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Dilma nega financiamento de projetos russos

Rússia busca aliados para negociações e destaca aumento do uso de moedas locais no comércio entre os países do BRICS

Dilma Rousseff e Putin. - Imagem: Reprodução | Tass Host Photo Agency/Vladimir Smirnov
Dilma Rousseff e Putin. - Imagem: Reprodução | Tass Host Photo Agency/Vladimir Smirnov

Marina Roveda Publicado em 27/07/2023, às 08h20


O New Development Bank (NDB), cuja sede está em Xangai, está tomando uma decisão significativa ao se afastar da Rússia, o que acrescenta mais um obstáculo ao país em meio às amplas sanções internacionais e o isolamento econômico e financeiro que enfrenta. Fundado em 2015 pelos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o NDB anunciou que não pretende iniciar novos projetos na Rússia, devido às restrições financeiras e de capital impostas internacionalmente.

Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasile atual presidente do NDB, fez questão de compartilhar uma declaração em português em sua conta do Twitter, confirmando que o banco não tem planos para novos projetos na Rússia e reforçando o compromisso da instituição em cumprir as restrições financeiras e regulatórias globais.

Rousseff está presente em um encontro de dois dias na cidade russa de São Petersburgo, que começou na quinta-feira, de acordo com o comunicado do NDB. Na quarta-feira, ela também se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, conforme informou o Kremlin. Rousseff mencionou que pretende discutir com Putin "o papel do NDB na próxima Cúpula do BRICS".

Essa decisão do NDB de evitar novos projetos na Rússia amplia ainda mais o isolamento econômico e financeiro do país. Após a recente invasão da Ucrânia, diversos bancos russos foram banidos do sistema de mensagens SWIFT, sediado na Bélgica, que possibilita a comunicação global entre bancos para transações transfronteiriças. Esse banimento, somado à saída de empresas internacionais e grandes empresas de contabilidade, tem prejudicado consideravelmente as transações internacionais.

A Rússia, neste contexto, busca por aliados para negociações, e os países do BRICSestão entre suas opções. O grupo tem uma reunião agendada para o próximo mês na África do Sul. Embora tenha havido expectativas de que o BRICS estivesse desenvolvendo uma moeda comum para rivalizar com o dólar americano, conforme Putin indicou no ano passado, a Índia negou que o grupo estivesse trabalhando nessa iniciativa.

Na quarta-feira, durante a reunião com a líder do NDB, Putin não mencionou diretamente a ideia da moeda comum, mas destacou que o BRICS está aumentando o uso de suas moedas locais para facilitar as transações comerciais, como mencionado no comunicado divulgado pelo Kremlin.

Putin também aproveitou a oportunidade para criticar o dólaramericano enquanto parabenizava Rousseff por sua nomeação como presidente do banco em março deste ano. "Estou confiante de que, com base em sua vasta experiência no trabalho governamental e seu conhecimento nessa área, você fará todos os esforços para desenvolver essa instituição - o que considero essencial nos dias de hoje", afirmou Putin. "Nas condições atuais, isso não é fácil de se fazer, dadas as evoluções no cenário financeiro global e o uso do dólar como arma política."

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