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Com ajuda de Marlon Moraes e Buchecha, Cara de Sapato dá a volta por cima na PFL

O ano de 2021 começou mal para Antônio Carlos Jr, o "Cara de Sapato". Em janeiro, o lutador paraibano voltou a lutar após 16 meses parado e foi superado por

Com ajuda de Marlon Moraes e Buchecha, Cara de Sapato dá a volta por cima na PFL
Com ajuda de Marlon Moraes e Buchecha, Cara de Sapato dá a volta por cima na PFL

Redação Publicado em 26/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h09


Lutador ex-UFC cogitou aposentadoria após sequência de lesões e derrotas que levaram à sua demissão, mas se reinventou no peso-meio-pesado e disputa o cinturão nesta quarta

O ano de 2021 começou mal para Antônio Carlos Jr, o “Cara de Sapato”. Em janeiro, o lutador paraibano voltou a lutar após 16 meses parado e foi superado por Brad Tavares, sua terceira derrota consecutiva, e o UFC o dispensou em seguida. Sapato duvidou de si mesmo e considerou parar.

Nove meses depois, reinventado como peso-meio-pesado, o brasileiro pode conquistar o cinturão da PFL e o prêmio de um milhão de dólares (cerca de R$ 5,6 milhões) nesta quarta-feira, quando enfrenta Marthin Hamlet na final do torneio. O Combate transmite ao vivo a partir de 18h (horário de Brasília).

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Não foram simplesmente as derrotas ou a demissão que fizeram Cara de Sapato repensar sua escolha profissional. O maior problema foi a sequência de lesões e cirurgias que acometeu o paraibano nos últimos três anos. Até 2018, Antônio teve uma carreira bem saudável, que o permitiu lutar com regularidade após conquistar o título da terceira temporada do TUF Brasil. Ele venceu cinco combates seguidos entre 2016 e 2018 e figurava entre os 10 primeiros colocados do ranking do peso-médio (até 83,9kg).

Antônio Cara de Sapato comemora a classificação à final da PFL — Foto: Divulgação / PFL

Antônio Cara de Sapato comemora a classificação à final da PFL — Foto: Divulgação / PFL

Contudo, durante o treinamento para uma luta marcada para setembro de 2018, Sapato rompeu a musculatura do peitoral e precisou fazer uma cirurgia. Ele tentou abreviar a recuperação e retornar rápido, para não perder o ritmo da boa sequência de vitórias que tinha. Porém, num treino durante uma passagem pelo Brasil, sofreu uma infecção bacteriana no dedo do pé e ficou 14 dias internado no hospital, tomando antibióticos.

Cara de Sapato só voltou a lutar em maio de 2019 e teve sua série de vitórias encerrada por Ian Heinisch. Quatro meses depois, sofreu uma controversa derrota por decisão dividida contra Uriah Hall. A pressão começava a subir para ele, e uma lesão no ligamento cruzado anterior e no menisco do joelho o tirou de ação em 2020.

– Eu não imaginava que ia ser uma lesão atrás da outra. Eu nunca fui de me machucar muito no treino, sempre soube treinar e sempre fui flexível. Foi uma lesão atrás da outra, isso termina te deixando muito frustrado. Eu disse, “Caraca, porque isso está acontecendo comigo, com meu corpo? Eu nunca tive lesão, agora uma lesão atrás da outra, estou ficando velho? É isso?” Eu era novo, a primeira lesão estava com 28 anos de idade. A galera está lutando até os 41. Apesar de não ser o meu desejo de lutar até mais de 40, eu fiquei me perguntando – confessa.

Junto com essas lesões, eu não conseguia performar e vieram as derrotas. Aí eu comecei a me perguntar, “Será que era isso de fato?” Em algum momento eu pensei muito em desistir
— Antônio Cara de Sapato

Para alguém que já lidou com síndrome do pânico, como Antônio Carlos Jr. já admitiu em múltiplas ocasiões, momentos como este que aumentam a ansiedade são alertas vermelhos. Sapato teve o apoio de terapia psicológica para superar esta frustração, mas também de amigos próximos do meio da luta. Dois deles foram cruciais: Marlon Moraes, ex-campeão do WSOF e peso-galo do UFC, e Marcus Buchecha, lenda do jiu-jítsu e amigo de longa data do paraibano.

– Tiveram duas pessoas que me ajudaram muito a permanecer no caminho, a não desistir. Chamaram minha atenção do quanto eu era talentoso, de quanto eu tinha ainda para construir nesse esporte, que foi o Marlon Moraes, o Marlinho me ajudou muito, e o Marcus Buchecha, que é meu parceiro, está morando aqui em casa agora. Eu estava realmente muito para baixo com tudo isso que aconteceu. Problemas pessoais, lesões, derrotas. Esses dois caras me fizeram permanecer acreditando e acho que graças a eles eu continuei no caminho – explica Sapato.

Antônio Cara de Sapato (esq.) e Marcus Buchecha (dir.) durante treino no Rio de Janeiro: amizade de longa data — Foto: Divulgação

Antônio Cara de Sapato (esq.) e Marcus Buchecha (dir.) durante treino no Rio de Janeiro: amizade de longa data — Foto: Divulgação

– Ver ele para baixo ali, pensando em voltar a lutar jiu-jítsu ou ou algo do tipo, foi algo que eu falei, “Não, cara, que é isso, está louco”… Eu e o Marlinho estávamos ali, não só a gente, mas o Rafael Chaves também, que todo mundo é bem unido, e todo mundo conversando – conta Marcus Buchecha.

Cara de Sapato perseverou e encontrou sua casa ideal na PFL. Ele já gostava do formato de torneio do evento, onde os resultados determinam seu progresso em direção ao cinturão e a popularidade não interfere nas suas chances de disputar o título. Além disso, a subida para o peso-meio-pesado (até 93kg) ajudou tanto mentalmente quanto fisicamente.

– A questão da dieta muito rígida, eu acho que aquilo fortalece ainda mais essa questão da ansiedade e do pânico, porque eu tinha que perder 16kg mais ou menos para lutar na categoria de baixo. Eu falei, “Esse negócio de estar fazendo essa dieta não está ajudando muito a minha saúde”. Pode até ter sido também um dos fatores para essa questão das lesões. Eu falei, “Vamos subir de categoria”, agora eu perco 7kg só, o que é infinitamente mais tranquilo, é muito de boa agora.

Antônio Cara de Sapato (dir.) acerta golpe contra Emiliano Sordi (esq.) na semifinal da PFL  — Foto: Divulgação/PFL

Antônio Cara de Sapato (dir.) acerta golpe contra Emiliano Sordi (esq.) na semifinal da PFL — Foto: Divulgação/PFL

Na nova casa, Cara de Sapato venceu o atual campeão Emiliano Sordi na semifinal para se classificar à final, onde pode conquistar um prêmio de US$ 1 milhão. Mas para o paraibano, o mais importante é o cinturão.

O cinturão é o ouro, é o primeiro lugar, isso que a gente quer tanto. Teve a pré-conferência de imprensa e eles deram o cinturão para a gente, filmaram a nossa reação e, cara, eu consegui sentir ali aquela energia. Eu sempre lutei por isso, para ser o melhor, para vencer, para estar no topo do pódio. Um milhão é bom, mas um milhão com o cinturão é simplesmente perfeito
— Cara de Sapato

Combate transmite as Finais da PFL ao vivo e com exclusividade nesta quarta-feira a partir de 18h (horário de Brasília).

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Globo Esporte

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