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Destaques da NBA negam vacina, e polêmica ganha força a três semanas do início da temporada

A temporada 2021/2022 da NBA começará no dia 19 de outubro, ou seja, em 20 dias o melhor basquete do mundo retorna. Esse momento deveria ser de discussões

Destaques da NBA negam vacina, e polêmica ganha força a três semanas do início da temporada
Destaques da NBA negam vacina, e polêmica ganha força a três semanas do início da temporada

Redação Publicado em 29/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h50


Liga afirma que 90% dos jogadores já se imunizaram, mas o grupo de 10% inclui estrelas que têm suas vozes amplificadas nesse debate

A temporada 2021/2022 da NBA começará no dia 19 de outubro, ou seja, em 20 dias o melhor basquete do mundo retorna. Esse momento deveria ser de discussões sobre os times, favoritos ao título, jogadores que prometem se destacar, mas o grande tópico no momento é outro: vacinação.

A liga afirma que 90% dos atletas estão imunizados. O Centro de Controle de Doenças dos EUA anunciou na última quinta-feira (23) que 55% da população americana está vacinada, ou seja, a proporção dentro da NBA está em um patamar superior ao do resto do país. Esses 10%, no entanto, têm suas vozes amplificadas por contarem com nomes importantes do esporte.

Kyrie Irving encara o TD Garden lotado de torcedores do Boston Celtics — Foto: Nathaniel S. Butler/NBAE via Getty Images

Kyrie Irving encara o TD Garden lotado de torcedores do Boston Celtics — Foto: Nathaniel S. Butler/NBAE via Getty Images

Jogadores não-vacinados podem desfalcar times

A NBA afirma ter feito proposta para tornar a vacina obrigatória entre os atletas, mas o sindicato teria recusado. Mesmo sem essa regra, a liga ainda precisa respeitar as leis locais, que se tornam fatores importantes especificamente em duas cidades: Nova York e São Francisco.

A cidade de São Francisco exige que todos os indivíduos com 12 anos ou mais tenham completado suas imunizações para participarem de eventos em locais fechados. Isso se aplica ao Chase Center, casa do Golden State Warriors, e a um nome em especial: Andrew Wiggins.

Wiggins entrou com requerimento para ser isentado da exigência citando motivo religioso, mas o pedido foi negado. Dessa forma, o ala canadense não poderá jogar as partidas com mando dos Warriors enquanto não se vacinar. Segundo a NBC Sports, cada jogo que ele não entra em quadra poderá custar a perda de US$ 350 mil (R$ 1,9 milhão) em salários.

Andrew Wiggins pode desfalcar Warriors nos jogos realizados na arena da equipe — Foto: Ezra Shaw/Getty Images

Andrew Wiggins pode desfalcar Warriors nos jogos realizados na arena da equipe — Foto: Ezra Shaw/Getty Images

A possível ausência do jogador nas partidas realizadas no Chase Center foi um assunto quente no dia de eventos com a imprensa dos Warriors. Stephen Curry, maior estrela da equipe, disse torcer para que Wiggins esteja disponível.

– No final do dia, depende dele. Não é segredo. Nós obviamente esperamos que ele tenha todas as informações corretas e acesso aos recursos corretos para perguntar todas as perguntas para tomar a decisão. Nós torcemos para que ele esteja disponível e que siga na direção correta. Minha opinião é óbvia, eu tomei (a vacina) e estou pronto para estar disponível, seguindo as regras e tudo mais – disse Curry.

O documento de 65 páginas com os protocolos da NBA contra a Covid para a temporada inclui restrições bem diferentes para jogadores vacinados e não-vacinados. Segundo o “The Athletic”, aqueles que não se imunizarem não poderão fazer refeições em locais fechados com os outros atletas, precisarão manter distanciamento em reuniões, usar armário distante dos outros no vestiário e precisarão ficar em casa ou no hotel durante a temporada, sem poder frequentar locais públicos.

Uma diferença que poderá trazer grande impacto esportivo são os casos de contato com pessoa que testou positivo para Covid. Os vacinados não precisarão de quarentena nesse caso, enquanto os não-vacinados precisarão ficar afastados por até uma semana mesmo que o exame dê resultado negativo.

Kyrie e as teorias da conspiração

Kyrie Irving faz parte dessa minoria barulhenta. O armador concedeu a entrevista coletiva nesta segunda-feira pela internet e quando perguntado sobre o seu status em relação à vacinação, afirmou querer manter sua decisão privada.

A sua ausência no evento presencial com a imprensa, no entanto, evidencia que ele não está imunizado, afinal a cidade de Nova York não permite que indivíduos não-vacinados participem de eventos em locais fechados. Isso o coloca na mesma situação de Andrew Wiggins, sem poder jogar as partidas com mando de quadra do Brooklyn Nets.

Kyrie Irving disputa bola com Julius Randle — Foto: Al Bello/Getty Image

Kyrie Irving disputa bola com Julius Randle — Foto: Al Bello/Getty Image

Não se trata apenas de uma das maiores estrelas da NBA, afinal o armador é um dos vice-presidentes do sindicato dos jogadores da liga. Enquanto o presidente CJ McCollum, astro do Portland Trail Blazers, usa a sua conta no Twitter para ressaltar que 90% dos atletas já estão vacinados e pedir que “parem de dar espaço para a minoria anti-vacina na NBA falar alto e errado”, Kyrie vai na direção oposta.

Segundo artigo da “Rolling Stone”, Irving segue conta no Instagram de uma pessoa conhecida por compartilhar teorias da conspiração contra vacinas. Esse tipo de informação falsa, como as que afirmam que as doses dos imunizantes contém microchips, chegou nos grupos de mensagens de jogadores e outras pessoas que trabalham na liga.

– Isso é responsabilidade do Kyrie. É sua decisão pessoal. O que ele faz não cabe a nós especularmos o que pode acontecer, mas confiamos em Kyrie e espero que nosso time esteja completo em algum ponto – disse Kevin Durant durante o media day dos Nets.

Segundo o "Yahoo", a expectativa é que Kevin Durant consiga convencer Kyrie Irving a se vacinar — Foto: Sarah Stier/Getty Images

Segundo o “Yahoo”, a expectativa é que Kevin Durant consiga convencer Kyrie Irving a se vacinar — Foto: Sarah Stier/Getty Images

Corte da seleção olímpica não muda opinião de Beal

Bradley Beal é um dos melhores alas da NBA e foi reconhecido como tal ao ser convocado para defender a seleção dos Estados Unidos nas Olimpíadas de Tóquio. Faltando poucos dias para embarcar, o jogador dos Wizards acabou cortado após testar positivo para Covid, ficando fora do time que conquistaria o ouro.

Perder a oportunidade de ser campeão olímpico aparentemente não é motivo suficiente para Beal mudar sua posição em relação à vacina. Na apresentação para a imprensa do Washington Wizards, o ala afirmou não ter se vacinado contra a doença citando motivos pessoais. Ele disse que ainda considera se imunizar.

Bradley Beal chegou a participar da preparação dos EUA para as Olimpíadas, mas foi cortado dias antes do embarque para Tóquio — Foto: Ethan Miller/Getty Images

Bradley Beal chegou a participar da preparação dos EUA para as Olimpíadas, mas foi cortado dias antes do embarque para Tóquio — Foto: Ethan Miller/Getty Images

Jonathan Isaac, ala-pivô do Orlando Magic, foi outro nome que precisou responder muitas perguntas sobre a sua posição.

– Acredito que o status de vacinação de todas as pessoas deveria ser sua escolha pessoal, completamente sem bullying, pressão ou ser forçado a isso. Não tenho vergonha de dizer que não me sinto confortável para me vacinar nesse momento – disse Isaac.

King James se vacina, mas se esquiva de responsabilidade

Nem LeBron ficou de fora da sabatina sobre vacinação. Perguntado sobre o tópico em entrevista nesta terça-feira, o jogador do Los Angeles Lakers admitiu ter sido cético em relação aos imunizantes no início, mas no fim decidiu que era melhor se vacinar. O astro, no entanto, define a sua escolha como pessoal.

– Eu posso falar apenas sobre mim mesmo. Todos têm suas escolhas para fazer o que sentem ser o certo para eles mesmos e suas famílias. Eu era cético sobre isso tudo, mas após fazer a minha pesquisa senti que era o melhor não só para mim, mas para a minha família e amigos por isso decidir fazer. Não falo sobre outras pessoas e o que elas devem fazer, falo por mim e a minha família – disse LeBron.

LeBron James no media day do Los Angeles Lakers antes do início da temporada 21/22 — Foto: Harry How/Getty Images

LeBron James no media day do Los Angeles Lakers antes do início da temporada 21/22 — Foto: Harry How/Getty Images

Enquanto James se limita a classificar a decisão como pessoal e não quer se envolver para incentivar outros a se vacinarem, uma outra lenda da NBA foi mais incisiva. Em entrevista à “Rolling Stone”, Kareem Abdul-Jabbar defendeu a expulsão de jogadores e funcionários que não se imunizaram.

– A NBA deveria insistir que todos os jogadores e funcionários se vacinem ou então removam eles do time. Não há espaço para jogadores que aceitam arriscar a saúde e a vida dos seus companheiros de equipes, staff e fãs simplesmente por não serem capaz de entender a seriedade da situação ou fazer a pesquisa necessária – disse Kareem.

A NBA já sai perdendo quando as conversas a três semanas do retorno da liga estão centradas no status da vacinação de jogadores, ao invés da expectativa para a temporada que se aproxima. Além disso, o produto em quadra pode ser seriamente afetado pela ausência de nomes importantes que optaram por não se imunizarem.

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Globo Esporte

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