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Weverton evitou festa do título e exigiu exame de Covid-19 para visitas em casa antes do Mundial

Álcool em gel. Distanciamento social. Uso de máscaras. Três temas muito abordados nesse período de pandemia. Uns seguem todas as recomendações e protocolos,

Weverton
Weverton

Redação Publicado em 06/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 20h56


Álcool em gel. Distanciamento social. Uso de máscaras. Três temas muito abordados nesse período de pandemia. Uns seguem todas as recomendações e protocolos, outros não.

O medo da Covid-19 não atinge apenas pessoas no grupo de risco, mas também atletas profissionais consagrados. Tanto que Weverton, goleiro do Palmeiras, mal pôde comemorar o título da Libertadores conquistado no último dia 30.

Weverton ainda é um dos poucos jogadores do elenco a passar ileso à pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 230 mil brasileiros desde março do ano passado. Portanto, mesmo com a maior glória da carreira por clubes, o goleiro evitou aglomerações e muita festa, pensando no novo objetivo: o Mundial de Clubes da Fifa.

– Desde quando acabou o jogo, estava preocupado, porque não peguei Covid e tem esse momento muito importante do Mundial agora. Eu preferi vir para casa, me cuidar nesse momento. A gente não pôde comemorar como gostaria por causa da pandemia, mas temos que nos cuidar e cuidar uns dos outros para que possamos passar por esse momento – declarou Weverton.

O cuidado do goleiro diante do cenário devastador da doença chama a atenção. Ainda ileso ao vírus, embora boa parte do elenco tenha sido contaminado (o Palmeiras chegou a ter 17 desfalques por Covid-19), o goleiro restringe o acesso à sua casa. Para visita-lo, é preciso portar um exame negativo nas mãos.

– Aqui em casa ninguém entra se não tiver o teste negativo. Não deixo ninguém entrar em casa se não conheço e sei que está se cuidando. Pegar Covid-19 não é bom, atleta então nem se fala, pois tem que ficar 10 a 12 dias sem treinar e em casa, sem poder fazer nada. É um prejuízo muito grande. Esse é um preço que tem que se pagar para alcançar os objetivos – declarou.

– Não comemorei como gostaria, já pensando no próximo passo, no próximo objetivo. É pagar o preço agora para colher os frutos lá na frente. Pude comemorar com a família e receber o carinho do torcedor de longe. Quando estava indo embora com o carro, viram que era eu e fizeram uma festa muito legal. É um reconhecimento do trabalho, mas a partir de agora é pensar no próximo objetivo –disse.

Weverton, goleiro do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Weverton, goleiro do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

O próximo objetivo é o Mundial de Clubes da Fifa no Catar, e Weverton (assim como todo o elenco) está liberado para atuar. A delegação do Palmeiras passou por testes de Covid-19 na última quinta-feira, e todos deram negativo para o primeiro desafio na competição.

No domingo, a partir das 15h (de Brasília), com transmissão da TV Globo, o Palmeiras encara o Tigres-MEX por uma vaga na decisão. Do outro lado da chave estão Bayern de Munique-ALE e Al-Ahly-EGI, que decidem o outro finalista. O título mundial está em jogo agora e gera todo cuidado possível de Weverton.

Confira mais do papo exclusivo com o Weverton:

ge: Como está o Weverton no pós-título de Libertadores?
Weverton: 
– Muita alegria. Dormi pouco no sábado, só lá para as 6h. Acordei eram 9h30, fui para o sofá e minha filha chegou pedindo ‘mamá’. Botei ela no colo e foi (risos). Depois preparei uma carninha com a minha mulher. Essa é a minha forma de comemorar, com a família. Sou apaixonado por futebol, então também gosto de ficar acompanhando os jogos.

O que passou na sua cabeça quando o Breno Lopes fez o gol?
–Agradeci muito a Deus porque não tinha hora melhor para sair o gol. Já tinha subido a placar de oito minutos (de acréscimo), já tinha tido a confusão (expulsão de Cuca) e rolado muito tempo. Sabia que faltava muito pouco para o fim. Assim que saiu o gol, nem teve tempo para muita coisa. Entrou o Felipe Melo e o Alan Empereur para fecharem a casinha. Era, tipo, não tem mais jogo. Aí deu mais dois minutos e acabou a partida. Você acha força de onde nem achava que tinha para segurar o jogo, e a gente está muito maravilhado. Quando acordei, pensei se não estava sonhando. Mas aí vi que estava em casa e que a gente tinha sido campeão da Libertadores. Foi uma noite mágica.

Como foi ver a recepção da torcida?
–Foi algo maravilhoso. A gente não esperava ter uma recepção dessa forma. A torcida feliz demais com o que aconteceu, pelo título. A gente só fica triste porque queria comemorar com mais vontade, abraçar o torcedor, ir no meio da galera, porque eles mereciam, mas a gente está vivendo esse momento (pandemia) e infelizmente não pode.

– Desde quando acabou o jogo, estava preocupado, porque não peguei Covid e tem esse momento muito importante do Mundial agora. Eu preferi vir para a casa, me cuidar nesse momento. Mas o torcedor fez uma grande festa e ficamos felizes por eles. A gente não pôde comemorar como gostaria por causa da pandemia, mas tem que se cuidar e cuidar uns dos outros para passar por esse momento.

Weverton comemora título da Libertadores com a filha — Foto: André Durão

Weverton comemora título da Libertadores com a filha — Foto: André Durão

É uma prova de quanto o Mundial é importante também, né? Afinal, você evitou participar da festa para se resguardar…
–Venho sempre pagando esse preço. Converso muito com a minha família, e aqui em casa ninguém entra se não tiver o teste negativo. Não deixo ninguém entrar em casa se não conheço e sei que está se cuidando. Pegar Covid-19 não é bom, atleta então nem se fala, pois tem que ficar 10 a 12 dias sem treinar e em casa, sem poder fazer nada. É um prejuízo muito grande. Esse é um preço que tem que se pagar para alcançar os objetivos.

– Não comemorei como gostaria, já pensando no próximo passo, no próximo objetivo. É pagar o preço agora para colher os frutos lá na frente. Pude comemorar com a família e receber o carinho do torcedor de longe. Quando estava indo embora com o carro, viram que era eu e fizeram uma festa muito legal. É um reconhecimento do trabalho, mas a partir de agora é pensar no próximo objetivo.

E esse objetivo está logo aí, né?
– A gente sabe que o torcedor do Palmeiras deseja muito isso, e a gente também. Mas não vejo como peso e sim como privilégio disputar um Mundial, estar entre os melhores do mundo. Era uma grande responsabilidade ganhar a Libertadores, e tiramos um peso das costas. A gente queria muito isso. A gente sabe o quanto vai ser difícil ganhar o Mundial. Vamos nos preparar bem nesses dias, focar no nosso objetivo e se Deus quiser marcar o nome mais uma vez na história desse gigante que é o Palmeiras.

Como é poder enfrentar o Lewandowski, cara que “só” fez 50 e poucos gols no ano….
– É um grande jogador, um cara que sabe fazer gols. A gente vai estudar e se preparar para tentar fazer o que sabe, que é evitar os gols. Não dá para pensar em Bayern antes de alcançar o objetivo que é passar da semifinal. O Bayern também tem adversário e tudo pode acontecer. Sabemos que nada é 100% certo no futebol. Não existe segurança daquilo que vai acontecer. É seguir com humildade, respeitando os adversários para focar naquilo que a gente tem que fazer.

Weverton faz defesa durante treino do Palmeiras em Doha para o Mundial — Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Weverton faz defesa durante treino do Palmeiras em Doha para o Mundial — Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Como o Maracanã tem sido especial na sua vida? Afinal, além da Libertadores, você ganhou o ouro olímpico defendendo um pênalti ali…
– Realmente, o Maracanã tem se tornado um estádio bastante especial na minha vida. Ganhar a medalha de ouro inédita para o futebol brasileiro e depois ser campeão da Libertadores com o Palmeiras no Maracanã, sem dúvida é um estádio muito especial para mim, que vai ficar eternizado na minha vida. Eu quero retribuir esse grande carinho lá dentro e marcar minha pele. Está na minha programação estar na minha pele o Maracanã, porque realmente os dois títulos mais importantes da minha história, da minha carreira, foram conquistados no Maracanã. Então isso é maravilhoso, estou muito feliz.

Então vai ter uma tatuagem nova?
– Estou tentando bolar um desenho. Ainda vou conversar com o tatuador. A minha ideia é que seja o Maracanã saindo, tipo a taça da Libertadores saindo do Maracanã, uma coisa mais trabalhada, desenhada para ficar eternizado o Maracanã e também a taça da Libertadores, que é muito linda.

Um lugar especial assim, merece, não é?
– 
Foi mais um dia especial. Poder ter minha família presente, minha esposa, meu irmão. Não tive minha mãe presente, ela não está mais aqui, mas com certeza estava presente lá na nossa memória. Tudo o que a gente faz, é com carinho e pensando nela, em tudo o que ela me proporcionou. Ela não esteve fisicamente lá, mas ela estava na minha memória e onde quer que esteja está muito feliz com o filho. A Olimpíada de 2016 foi muito marcante para ela, que tinha o sonho de ouvir o Galvão narrando uma defesa minha. Quando peguei o pênalti, o Galvão homenageou e falou: “Foi para a senhora, dona Josefa”. Aquilo marcou muito naquela época, pois minha filha estava na barriga da minha esposa.

– Agora tive a chance de poder comemorar com ela, foi um momento muito especial. A vida é assim, infelizmente uns se vão, mas outro vem para preencher esse espaço que ficou. Estou muito contente, muito feliz. É uma alegria muito grande voltar ao Maracanã, que está eternizado na memória e no meu corpo para o resto da vida.

Tem gente que estava na final e disse que você não trabalhou. É verdade?
– 
Trabalhei muito pouco. O que trabalhei na semifinal, valeu pela final também (risos). Foi um descanso, né? Muito feliz por ajudar nas vezes em que fui acionado, poder ajudar da forma que deu, com a experiência dentro de campo, em um dia de muito calor no Rio de Janeiro, muito difícil de jogar. Deus deu uma folguinha nessa final, pude só desfrutar desse momento, ver a equipe jogar muito bem, fazer um gol já nos últimos minutos.

Weverton defende o pênalti que deu o ouro ao Brasil no Maracanã — Foto: AFP

Weverton defende o pênalti que deu o ouro ao Brasil no Maracanã — Foto: AFP

Como foi o momento de levantar a taça?
– 
Muito especial. Confesso que estava a semana toda muito ansioso, e a gente via muitas imagens da taça nas redes sociais, pois a gente está sempre ligado, o nosso entretenimento de concentração é rede social. A gente sonhava em pegar naquela taça, naquelas orelhinhas dela, beijar, levantar. Quando chegou o momento, é um momento de realização, prazer, de ver que todo o esforço valeu a pena. Sabemos o quanto é difícil ser campeão da Libertadores, o quão difícil é chegar em uma decisão. Foi um momento mágico e que vai ficar marcado na minha vida.

Para o palmeirense foram 21 anos de espera…
– 
Conversamos muito no vestiário sobre isso. Estávamos tendo a oportunidade de chegar naquela decisão que o clube demorou 20, 21 anos para chegar de novo. Aquele era o nosso momento, tinha que ser a nossa hora. Se demorou 20 anos e se for a mesma proporção, não estaríamos mais jogando. Eu não estaria mais jogando. Ali era a nossa chance de entrar para a história, conquistar um título tão importante e marcar o nome na história de um clube tão grande como o Palmeiras. Isso nos marcou muito no vestiário e deu muita energia para que a gente pudesse marcar esse momento, não deixar para outra oportunidade. Deu certo.

Weverton evitou festas por um novo foco: o Mundial de Clubes com o Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Weverton evitou festas por um novo foco: o Mundial de Clubes com o Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Nos dois títulos, dois grandes goleiros. O Marcos quis oferecer a camisa 12, mas a 21 também está marcada, né?
– 
Sou um grande fã do Marcos. Tudo o que ele construiu aqui foi pela sua trajetória. O que mais ouvi nessa Libertadores, principalmente na semifinal, foi “que o espírito de São Marcos possa estar com você”. Pude fazer uma grande semifinal, ajudar o Palmeiras, e ele me prometeu, falou que queria me dar essa camisa como presente. Fiquei emocionado, porque é um grande ídolo para mim. Tenho falado que acho justa a homenagem de eternizar essa camisa para ele, porque não só ganhou a Libertadores, ele dedicou uma vida inteira a essa equipe, a esse clube e merece muito essa homenagem.

– Vestir a camisa 12 seria um dos maiores prazeres da minha vida, mas acho que respeitar essa grande homenagem que o clube fez a ele seria muito justo de minha parte. Quem sabe, eterniza a 21, porque já falei outras vezes que uso a 21 porque não dá para usar a 12. É 12 ao contrário. Espero que seja eternizada daqui a um tempo, quando eu encerrar a carreira. E espero que seja aqui no Palmeiras. Poder aposentar a 21 ao lado da 12 seria um dos momentos mais felizes da minha vida. Seria um grande prêmio por um serviço prestado a um grande clube como o Palmeiras. Mas ainda tem muita coisa para acontecer, muitos títulos para conquistar.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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