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Guerra na Ucrânia: russos perdem empregos por opiniões contrárias à invasão

Para o professor de geografia Kamran Manafly, de 28 anos, tudo começou com uma postagem no Instagram.

Guerra na Ucrânia: russos perdem empregos por opiniões contrárias à invasão
Guerra na Ucrânia: russos perdem empregos por opiniões contrárias à invasão

Redação Publicado em 21/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h24


Para o professor de geografia Kamran Manafly, de 28 anos, tudo começou com uma postagem no Instagram.

“Não quero ser um reflexo da propaganda estatal”, escreveu ele na rede social, poucos dias antes de ela ser restringida na Rússia. “Eu tenho minha própria opinião! Muitos professores têm. E quer saber? Não é a mesma que a opinião do Estado.”

Ele se sentiu compelido a escrever o comentário após uma reunião de funcionários em sua escola secundária no centro de Moscou, na qual ele e seus colegas foram instruídos a conversar com seus alunos sobre a situação na Ucrânia — para não se desviar da posição do governo.

Duas horas depois de publicar, ele recebeu uma ligação do diretor da escola dizendo para apagar imediatamente a postagem ou deixar o emprego.

“Eu não queria apagá-lo”, disse Manafly à BBC. “Eu soube imediatamente que não havia sentido em discutir, então pensei que era melhor simplesmente pedir demissão.”

Quando chegou à escola no dia seguinte, esperando pegar suas coisas e assinar sua carta de demissão, ele foi impedido de entrar nas instalações.

“Eles disseram que tinham uma ordem para não me deixar entrar. As crianças começaram a sair para a rua para me apoiar, dizer adeus e assim por diante. Então alguém chamou a polícia e disse que eu estava organizando uma manifestação não autorizada”, relata.

Vídeos vistos pela BBC mostram as crianças se aglomerando ao redor de Manafly, aplaudindo, sorrindo e se despedindo.

Ele finalmente recuperou seus pertences e, no dia seguinte, conseguiu encontrar o diretor da escola, que solicitou uma explicação formal sobre por que o professor havia expressado suas opiniões políticas nas redes sociais. Manafly recusou, esperando pedir demissão de qualquer maneira, mas foi informado de que a situação havia mudado e ele seria demitido.

“Dois dias depois, fui informado de que havia sido demitido por comportamento imoral no trabalho”, disse Manafly. “Para mim, o mais estranho é que eles consideram a expressão de uma opinião pessoal ‘imoral’.”

O diretor da escola não respondeu a um pedido de comentário, mas em mensagens no WhatsApp às quais a BBC teve acesso, os pais da escola foram informados de que as postagens de Manafly nas redes sociais quebraram seu acordo de trabalho com seus empregadores, o que ele nega.

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G1
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