Entre 2010 e 2016, Nico Rosberg teve o privilégio e o desafio de correr ao lado dos dois heptacampeões da Fórmula 1, Michael Schumacher e Lewis Hamilton.
Redação Publicado em 18/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h20
Entre 2010 e 2016, Nico Rosberg teve o privilégio e o desafio de correr ao lado dos dois heptacampeões da Fórmula 1, Michael Schumacher e Lewis Hamilton. Apesar de não esconder os percalços que enfrentou com a dupla, o alemão não poupou elogios aos ex-colegas da Mercedes, especialmente Hamilton, com quem protagonizou uma intensa disputa em seus últimos anos no time.
– Michael era tão completo como piloto. Ele conseguia motivar toda a equipe e garantir que todos estavam ao seu lado. Ele conhecia todos pelo nome e te convidaria até para ir à casa dele para um passeio de bicicleta e coisas assim, mesmo sendo um heptacampeão com 800 milhões na conta bancária. Já Lewis é um talento extremamente natural. Puro talento. Ele é provavelmente o melhor de todos e seu instinto é fenomenal – comentou o campeão da Fórmula 1 em 2016.
Rosberg e Schumacher foram colegas na Mercedes entre 2010 e 2012, mas apesar de ter menos experiência, ele ficou na frente do heptacampeão nas três temporadas, tendo conquistado quatro pódios e uma vitória contra um único pódio de Schumacher.
Essa não é a primeira vez que o ex-F1 compara seus dois ex-companheiros. Dessa vez, porém, Rosberg pontuou as diferenças que observou em sua convivência com a dupla – e uma semelhança:
– Lewis odiava fazer testes. Michael, por outro lado, preferia percorrer esses quilômetros todos os dias, mesmo sendo heptacampeão, pois sabia que você sempre pode aprender alguma coisa. Realmente existe uma grande diferença entre eles, mas havia os jogos mentais.
O ex-piloto diferenciou, porém, os “jogos mentais” que enfrentou de Schumacher e Hamilton: do primeiro, relatou como era mantido sob pressão; do segundo, com quem teve um relacionamento mais conturbado, falou sobre a manipulação da opinião pública:
– Em Mônaco você só tinha um banheiro nos boxes. Uma vez Michael se trancou dez minutos antes do início da classificação, e ele sabe que todo piloto vai ao banheiro antes de entrar no carro. Fiquei em pânico. Lewis pode fazer esse jogo também, mas não é como se ele gastasse todo o tempo dele com isso. O que ele faz muito bem é a questão política e com a mídia. Depois de entrar em uma área cinzenta, de alguma forma, nunca é realmente culpa dele. É sempre culpa do adversário.
Hamilton e Rosberg eram amigos desde os tempos do kart, mas a relação começou a mudar ainda em 2014, início da dominância da Mercedes na era dos motores híbridos da F1. O desentendimento que começou na classificação do GP de Mônaco culminou em conflitos e até colisões na pista.
O ex-F1 se recordou de uma ocasião na qual crê que Hamilton tenha tentado “puxar seu tapete”; apesar de não especificar, a descrição se assemelha com a classificação do GP da Hungria de 2016, quando um incidente com Fernando Alonso acionou as bandeiras amarelas no Q3 e Rosberg completava sua última volta.
O alemão chegou a ser investigado, mas a direção da prova considerou que o piloto do carro 6 da Mercedes desacelerou o suficiente, conclusão que não deixou Hamilton satisfeito na época.
– Certa vez, consegui a pole em uma classificação na qual agitaram a bandeira amarela durante minha volta rápida. Ele não falou, “Vocês precisam dar uma outra olhada na volta de Nico porque ele correu sob bandeira amarela”, mas disse: “Bem, só vim perguntar se também posso fazer isso da próxima vez na classificação”, e eu fui prontamente chamado pelos comissários – lembra Rosberg.
Apesar de não ter tido vida fácil com Schumacher e sobretudo Hamilton, que acabou vencendo a prova húngara e retomando temporariamente a liderança do campeonato em questão, Rosberg torce pelo sucesso do antigo rival no momento atual da F1:
– Lewis também merece o octacampeonato, e está tudo bem se ele tiver sucesso. Cada vez mais, vejo o quão rápido ele é, e fico ainda mais orgulhoso por tê-lo vencido no mesmo carro.
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Globo Esporte
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