Haniyeh, de 61 anos, vivia no exílio entre a Turquia e o Catar e viajou para Teerã para assistir à cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masud Pezeshkian
por Marina Milani
Publicado em 31/07/2024, às 08h33
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã, conforme anunciado nesta quarta-feira (31) pela Guarda Revolucionária do Irã e pelo movimento islamista palestino. O Hamas atribuiu o ataque a Israel, em meio ao conflito contínuo na Faixa de Gaza que começou em outubro de 2023, desencadeado por um ataque inédito de seus combatentes ao sul de Israel.
"O irmão, o líder, o mujahedin Ismail Haniyeh, líder do movimento, morreu em um ataque sionista contra sua residência em Teerã após comparecer à cerimônia de posse do novo presidente iraniano", afirmou o Hamas em comunicado.
Haniyeh, de 61 anos, vivia no exílio entre a Turquia e o Catar e viajou para Teerã para assistir à cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masud Pezeshkian, na terça-feira (30).
A República Islâmica do Irã expressou sua indignação através de uma mensagem de Pezeshkian na rede social "X" (antigo Twitter), onde chamou Haniyeh de "líder corajoso" e prometeu que os "terroristas invasores lamentarão sua ação covarde". A Guarda Revolucionária do Irã confirmou em comunicado que Haniyeh e um de seus seguranças foram mortos no ataque, cuja origem ainda está sendo investigada.
A agência de notícias Fars reportou que Haniyeh foi "assassinado por um projétil aéreo". O Exército israelense não comentou as notícias sobre a morte do líder do Hamas.
A morte de Haniyeh provocou uma forte reação internacional, com muitos países como Turquia, China, Rússia e Catar condenando o assassinato e alertando para o risco de uma escalada do conflito. O Ministério das Relações Exteriores do Catar, que atua como mediador nas negociações para um cessar-fogo em Gaza, declarou que o assassinato "pode mergulhar a região no caos e minar as possibilidades de paz". A diplomacia turca chamou o ataque de "assassinato desprezível" e advertiu que a ação pretende ampliar a guerra em Gaza para uma dimensão regional.
Musa Abu Marzuk, membro do gabinete político do Hamas, afirmou que o "assassinato do líder Ismail Haniyeh é um ato de covardia e não ficará impune". Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, pediu aos palestinos que permaneçam "unidos, mantenham paciência e sigam firmes contra a ocupação israelense".
Ismail Haniyeh, filho de uma família que fugiu para Gaza quando o Estado de Israel foi criado, ingressou no Hamas desde sua fundação em 1987. Ele liderava politicamente o grupo desde 2017 e foi primeiro-ministro palestino após a vitória do Hamas nas eleições parlamentares de 2006. O apoio à causa palestina é um núcleo fundamental da política externa do Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, e o país celebra os ataques do Hamas contra Israel, embora negue envolvimento direto.
As hostilidades entre os movimentos pró-Irã e Israel têm aumentado desde o início da guerra em Gaza, com frequentes confrontos na fronteira entre o norte de Israel e o Líbano e ataques dos rebeldes huthis contra cidades israelenses. Na terça-feira (30), o Exército israelense atacou um reduto do Hezbollah no sul de Beirute, matando um comandante do grupo. O Hezbollah confirmou que Fuad Shukr, comandante militar do grupo, estava no edifício atacado, mas não mencionou sua morte.
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