionais. Atualmente, cerca de 3% da população brasileira utiliza cigarros eletrônicos. Jaqueline Scholz adverte que "parar de usar o produto por conta própria é uma fantasia". Segundo ela, os vapes contêm substâncias extremamente tóxicas que não apenas afetam os usuários, mas também as pessoas ao redor, através da inalação das partículas ultrafinas depositadas no ar.

A pesquisa sublinha que os riscos para a saúde dos usuários de vapes são equivalentes aos dos fumantes de cigarros convencionais com filtro. Contudo, os riscos são amplificados, com uma chance duas vezes maior de infarto ou AVC. Para aqueles que utilizam ambos os tipos de cigarros, o risco é quadruplicado.

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