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A enfermeira esquartejada por tratar membros da resistência em Mianmar

Decisão de Zarli Naing de ajudar resistência clandestina de Mianmar custou sua própria vida

Enfermeira Zarli Naing tinha 27 anos e ajudava a resistência em Mianmar - Imagem: Reprodução | Facebook
Enfermeira Zarli Naing tinha 27 anos e ajudava a resistência em Mianmar - Imagem: Reprodução | Facebook

Redação Publicado em 19/07/2022, às 08h38


No dia 14 de junho, perto das 13h (hora local), membros da organização voluntária Força de Defesa do Povo chegaram a um pedaço de terra entre duas aldeias na margem oeste do rio Chindwin, no centro de Mianmar, no Sudeste da Ásia.
Eles haviam sido alertados por um criador de vacas, que observou corvos vasculhando o que ele acreditava ser um cadáver humano. Os voluntários viram uma mão humana saindo da terra.
O corpo era de um jovem combatente do grupo, Wu Khong, que estava ferido e havia desaparecido durante um ataque do Exército, quatro dias antes. E, junto com ele na cova rasa, havia quatro outros corpos, esquartejados e queimados.
Pelas roupas, pelo seu relógio e por uma bolsa médica encontrada por perto, eles também identificaram a enfermeira Zarli Naing, de 27 anos, que havia vindo em 2021 para a região de Magway, no centro de Mianmar, para prestar assistência médica aos insurgentes e aos moradores locais.
Eles combatiam as forças armadas de Mianmar, que tomaram o poder em 1° de fevereiro de 2021, derrubando o governo eleito do país, liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
A partir de entrevistas com amigos e com a família de Zarli Naing, além de pessoas que a treinaram, moradores das aldeias próximas e combatentes com quem ela conviveu até sua morte, a BBC conseguiu construir um perfil dessa jovem brilhante e corajosa, cuja decisão de opor-se ao golpe militar acabou em tragédia.
E é também a história da dramática resistência contra a junta militar, formada pelas comunidades ao longo de uma grande faixa da zona árida de Mianmar — uma região pobre e exposta às secas.

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