Assassinato brutal de youtuber iraquiana revela lacunas na legislação sobre "crimes de honra"
Marina Roveda Publicado em 10/09/2023, às 14h16
Tiba al-Ali, uma jovem youtuber iraquiana conhecida por seus vídeos alegres sobre sua vida, ganhou grande popularidade na plataforma. Ela iniciou seu canal aos 17 anos, em 2017, após se mudar do Iraque para a Turquia. Seus vídeos abordavam temas como independência, relacionamento com o noivo, maquiagem e outros. Tiba parecia feliz e seus vídeos atraíam dezenas de milhares de visualizações.
Em janeiro deste ano, ela retornou ao Iraque para visitar sua família e, lamentavelmente, foi assassinada por seu próprio pai. O assassinato não foi considerado "premeditado" e seu pai foi condenado a apenas seis meses de prisão.
A morte da jovem provocou protestos em todo o Iraque contra as leis relacionadas aos chamados "crimes de honra" e lançou luz sobre o tratamento das mulheres em um país ainda profundamente conservador.
Tiba havia construído uma base de seguidores online com mais de 20 mil assinantes, número que continua crescendo após sua morte. Seu pai, Tayyip Ali, não concordava com sua decisão de se mudar para outro país e se casar com seu noivo sírio, com quem ela vivia em Istambul.
Acredita-se que youtuber e seu pai tenham discutido quando ela voltou ao Iraque. Tayyip Ali a estrangulou até a morte enquanto ela dormia em 31 de janeiro e mais tarde se entregou à polícia.
Após o assassinato da youtuber, centenas de mulheres foram às ruas no Iraquepara protestar contra a legislação relacionada aos "crimes de honra". O Código PenalIraquiano permite que os autores desses crimes tenham suas penas reduzidas se alegarem provocação ou tiverem "motivos honrosos".
O porta-voz do Ministério do Interior do Iraque afirmou que Tiba e seu pai tiveram uma discussão acalorada durante sua estada no país e que a polícia tentou intervir um dia antes do assassinato. As autoridades iraquianas disseram que conduziram uma investigação completa e encaminharam o caso ao Judiciário para julgamento.
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