Diário de São Paulo
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MEDICINA - USP

Acusada de desviar quase R$ 1 milhão do fundo de formatura vai a julgamento hoje

A audiência de instrução está programada para começar às 13h30 na 7ª Vara no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo

Alicia Dudy Muller, - Imagem: Divulgação / Poliedro
Alicia Dudy Muller, - Imagem: Divulgação / Poliedro

Marina Roveda Publicado em 31/10/2023, às 08h29


A estudante da Universidade de São Paulo (USP), Alicia Dudy Muller, que é acusada de desviar quase R$ 1 milhão dos fundos arrecadados para a festa de formatura de uma turma de medicina, enfrenta o início de seu julgamento, marcado para esta terça-feira (31).

A audiência de instrução, de acordo com o advogado de defesa de Alicia, está programada para começar às 13h30, na 7ª Vara no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo.

A estudante foi alvo de investigações da Polícia Civil em dois inquéritos em segredo de Justiça. Um dos inquéritos, conduzido pelo 16º Distrito Policial, investigou o crime de apropriação indébita em relação ao dinheiro destinado à festa de formatura.

Por sua vez, a Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, apurou os crimes de estelionato e lavagem de dinheiro em relação a uma casa lotérica, ocorridos em 2022.

A jovem se tornou ré após o Ministério Público denunciá-la oito vezes por estelionato e uma vez por estelionato tentado. Durante a fase de investigação, a polícia levantou a possibilidade de que o dinheiro usado por Alicia em apostas não pagas em uma lotérica em São Paulo poderia ter sido desviado dos fundos destinados à formatura de Medicina da USP.

Alguns dos principais acontecimentos no caso incluem:

  • Em abril de 2022, a suspeita realizou quase R$ 20 mil em apostas na Lotofácil, todas pagas via PIX;
  • Posteriormente, começou a fazer várias apostas de grande valor;
  • No total, estima-se que tenha apostado R$ 461 mil;
  • Em julho de 2022, a estudante teria solicitado R$ 891,5 mil em apostas;
  • Após uma funcionária da lotérica registrar R$ 193,8 mil em apostas, a gerente questionou o pagamento, e Alicia afirmou que havia programado uma transferência;
  • Ela então realizou uma transação significativamente menor, de R$ 891,53, na tentativa de fazer com que os funcionários da lotérica acreditassem que esse valor era o total de R$ 891,5 mil;
  • Após uma breve discussão, a suspeita deixou a lotérica com cinco apostas de R$ 38,7 mil cada.

Segundo a comissão de formatura:

  • A acusada alegou, por meio de mensagens no WhatsApp, que havia transferido a quantia desviada para uma conta pessoal;
  • Ela afirmou ter investido R$ 800 mil em uma corretora de investimentos que, posteriormente, teria enganado-a e ficado com o dinheiro;
  • O restante dos recursos teria sido utilizado para pagar advogados na tentativa de recuperar o valor.

A Comissão de Formatura só percebeu o desvio em 6 de janeiro de 2023, quando uma das vítimas registrou a ocorrência. No início de fevereiro, o pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra a estudante foi rejeitado pela Justiça, que concordou com o Ministério Público, alegando que o caso se tratava de crimes de estelionato, não de apropriação indébita, e pediu uma lista com os prejuízos individuais dos alunos para que cada vítima manifestasse interesse em representar a acusação.

A investigação envolveu a análise do Instituto de Criminalística de celulares, smartwatch, cartões bancários e um HD externo. Em relação a um tablet, a investigação sugeriu que fosse leiloado, pois foi adquirido com fundos desviados, e a quantia arrecadada seria destinada a entidades beneficentes.

O carro de luxo alugado por Alicia com o dinheiro dos alunos já foi devolvido à empresa em fevereiro.

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