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Repercussão

Família de jovem atropelado por motorista de app recebeu vídeos de deboche no enterro da vítima

O homem é suspeito da tentativa de furto do veículo

Família de jovem atropelado por motorista de aplicativo recebeu vídeos de deboche no enterro da vítima - Imagem: reprodução
Família de jovem atropelado por motorista de aplicativo recebeu vídeos de deboche no enterro da vítima - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 04/05/2023, às 10h18


Familiares de Matheus Campos Silva, de 21 anos, que morreu em um atropelamento no centro de São Paulo, relataram que, durante o enterro do jovem, começaram a receber os vídeos do motorista de aplicativo que atropelou Matheus, onde ele zombava da morte do rapaz.

O caso ganhou repercussão após o atropelador gravar um vídeo dizendo "menos um fazendo o L" (símbolo usado pelo eleitores do presidente Lula durante a campanha de 2022).

De acordo com a família da vítima, a primeira versão apresentada para eles é a de que Matheus teria morrido em um acidente de trânsito comum e que o autor teria fugido do local sem prestar socorro.

Durante o enterro, os familiares receberam vídeos que mostram Matheus pedindo socorro e o motorista de aplicativo Christopher Gonçalves Rodrigues debochando da situação do rapaz, que, segundo ele, estaria roubando.

Segundo as irmãs da vítima relataram ao UOL, os vídeos começaram a chegar em grupos de motoristas de aplicativo. Paloma Campos Santiago e Talita Mayara, estiveram na útlima quarta-feira (03) no 5° DP (Aclimação) que apura o caso.

"Meu padrinho, que é motorista de aplicativo, recebeu nos grupos [o vídeo] do autor glorificando que tinha matado um assaltante."

"No começo eu não queria ver porque mostra meu irmão debaixo do carro, cheio de sangue e pedindo socorro. Eu não consegui ver mais", disse Paloma.

A irmã da vítima também afirmou que, se Matheus estivesse realmente roubando, ele deveria ter sido preso:

"O que o motorista fez foi horrível. Justiça com as próprias mãos não resolve nada. Ele matou o meu irmão. A gente nem conseguiu viver o luto."

"Meu irmão era um jovem como qualquer um, que trabalhava vendendo bala e capinha de celular no farol. Era assim que ele ganhava a vida. Ele nunca roubou nada de ninguém. Não temos provas de que ele furtou o celular, mas isso não justifica. Não temos bandidos na família. Se ele tivesse roubado, iríamos agradecer pela prisão, para ele pagar pelo que ele fez."

O delegado Percival Alcântara, titular do 5º DP, disse que o caso foi inicialmente registrado como "furto" e "morte suspeita". O foco é mostrar se o atropelamento foi intencional (homicídio doloso) ou acidental (homicídio culposo), segundo o delegado responsável pelas investigações.

Depois vamos analisar se os vídeos incitam o crime. Estamos levantando o máximo de provas possíveis porque não temos imagens [do circuito de segurança]. Também estamos apurando se ele prestou socorro ou se outra pessoa pediu."

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