Patrick Mouratoglou é um dos grandes nomes do mundo do tênis. Fundador da Mouratoglou Tennis Academy, localizada na França, há 25 anos, o francês de
Redação Publicado em 29/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h27
Patrick Mouratoglou é um dos grandes nomes do mundo do tênis. Fundador da Mouratoglou Tennis Academy, localizada na França, há 25 anos, o francês de ascendência grega está prestes a completar 10 anos treinando ninguém menos que a norte-americana Serena Williams, campeã de 23 Grand Slams. Além disso, ele também atua na preparação de outros grandes tenistas, que optam por treinar em sua academia. Nesse mês, o exeperiente trenador veio ao Brasil pela primeira vez, chegou a bater bola com o cantor Thiaguinho em São Paulo, e falou sobre a sua vontade de ajudar de alguma forma o tênis brasleiro.
Dono de dicas táticas diferenciadas na instrução dos atletas, o experiente técnico influencia milhares de pessoas em suas redes sociais e é unanimidade quando se fala em excelência de performance dentro da quadra. Na visita ao Brasil, Mouratoglou concedeu entrevista exclusiva ao ge e disse ter se encantado com a recepção das pessoas e com a maneira que foi tratado. O francês de 51 anos aproveitou a estadia no país para conhecer também a periferia de São Paulo. De acordo com ele, seu desejo era lidar com “todas as faces” brasileiras, não só a que é vendida para os turistas.
– Estou gostando muito, as pessoas são receptivas, estou sendo muito bem tratado. Gostei de conhecer a cidade, não só o lado bonito, mas também a realidade. Vim para cá com esse desejo, de conhecer toda a realidade no país, e está sendo uma experiência bem legal – disse.
Mouratoglou não escondeu o desejo de retornar, mas manteve cautela quando questionado se existia a possibilidade de trazer o projeto de sua Academia para o Brasil. Mas foi só elogios ao Gustavo Kuerten, o Guga, maior tenista brasileiro da história, e disse que pretende ajudar o tênis do país da forma que puder.
– Com relação a trazer o projeto para cá, não sei, quem sabe, mas primeiro é importante vir, conhecer, saber como as coisas são aqui, para depois pensar lá na frente. Mas com certeza adoraria ajudar da forma que pudesse. Gostaria muito de ajudar o tênis brasileiro. Vocês tiveram um dos melhores tenistas da história, Guga, que principalmente em Paris é muito aclamado, já que ganhou três Grand Slams. Então, gostaria de ajudar o tênis brasileiro da forma que fosse possível – afirmou.
Muitos não sabem, mas o primeiro tenista que ele treinou foi o cipriota Marcos Baghdatis, agora aposentado, que era marcado pelo temperamento explosivo dentro de quadra, mas sempre foi muito querido dentro do circuito.
Mouratoglou comentou sobre a relação dos dois e revelou os erros cometidos, que serviram para ajudar na maturidade e no aprendizado. De acordo com Patrick, Baghdatis foi um desafio enorme em sua caminhada dentro do tênis. Sob a batuta do treinador, o grego atingiu a decisão do Australian Open, em 2006, perdendo para o suíço Roger Federer por 3 sets a 1, de virada
– Era como uma relação de pai e filho. O conheci quando ainda era criança, estava longe da família e inclusive dava carona para ele ir treinar, dirigia por 45 minutos. Acompanhei sua evolução e, mais tarde, me tornei treinador. Foi como uma relação de pai e filho, mais do que de treinador, e isso foi perigoso. No Australian Open de 2006, foi onde me assustei, olhava para ele e via ele jogando no mesmo nível que os melhores do mundo. Na semifinal, contra o Nalbandian, olhei e pensei “ele está vencendo o Nalbandian em uma semi de Grand Slam”, fiquei espantado – disse.
– Naquele ano ele também fez semifinal em Wimbledon. Mas a partir daí começamos a ter alguns problemas. Eu via nele um potencial para ir muito além, mas ele não queria. Não queria trabalhar para isso, então tivemos alguns desentendimentos na relação, que por ser como uma relação de pai e filho acaba deixando as coisas mais complicadas ainda. Esse tipo de relação é um erro que não cometo nunca mais – completou.
Mouratoglou também comentou sobre seu trabalho com Serena Williams. Juntos desde setembro de 2012, os dois conquistaram 10 títulos de Grand Slam (três Wimbledon, três US Open, dois Roland Garros e dois Australian Open), além de uma medalha de ouro olímpica em simples. A norte-americana, que vinha em queda, voltou ao topo do ranking. Sem dúvidas, uma parceria de sucesso.
Serena, porem, não vem conseguindo repetir os resultados nos últimos anos – ela não vence nenhum Major desde 2017. Passando por lesões que prejudicaram seu desempenho recentemente, a tenista de 40 anos tornou-se uma incógnita para o circuito. Perguntado sobre o retorno da norte-americana, Mouratoglou disse que o futuro “só depende dela”.
– Sim, foram títulos importantes (os Slams conquistados). Foi um trabalho muito bem feito ao longo desses dez anos de parceria. Com relação ao retorno ao circuito, não sei. Não é fácil, ela é uma jogadora de 40 anos, teve problemas com lesão recentemente, mas depende só dela. Acredito que só depende dela. Do que ela ainda quer como tenista, do que ela almeja atingir. Estou esperando ela vir até mim e dizer isso, quais os objetivos dela. Óbvio que as lesões atrapalham, até nos treinamentos e na normalidade que eles ocorrem, mas ela é uma das melhores e depende principalmente dela. Minha função é ajudar os atletas e conseguir tirar o melhor deles, então estou aqui para isso – destacou.
Além de Serena, Mouratoglou acompanha Stefanos Tsitsipas, número 3 do mundo e um dos tenistas tops do circuito, mas que ultimamente vem se envolvendo em polêmicas dentro das quadras – foi criticado por Murray e Zverev por conta da demora no vestiário e pelo coach por parte de seu pai e treinador, Apostolos Tsitsipas.
O treinado evitou comentar sobre essas situações delicadas que o grego se envolveu recentemente, mas fez questão de enaltecer o potencial que ele tem para evoluir como profissional para, quem sabe, se tornar o melhor do mundo algum dia.
– Venho acompanhando o Stefanos desde que ele tem 15 anos de idade. A vontade dele, a competitividade que ele tem, são coisas fantásticas. E ele ainda tem muito para evoluir, muito para melhorar. É um garoto fantástico, já é número 3 do mundo, mas com certeza pode atingir coisas muito maiores em sua carreira – concluiu.
Mouratoglou é um exemplo de como utilizar os recursos para trazer o tênis para a vida das pessoas. Não só em sua academia ou diante dos tenistas mais famosos, mas também para os jovens que sonham em jogar profissionalmente um dia, ou para aqueles que veem o esporte como um mecanismo de inclusão social.
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Globo Esporte
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