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João Victor vê Corinthians entre melhores do Brasil e avisa: “Quero conquistar um título antes de sair”

Um dos destaques do Corinthians em 2021, João Victor faz planos ambiciosos para o ano que começa. O zagueiro vê o Timão no mesmo patamar dos melhores times do

João Victor vê Corinthians entre melhores do Brasil e avisa: “Quero conquistar um título antes de sair”
João Victor vê Corinthians entre melhores do Brasil e avisa: “Quero conquistar um título antes de sair”

Redação Publicado em 02/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 17h51


Um dos destaques do Corinthians em 2021, João Victor faz planos ambiciosos para o ano que começa. O zagueiro vê o Timão no mesmo patamar dos melhores times do Brasil e confia na conquista de pelo menos um título em 2022.

Levantar um troféu, aliás, é uma condição imposta para João Victor para deixar o Brasil. Ele admite o sonho de jogar na Europa, mas não quer sair do Corinthians antes de ser campeão.

Nessa entrevista ao ge, o defensor de 23 anos fala sobre seu futuro no Timão, comenta os planos para a carreira e conta bastidores do elenco alvinegro, como por exemplo os animados campeonatos de pôquer na concentração.

João Victor, zagueiro do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag Corinthians

João Victor, zagueiro do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag Corinthians

Como avalia a sua temporada? 2021 foi o grande ano da sua carreira?
–Eu já tinha jogado um Brasileiro pelo Atlético-GO, fui muito bem, mas não tive a mesma visibilidade do Corinthians. A repercussão que tem o meu futebol agora é muito maior. Venho de dois anos muito bons, no Atlético-GO também tive uma grande sequência, acho que foram 32 (jogos). E no Corinthians foram 47 no total, no Brasileiro foram 36, se não me engano. Fico muito feliz, as oportunidades que pude ter eu consegui aproveitá-las, fico feliz com a ajuda de todos do Corinthians, que vêm conversando comigo para manter o foco. Espero que 2022 seja ainda melhor.

Recorde um pouco a sua trajetória. Consegue estabelecer um momento de virada?
– Eu consigo traçar desde o começo. Saí daqui (em 2019) e fui para a Inter de Limeira com o pensamento que iria sair não para um empréstimo qualquer, iria sair para voltar com grandes possibilidades de ser titular da equipe do Corinthians. Quando estava jogando o Paulista e surgiu a possibilidade de ir para o Atlético-GO, eu pensei: poxa, chamou a atenção de alguém, tem alguém me olhando. Fui para o Atlético-GO e consegui fazer um bom ano lá, foram quase oito meses. Quando tem a vinda do Mancini para o Corinthians, aí eu realmente senti que tinha mais chances ainda. Ele é um cara que gosta bastante de mim, me dava muita oportunidade no Atlético-GO. Aí pensei: pelo que estou jogando, estou merecendo e tem um cara que gosta de mim, as coisas são mais fáceis para conseguir o que quero. Ele tentou me chamar antes do final do Campeonato Goiâno, mas eu já tinha feito o limite de jogos, não conseguia voltar. Fui campeão goiano e aí voltei a Corinthians.

– Estava com a expectativa lá em cima. Logo no começo não tive oportunidades, fiquei no banco e surgiu uma oportunidade na lateral. O Fagner foi desfalque, e o Mancini, como já tinha trabalhado comigo como lateral, me deu oportunidade nesses jogos, acho que foram três. Consegui aproveitar bem as chances e, quando surgiu a oportunidade na zaga, falei: é a chance da minha vida, preciso agarrar porque talvez não tenha mais. Daí em diante foi só progresso.

Depois do Paulista, o Mancini saiu e o Sylvinho foi contratado. O que você sentiu? Ele te conhecia bem?
– No começo não sei se ele demonstrou conhecer muito, mas ele estudou todos os jogadores quando veio para cá. Eu vinha como titular, mas no primeiro momento ele optou pelo Raul e pelo Gil, eu saí logo no primeiro jogo. Aí teve um jogo do Brasileiro em que o Raul, infelizmente, cometeu um erro e saiu o gol. Eu já vinha treinando bem e, então, ele me deu oportunidade. O Sylvinho é um cara que eu tenho que agradecer muito. Ele vem me dando oportunidade. Lógico que tenho meus méritos, mas é um cara que confia muito em mim, conversa direto comigo, praticamente duas ou três vezes na semana, falando dos jogos, o que posso melhorar, o que acertei e errei, dá muita dica para mim. Tenho total respeito por ele, acho que evoluí muito com ele, ele me ensina bastante nos treinamentos, me dá muita dica, também foi um grande jogador, jogou em grandes clubes, com grandes jogadores, sabe muito mais do que eu, tem mais experiência e fico feliz com ele.

Pode contar um pouco dessas dicas?
– Uma das coisas é que eu tenho muita autoconfiança, acho que vou ganhar todos os lances, independente do jogador (adversário). Ele fala para eu sempre confiar desconfiando, que o atacante sempre vai tentar pensar na minha frente, então para me precaver, não tentar conduzir muito a bola, conduzir só no momento certo. Esses toques são fundamentais. O lance em que o Raul errou e acabou fazendo ele sair da equipe foi uma bola que ele conduziu muito, entendeu? Daí o Sylvinho fala: “João, evita fazer tal coisa, depois de você é só o goleiro, não tem como errar ali atrás, na zona de segurança”. Toques assim, para não cometer erros que podem ser cruciais.

De onde vem essa capacidade de conduzir a bola e jogar de cabeça erguida?
– Essa capacidade surgiu na escolinha, eu era volante, não comecei como zagueiro. Isso facilitou um pouco para eu conseguir jogar na zaga. E também uma pessoa que me ajudou bastante foi um treinador da base, o Eduardo Barroca, é um cara que nos treinos falava que era proibido dar chutão, era para conduzir para frente, dar dois toques. Ele tem parte fundamental nessa minha evolução e nessa facilidade que eu tenho de sair jogando, sem dar chutão.

Tem algum jogador em quem você se inspira? Costuma ver vídeos de algum zagueiro?
– Na verdade, não assisto jogo nem vídeo de ninguém, é difícil eu assistir jogo. De tanto que joga, a gente fica enjoado. Mas tem zagueiros nos quais me inspiro. O que mais sou fã é o Sérgio Ramos, ele tem uma história muito bonita, tanto pela seleção quanto pelos clubes que passou. Mas, atualmente, o melhor zagueiro é o Marquinhos, do Paris Saint-Germain. De vez em quando eu assisto a jogos dele, mas é raro eu pegar para ver vídeos.

Zagueiro Marquinhos é inspiração para João Victor — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Zagueiro Marquinhos é inspiração para João Victor — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Quer dizer que futebol é só profissão? A rotina de jogos, treinos e concentrações cansa?
– Não é que enche o saco. A gente, quando é novinho, tem uma paixão totalmente diferente de quando você entra no meio. Quando era novinho e não tinha empresário… Não que o empresário faça você jogar, mas faz diferença quando você é de escolinha. Eu passei por muitas coisas em peneira, ia muito bem e, às vezes, um cara pior entrava no meu lugar. Eu fui perdendo um pouco essa paixão pelo futebol, sabe? Levo muito como trabalho, penso em dar uma vida boa para minha família, meu filho que nasceu. Foco muito nisso. Mas, sem dúvida, é uma paixão, amo fazer o que faço. Mas quando você está lá e entra no meio do futebol, vê que é um pouco complicado e perde um pouco essa paixão.

Você falou do seu filho. Quantos anos ele tem?
– Ele tem 11 meses, vai fazer um ano em janeiro. Se chama Miguel.

Como está sendo essa vida de pai?
– 
Minha mulher ficou grávida quando eu estava em Goiânia, só fui ver o nascimento dele e, no mesmo dia, tive que ir embora para concentrar e jogar no próximo dia. É muito bom ter um filho, chegar do treino e do jogo e ele estar lá sorrindo para você, não tem como explicar. Mas foi um pouco difícil também, a gente teve jogos um em cima do outro, ficava concentrado e não tinha tempo para ele. Nas férias estou aproveitando o tempo com ele. Mas no começo foi difícil, minha mulher também é mãe pela primeira vez, ficava sozinha, sempre que dava a mãe dela ou a minha iam e ajudavam um pouco. Mas agora a gente acostumou, ele já tem praticamente um ano, já estamos sabendo lidar com essas situações.

Voltando a falar de futebol, seu bom desempenho despertou o interesse de clubes do exterior. O que dá para falar sobre seu futuro? Vai ficar no Corinthians até o fim de 2022, pelo menos?
– Eu espero jogar o tempo do meu contrato total (até dezembro de 2023). Sei que podem surgir propostas, se for algo que chegue a agradar o clube e a mim, aí penso em sair. Mas se for algo que só agrade a mim ou só ao clube, não quero sair. Quero conquistar um título pelo Corinthians, a torcida merece, por todo apoio que dá a mim, toda a energia que manda, devo isso a ela. Eles sempre me apoiaram, quero conquistar um título pelo clube antes de sair, nesse Paulista estamos mais fortes do que nesse ano, chegaram peças de nome, experientes, que farão com que a gente já brigue no Paulista. E também buscar a Libertadores, o sonho de qualquer jogador no Brasil, um campeonato desejado por todas as equipes. Jogar a Libertadores vai ser algo novo para mim, espero que seja positivo e, já no primeiro ano, eu consiga alcançar esse objetivo.

Você fala em cumprir seu contrato até o fim. Depois tem o sonho de jogar na Europa?
– Sim, estou feliz no Brasil, mas tenho essa meta de jogar fora do país, é algo que todo jogador pensa e sonha, jogar uma Champions League, Campeonato Inglês, Italiano, Espanhol. Todo jogador tem esse sonho. E espero também conquistar, tudo no tempo de Deus. Quero ficar um bom tempo ainda no Corinthians, até acabar meu contrato, quero conquistar títulos e também jogar fora do País. Mas outra coisa: não quero ir só por ir, quero ir para ser protagonista, não ficar no banco ou essas coisas. Tenho que amadurecer mais algumas coisas para chegar lá e realmente chegar com possíveis chances de jogar.

Tem uma liga de preferência?
– Não tem nenhuma liga que me atraia muito, eu gosto muito do Campeonato Inglês porque é competitivo. Sou um cara que odeia perder, acho que lá eu ia brigar muito para ganhar. Mas qualquer campeonato, desde que seja um clube que tenha um planejamento bom, um projeto bom para mim, eu iria sim.

Como vê essa procura do Corinthians por um zagueiro nessa janela de transferências?
– É muito bom. Sempre a concorrência faz você evoluir cada vez mais. Vou continuar trabalhando, me dedicando para manter esse posto de titular da equipe.

– Independentemente de quem chegar, vai ter que correr bastante para roubar meu lugar lá, vou dar minha vida, não vai ser fácil.

João Victor firmou-se como titular da zaga do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

João Victor firmou-se como titular da zaga do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Como é sua relação com o Gil, seu companheiro de zaga?
– O Gil é como se fosse um paizão dentro de campo, compra briga dentro de campo, me dá conselhos fora de campo. Mas não só isso, é brincalhão, está sempre de bem com a vida, conversando com todo mundo. A gente sempre sai junto para almoçar e jantar, tenho o prazer de conhecer ele, é um cara que me ajudou dentro e fora de campo, também como pessoa, desejo todo sucesso do mundo para ele, sei que ele deseja o mesmo para mim.

Ele é um dos jogadores de quem você é mais próximo no elenco?
– Ele não é meu maior parceiro, mas é um dos. Meus maiores parceiros acabam sendo os que eram da base e subiram comigo, temos uma afinidade grande, mais liberdade do que com os medalhões. Meus maiores parceiros são Piton, Mantuan, Roni, Raul… Mas também tem o Fábio Santos que é resenha, o Gil, o Renato, que é outro parceiro, Mosquito, que é um pouco mais jovem, Xavier… Todo mundo é parceiro, mas os que eu mais converso mesmo são o Mantuan e o Piton, os que eu troco mais ideia.

Como tem sido a relação com os veteranos? Se sente à vontade ao lado de jogadores que já disputaram Copa do Mundo?
– Eu sou um cara de muita personalidade, às vezes xingo, falo o que for. Depois penso: estou dando dura no cara que tem de carreira o que eu tenho de idade. Mas faz parte, no futebol temos que nos impor dentro de campo, mesmo com os mais velhos, temos que demonstrar o que a gente pensa. Eles entendem da melhor forma, não queremos prejudicar ninguém, eles já têm a carreira feita. Às vezes discutimos até, mas faz parte, ninguém quer perder, buscamos o melhor para a equipe.

Já que você não gosta de ver futebol, o que faz no tempo livre?
– Quando estou em casa, sempre escuto música, gosto de pagode, sertanejo mais ainda. Fico com minha mulher, meu filho brincando, ou dou uma cochilada, gosto de dormir também. Fora isso, a gente joga bastante até no clube, é pôquer. Queria até falar que sou o melhor entre eles, sem dúvida alguma (risos).

Vocês apostam?
– Vale dinheiro. A gente só joga com dinheiro. Não muito, mas um valor bom.

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Globo Esporte

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