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VENEZUELA

Parlamento da Venezuela pede que Maduro rompa laços com a Espanha

Decisão surge em resposta às críticas de parlamentares espanhóis em relação ao processo de reeleição de Maduro, considerado fraudulento pela oposição

Parlamento da Venezuela pede que Maduro rompa laços com a Espanha - Imagem: Reprodução / Instagram / @nicolasmaduro
Parlamento da Venezuela pede que Maduro rompa laços com a Espanha - Imagem: Reprodução / Instagram / @nicolasmaduro

William Oliveira Publicado em 09/10/2024, às 12h00


O Parlamento venezuelano, dominado por apoiadores do chavismo, aprovou recentemente um acordo que solicita ao presidente Nicolás Maduro a ruptura das relações diplomáticas com a Espanha. Essa decisão surge em resposta às críticas de parlamentares espanhóis sobre o processo de reeleição de Maduro, que a oposição venezuelana considera fraudulento.

Segundo o documento, o mesmo insta o governo a considerar "com urgência" o rompimento dos laços diplomáticos, comerciais e consulares com o Reino da Espanha. Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional venezuelana, incentivou os deputados a manifestarem seu apoio de maneira enfática e com o tradicional gesto de levantar as mãos. A aprovação foi recebida com aclamações na Câmara.

O foco principal do acordo é a rejeição à resolução emitida por legisladores espanhóis que solicitaram ao governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez o reconhecimento de Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições realizadas em 28 de julho. A Assembleia venezuelana condenou veementemente a decisão, classificando-a como "nefasta" e exigiu respeito à reeleição de Maduro.

Segundo Rodríguez, a paciência do governo venezuelano atingiu seu limite. Anteriormente, ele já havia levantado essa proposta em 11 de setembro, data em que o parlamento espanhol aprovou sua resolução

Em meio a essa tensão diplomática, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, alinhou-se à União Europeia ao exigir a publicação das atas eleitorais das recentes eleições na Venezuela. No entanto, ele ainda não reconheceu González como presidente eleito devido a implicações diplomáticas. González permanece asilado na Espanha desde 8 de setembro, após uma ordem de prisão emitida pela Justiça venezuelana.

A oposição na Venezuela, liderada por María Corina Machado, reivindica que González venceu as eleições com base em 80% das atas eleitorais obtidas e divulgadas online. No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), conhecido por seu alinhamento com o governo de Maduro, proclamou a vitória do atual presidente para um terceiro mandato consecutivo.

Alegando ataques cibernéticos, o CNE não divulgou detalhes da apuração. Além disso, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), também leal ao governo Maduro, confirmou sua vitória e proibiu a divulgação dos resultados eleitorais detalhados.

O clima de desconfiança em torno da reeleição desencadeou protestos violentos no país, resultando em 27 mortes, 192 feridos e mais de 2.400 detenções.

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