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Haitiano cria vaquinha na internet para adotar menino que encontrou no lixo

A criança foi achada em condições precárias no meio de uma caçamba, no réveillon de 2018

Jimmy Amisial ao lado de sua mãe e do pequeno Emilio, que foi achado no meio do lixo quando era bebê - Imagem: Divulgação/Jimmy Amisial
Jimmy Amisial ao lado de sua mãe e do pequeno Emilio, que foi achado no meio do lixo quando era bebê - Imagem: Divulgação/Jimmy Amisial

Redação Publicado em 22/08/2022, às 10h51


Um jovem de 27 anos lançou uma campanha de arrecadação de dinheiro na internet para a adoção de um menino que ele encontrou, ainda bebê, coberto de formigas no meio do lixo, na cidade de Gonaives, no Haiti.

Em 2018, Jimmy Amisial, então com 22 anos, caminhava para uma festa de réveillon quando foi surpreendido com o choro de uma criança, que vinha de uma caçamba de lixo. Quando ele se aproximou, percebeu que havia um menino recém-nascido abandonado, que estava em condições precárias e coberto de formigas.

O rapaz imediatamente pegou o bebê e o levou para casa. "Ele estava em uma pilha de lixo chorando, e não havia uma única alma que quisesse fazer algo sobre isso. Quando eu o peguei, ele imediatamente parou de chorar", contou o haitiano, em entrevista à emissora norte-americana CNN.

Segundo Amisial, as pessoas ao redor da caçamba de lixo não se importaram que havia um bebê abandonado, porque acreditavam que a criança seria um problema, ou que estava amaldiçoada, pois estava com o corpo coberto de formigas.

Hoje com 27 anos, Amisial vive no Texas (EUA) onde trabalha e estuda. Quando encontrou o bebê, ele estava de férias da faculdade nos EUA.

Quando levou o menino para sua casa, Amisial e sua mãe cuidaram dele, o limparam e alimentaram. Em seguida, a polícia foi acionada e começou a investigar o abandono e o paradeiro dos pais do bebê. No entanto, após quatro meses de buscas, as autoridades não localizaram nenhum parente.

Mais tarde, o juiz responsável pelo caso perguntou a Jimmy Amisial se ele estava interessado em ser o guardião provisório do menino. O haitiano questionou sua capacidade para cuidar de uma criança, porque ele e a mãe já enfrentavam dificuldades financeiras.

“Depois que ele me fez essa pergunta, eu tive muitas noites sem dormir. Eu me revirei, mas minha mãe me lembrou que as coisas acontecem por um motivo”,explicou. “Eu sempre quis fazer parte de algo grande e para mim, esse foi o momento”.

Por outro lado, o que determinou a decisão de Amisial foi a lembrança de sua infância sem o pai. Ao pensar em seu passado e em como seria o futuro do menino, o jovem ficou determinado em ser o tutor definitivo dele.

O bebê recebeu o nome de Emilio Angel Jeremiah e ficou aos cuidados da mãe de Amisial, quando o hatiano precisou voltar para os Estados Unidos para concluir os estudos. Em 2019, ele decidiu começar o processo para a adoção formal de Emilio. No entanto, a partir desse momento, ele e a família enfrentaram muitos obstáculos para conseguir a guarda oficial da criança.

“No Haiti, é difícil fazer coisas por meio do governo. Quando comecei o processo parecia tudo bem, mas depois eles me pediram muito dinheiro, mas eu não tinha os fundos.”

Por isso que, desde julho de 2022, ele vem contando com uma campanha virtual para arrecadar fundos para viabilizar o processo.

De acordo com a agência de adoção All God’s Children International, o processo de doação de uma criança no Haiti custa mais de US$ 40 mil (cerca de R$ 206,8 mil), sem incluir passagem aérea, hospedagem e outras taxas associadas à viagem, como apontam as informações de seu site.

Amisial estabeleceu uma meta de US$ 60 mil (aproximadamente R$ 310.200) e, na última sexta-feira (19), ele havia arrecadado mais de US$ 79 mil (R$403.260).

"Eu tive que fazer o que tinha que fazer quando ninguém mais queria, e sou muito grato pelos últimos quatro anos e meio”, declarou.

Atualmente, o pequeno Emilio tem 4 anos e sonha em se tornar músico quando crescer. Amisial está determinado em conseguir a guarda definitiva do menino. Ele pretende voltar para a faculdade e concluir seus estudos. “Quero que ele seja feliz. Quero ensiná-lo a amar e quero que ele saiba que, embora tenha sido deixado sozinho, ele não está sozinho.”

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