Como fazer a posição de lótus em três níveis de dificuldade

Adriana Camargo mostra a postura em vídeo nas versões completa, meia lótus e fácil e ensina sobre Patanjali e os Yoga Sutras, uma compilação de 196 ensinamentos indianos sobre a yoga

Olá, tudo bem com você? Sejamos todos bem-vindos ao mês de julho, ao segundo semestre, e que com ele venham todas as boas energias das mudanças necessárias para virarmos o jogo em 2021. Estamos em rumo à vacinação total, à saúde geral e buscando nosso crescimento individual, sempre! No nosso último encontro eu dei uma pausadinha na nossa viagem pelo mundo mágico do yoga, lembra? Então hoje vou fechar esse ciclo de textos falando de Patanjali. Mas antes, vou com você uma das posturas mais tradicionais e conhecidas do yoga, a Postura de Lótus. Certamente se você nunca fez, já viu em alguma gravura ou foto da posição de lótus, que trabalha respiração, postura, abdômen e a cadeia muscular de membros inferiores e ajuda a entrar em estado meditativo. Vou fazer também uma variação mais fácil, para todo mundo poder experimentar. Vem comigo!

Patanjali

Patanjali, em sânscrito, significa “aquele que caiu do céu durante a oferenda”. Pata significa caído e anjali, oferenda. Ele é representado como um ser metade homem, metade serpente, com quatro braços. Nas mãos, segura os atributos de Vishnu (um dos deuses principais do hinduísmo, responsável pela sustentação do universo): uma segura a concha, outra o disco, e as duas outras, com as palmas unidas, fazem o gesto da oferenda, o Anjali Mudra, abençoando aqueles que se aproximam dele em busca da verdade do yoga.

Patanjali é conhecido como o grande sistematizador de um estudo que era passado, tradicionalmente, de forma oral, do mestre para o discípulo. Escreveu os Yoga Sutras, uma compilação de 196 sutras (ensinamentos) indianos sobre a teoria e a prática do yoga.

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Os Yoga Sutra de Patanjali é um dos textos mais importantes da tradição indiana e caracterizam a fundação do yoga clássico. Possui 196 aforismos, textos curtos e sucintos, que condensam e transmitem ensinamentos. Eles objetivam o controle da mente e permitem aos iniciados entender melhor a prática do yoga. Trata-se de um manual de Raja Yoga, o yoga mais mental, não sendo um livro de ensinamento de posturas, Asanas.

Como já falamos aqui, o yoga vai muito além das posturas, ele é um estilo de vida, uma escolha. Apesar de caráter mais teórico do que prático do Yoga Sutra, ele ainda é considerado fundamental para a profunda prática do yoga e obrigatório para formação dos instrutores.

A posição de lótus é uma das posturas mais tradicionais e conhecidas do yoga — Foto: Acervo pessoal / Adriana Camargo

Pouco se sabe sobre a vida de Patanjali. Alguns autores dizem que ele viveu no século IV A.C. e outros afirmam que ele tenha vivido entre os séculos II e VI D.C. Essa grande diferença nas datas acontece, em parte, devido ao costume que os autores daquela época tinham de atribuir a autoria dos seus próprios trabalhos a outros escritores já consagrados, sendo para homenageá-los ou para dar relevância à sua própria obra. Levando-se em consideração a forma como os sutras foram escritos , em aforismos, podemos considerar por dedução que ele tenha vivido entre os séculos IV e II A.C., já que nesse período foi quando este estilo literário atingiu seu auge. O Yoga Sutra é tido como uma das obras mais perfeitas do estilo aforístico.

Sobre as obras de Patanjali existem quase tantas dúvidas quanto em relação à sua vida. Muitos o tem como autor de um famoso tratado sobre o sistema de saúde indiano, o Ayurveda; outros associam-no a Patanjali, ‘o gramático’, autor do Mahabhashya, o Grande Comentário da gramática de Panini, em uso ainda hoje. Essa gramática redefiniu as regras do sânscrito, transformando-o num instrumento mais preciso e lógico e aumentando o seu vocabulário, tornando-o mais sutil e poético.

Evidências mostram que os autores destas obras sobre filosofia, medicina e gramática seriam pessoas diferentes, pois a distância no tempo entre elas é de vários séculos. Colocando lado a lado o Magabhashya e o Yoga Sutra, concluímos que ambas as obras são excelentes, mas isso não as torna escritas pela mesma pessoa.

Além das reverências às obras escritas, a Patanjali também são feitas oferendas antes de algumas apresentações de dança, pois ele é tido como o patrono de algumas danças indianas.

A notoriedade de Patanjali vem de longe, em um verso do rei indiano Bhoja, que viveu no século XI, podemos ler: “Curvo-me com minhas mãos unidas perante o eminente sábio Patanjali, que removeu as impurezas da mente através do yoga, as do discurso pela gramática e aquelas do corpo por meio da medicina.”

Tudo no universo dos textos do yoga é poético e rodeado de incertezas. Temos Shiva, temos Patanjali e temos uma vasta gama de conhecimentos que não sabemos ao certo as origens. Mas se temos certeza de uma coisa é de que o yoga é um universo mágico, incrível e transformador de várias formas.

Quanto mais lermos, quanto mais praticarmos, quanto mais no envolvermos nesse universo, mais elevados e mais humanos nos tornaremos. No yoga encontramos ensinamentos que nos fazem pessoas melhores por dentro e por fora. E é por isso que o yoga é fundamental e tão presente na minha vida, e é também por isso que falo e pratico com tanto amor.

A prática de yoga em cima e fora do tapetinho é uma construção constante, e é por isso que sempre convido você a experimentar o yoga comigo. Essa prática psicofísica tem o poder de nos transformar na nossa melhor versão, a cada dia.

Vamos juntos, vamos de yoga! Namastê!

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do GE / Eu Atleta.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.