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Da “Roliúde Nordestina” a Tóquio: Santos é mais um andarilho em busca do sonho do ouro olímpico

A fala emocionada de Dona Amara Melo reflete bem a emoção de uma mãe realizada com a felicidade de seu filho. Longe da família em troca da realização do sonho

SANTOS
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Redação Publicado em 23/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h34


Na semana passada, antes do jogo (o amistoso contra os Emirados Árabes), ele colocou a camisa e o short no sofá de onde ele estava e mandou a foto para mim. Eu fiquei só olhando. Eu nunca imaginei que ele fosse chegar lá. É muito emocionante saber como ele começou e onde ele está
— Dona Amara Melo, mãe de Santos

A fala emocionada de Dona Amara Melo reflete bem a emoção de uma mãe realizada com a felicidade de seu filho. Longe da família em troca da realização do sonho de ser jogador de futebol, Santos agarrou a chance de ser um dos grandes goleiros do futebol brasileiro na atualidade e tem o privilégio de guardar a meta da seleção olímpica em Tóquio. Saiu de Cabaceiras, na Paraíba, em busca de ficar ainda mais evidente no lugar mais alto do pódio, no Japão, com uma medalha de ouro no peito, para reforçar as lembranças de uma vida que tem sido generosa com seus objetivos no futebol.

O camisa 1 do Athletico-PR é natural de Campina Grande, na Paraíba. No entanto, ele foi educado, cresceu e moldou a ideia de ser jogador de futebol em Cabaceiras, no Cariri paraibano, conhecida como a “Roliúde Nordestina”, apelido dado à cidade em virtude dos mais de 25 filmes gravados naquela região. Sem o dom da dramaturgia correndo por suas veias, a história que Santos vem protagonizando nos gramados do Brasil vem sido capitulada com títulos, regularidade, alto nível debaixo das traves e, sobretudo, uma humildade exemplar.

No quadro Paraibanos Olímpicos, a história do goleiro Santos

No quadro Paraibanos Olímpicos, a história do goleiro Santos

Santos é o mais novo dos oito filhos de Seu Severino e Dona Amara. De todos, ele foi o único que trouxe em suas veias o talento para jogar futebol. Tanto que se tornou campeão e titular absoluto do Athletico-PB e um dos nomes de confiança de Tite, com as chances que o treinador lhe deu na seleção brasileira principal. Mas, até que tudo isso se tornasse realidade, Aderbar Melo dos Santos Neto precisou de muita ajuda para fazer com que esse objetivo se tornasse real dia a dia.

— Nessa época (a infância), eu morava em Santa Cruz, em Pernambuco. Eu sempre vinha para cá, e minha mãe sempre contava a história que ele queria ser jogador de futebol. Tem um campo aqui vizinho, ele jogava lá com os amigos. Mas não tinha uma chuteira, uma luva. Aí eu comprei um par de luvas para ele, uma chuteira — disse Luciano, seu irmão.

A rotina de Santos em busca de oportunidades e visibilidade mobilizou toda a família. Primeiro porque, para ir até Campina Grande, a sua cidade natal, onde treinava, ele precisava ajudar também a sua irmã Maíra Santos, que tinha uma casa de jogos eletrônicos em Cabaceiras. Por lá, o ainda jovem e promissor arqueiro fazia algumas horas para conseguir o dinheiro para o deslocamento até a outra cidade. A bolinha de meia que chamou a sua atenção para o futebol, quando ele tinha apenas cinco anos, se tornava instrumento direto na projeção de vida do hoje consagrado camisa 1 do Athletico-PR.

Campo na "Roliúde Nordestina" onde Santos deu os seus primeiros passos — Foto: Acervo pessoal / Santos

Campo na “Roliúde Nordestina” onde Santos deu os seus primeiros passos — Foto: Acervo pessoal / Santos

Com a maior oportunidade de sua carreira no futebol, com sequência como titular da seleção brasileira nas Olimpíadas, o goleiro já até estreou com a camisa canarinho na vitória por 4 a 2 contra a Alemanha. Antes mesmo de dar pontapé inicial à campanha em Tóquio, ele conversou a reportagem da TV Paraíba, para a série Paraíba em Tóquio, e comentou sobre a grande expectativa que vinha guardando para representar o seu povo em busca da segunda medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos.

— Estou muito animado para disputar esses Jogos. É o sonho de todos os atletas. Representar a Paraíba e o Nordeste é motivo de orgulho. A gente sabe da alegria e da responsabilidade que é representar esse povo. Concentração máxima e foco total na medalha de ouro — afirmou.

Santos volta a campo no próximo domingo, contra a Costa do Marfim, novamente no Estádio Internacional de Yokohama. A partida está marcada para começar às 5h30, no horário de Brasília. Em Cabaceiras ou em Tóquio, a torcida é que a campanha, inspirada nas origens do goleiro, seja de um roteiro empolgante, vencedor e — por que não? — de cinema.

Santos canta o hino nacional na partida de estreia das Olimpíadas — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Santos canta o hino nacional na partida de estreia das Olimpíadas — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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