Onda de calor já afeta quase mil pessoas e cientistas preveem aumento nas próximas semanas
por Marina Milani
Publicado em 25/05/2024, às 15h59
O México já contabiliza 48 mortes devido à intensa onda de calor que se iniciou em março deste ano, informou o governo nesta sexta-feira (24). Um relatório da Secretaria de Saúde, com dados até 21 de maio, revela que 956 pessoas foram afetadas de diferentes maneiras pelas temperaturas elevadas. A temporada de calor, que se estende até outubro, está se mostrando particularmente severa, com especialistas alertando para a possibilidade de novos recordes de temperatura nos próximos dias.
No ano passado, o México registrou um recorde de 419 mortes durante a temporada de calor, que durou quase oito meses. "Esta situação de calor é excepcional", declarou o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador. Segundo ele, as altas temperaturas, combinadas com a escassez de vento, agravam a poluição na Cidade do México. Os estados mais afetados são Veracruz, com 14 mortes, seguido de Tabasco, San Luis Potosí e Tamaulipas, cada um com oito mortes.
A Universidade Nacional Autônoma do México alertou que o calor pode aumentar nas próximas duas semanas, atingindo níveis históricos. Francisco Estrada, coordenador do programa de pesquisa sobre mudanças climáticas da universidade, afirmou que 2024 pode se tornar "o ano mais quente da História". Estrada destacou que este é um fenômeno global, com 47 países enfrentando temperaturas extremas devido ao aquecimento global.
A Cidade do México, com uma população metropolitana de cerca de 22 milhões de pessoas, já registrou dois recordes de calor: 34,2ºC em 15 de abril e 34,3ºC em 9 de maio. A intensa onda de calor resultou no aumento da poluição, levando ao esgotamento de sacos de gelo e garrafas d’água no comércio local. Em resposta, as autoridades decretaram estado de alerta em dias com altos níveis de poluição, restringindo a circulação de mais de 20% dos veículos.
Um dos episódios mais dramáticos dessa crise de calor foi a morte de dezenas de macacos nas florestas dos estados de Tabasco e Chiapas, onde as temperaturas superaram os 45ºC. Víctor Morato, diretor de um hospital veterinário em Comalcalo, Tabasco, relatou que os animais desmaiaram com o calor e caíram de árvores de 15 a 20 metros de altura. "Quando chegaram aqui, agonizando, estendiam a mão, como se pedissem ajuda. Isso me deixa com um nó na garganta", disse Morato, que atendeu oito animais com temperaturas corporais de até 43ºC.
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