"Se tocarem nos países da Otan, vamos responder", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no início de março.
Redação Publicado em 09/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h01
“Se tocarem nos países da Otan, vamos responder”, disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no início de março.
Essa é a filosofia e a razão de ser da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança pela qual 30 países da Europa e da América do Norte se comprometem a responder com suas forças militares conjuntas no caso de um ataque externo a um deles.
Ou seja, a Otan define sua natureza como defensiva. Mas alguns países veem isso como uma ameaça à sua segurança.
A Rússia, que usou esse argumento para justificar uma invasão militar, é o exemplo mais claro, mas não o único.
Apesar de suas fronteiras estarem a milhares de quilômetros dos limites da Otan, a China expressa abertamente e cada vez mais sua desconfiança em relação à organização.
E com a invasão russa da Ucrânia, o atrito entre o gigante asiático e a aliança defensiva liderada pelos EUA se intensificou.
Assim como Moscou, Pequim culpou a Otan pelo conflito.
O Ministério das Relações Exteriores da China acusou a aliança militar ocidental de ter colocado a Rússia “contra a parede” ao aceitar 14 novos membros desde o fim da Guerra Fria, incluindo países que fazem fronteira com a nação eslava.
Por sua vez, a Otan denunciou a principal potência asiática por “minar a ordem global” em termos de segurança.
O norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da organização, anunciou em abril que sua estratégia de defesa incluirá a China pela primeira vez, mais especificamente “como sua crescente influência e políticas coercitivas afetam nossa segurança”.
Hoje desconfiança, tensão e acusações mútuas marcam as relações entre Pequim e a aliança. Mas nem sempre foi assim.
O historiador Jamie Shea, que ocupou vários cargos de responsabilidade na Otan entre 1988 e 2018, tendo ganhado visibilidade mundial durante a Guerra do Kosovo, de 1999, assegura que a relação entre a aliança e Pequim tem sido de indiferença mútua nas últimas décadas, com trocas periódicas que mal produziram frutos.
“Os chineses mostraram interesse na Otan quando esta entrou no Afeganistão em 2003, mas quando perceberam que não estava lá como uma força de ocupação permanente, mas para fins de estabilização e contraterrorismo, relaxaram e o interesse pela Otan desapareceu”, assegura.
Embora raros e isolados, episódios de tensão entre a China e a Otan ocorreram no passado. Em 7 de maio de 1999, em uma operação da aliança, cinco bombas americanas atingiram a embaixada chinesa em Belgrado, matando três jornalistas. O então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, pediu desculpas e garantiu que foi por acidente. O evento provocou fortes protestos na China — Foto: Getty Images/via BBC
O especialista observa que “até o momento não houve um Conselho Otan-China que permita que ambos os lados se reúnam regularmente e discutam desafios comuns ou percepções mútuas”.
Wang Huiyao, presidente do centro de estudos da China e da Globalização (CGC) e conselheiro do governo chinês, explica que, devido à sua distância geográfica, Pequim “em princípio não deveria ter muitos problemas em comum com a Otan”.
“Mas se a Otan divulgar uma declaração dizendo que a China é uma ameaça potencial, isso preocupa Pequim”, ressalva.
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G1
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