Desde o último domingo, o sonho olímpico da velocista Krystsina Tsimanouskaya, estreante nas Olimpíadas de Tóquio por Belarus, deu lugar a um pesadelo. A
Redação Publicado em 03/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h45
Desde o último domingo, o sonho olímpico da velocista Krystsina Tsimanouskaya, estreante nas Olimpíadas de Tóquio por Belarus, deu lugar a um pesadelo. A atleta de 24 anos teria sido acordada e retirada contra sua vontade do seu quarto na Vila Olímpica para ser levada ao aeroporto, onde deveria tomar o voo de volta para casa. A corredora, no entanto, não chegou a embarcar, e ganhou comoção mundial ao denunciar o governo bielorrusso. Nesta terça-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu acionar uma comissão de inquérito para investigar o caso.
No sábado, ao saber que havia sido incluída na prova do revezamento 4×400, Krystsina fez uma publicação alegando que não havia sido consultada previamente, e falando em negligência dos treinadores. Ela escreveu que não via problemas em ajudar o seu país na disputa, embora nunca tenha competido na categoria, mas que não gostou da maneira como o assunto foi tratado: segundo ela, sem comunicação ou explicação dos motivos.
A atleta correu nos 100 metros, mas não se classificou para as semifinais e deveria disputar as baterias dos 200 metros na segunda-feira, o que foi impedido pela Corte Arbitral do Esporte por “falta de provas concretas sobre o caso”.
Krystsina acabou retirada da delegação de Belarus, que pediu a extradição da atleta, sob a justificativa que o “estado emocional e psicológico” da corredora motivou a decisão. Desde então, ela se recusa a retornar ao país de origem. Porta-voz do COI, Mark Adams garantiu que a atleta está em segurança, e antecipou que a entidade não medirá esforços junto ao Comitê Organizador para assegurar seu futuro.
– Nossa prioridade é a segurança dessa atleta. Falamos ontem duas vezes com a Krystsina Tsimanouskaya e ela afirmou que estava segura. Falamos com as autoridades competentes, enquanto ela está planejando seu futuro. Falamos também com o nosso parceiro do Escritório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, e também contatamos o Comitê Olímpico da Polônia. Certamente, o COI e o Comitê Organizador farão o que for preciso e continuaremos a apoiá-la em um novo país, se essa for a sua decisão.
Após o episódio, Marcin Przydacz, subsecretário de Estado para Segurança do Ministério das Relações Exteriores da Polônia, publicou nas redes sociais que “a Polônia fará tudo o que for necessário para ajudar a atleta a continuar sua carreira esportiva”. Krystsina recebeu um visto humanitário do país europeu.
O porta-voz do COI também confirmou que abrirá uma investigação formal para apurar o caso, e que já solicitou um relatório para o Comitê Olímpico da Bielorrússia.
– Estamos aguardando apenas esse relatório, que deve chegar hoje, para a comissão de inquérito abrir investigação oficial. Temos que verificar os fatos com cada uma das partes envolvidas e isso vai levar tempo, mas nossa preocupação agora é com atleta. Com esse exemplo, os atletas sabem que podem confiar no COI e no Comitê Organizador. As coisas levam tempo e temos que ouvir todos os envolvidos para chegar ao fundo da questão – disse Adams.
O Comitê Olímpico da Bielorrússia é chefiado por Viktor Lukashenko, filho do presidente do país, Alexander Lukashenko. Ambos foram proibidos de participar das Olimpíadas de Tóquio em meio a acusações de discriminação, censura e abuso de poder contra atletas que participaram de protestos contra a polêmica reeleição do presidente em agosto de 2020.
– Tenho medo de ser presa na Bielorrússia. Não tenho medo de ser despedida ou expulsa da seleção nacional. Preocupo-me com minha segurança – disse Krystsina para a Fundação de Solidariedade Esportiva Bielorussa, grupo que apoia atletas perseguidos por suas visões políticas.
Confira o momento em que a atleta da Bielorrússia é abordada por policiais no aeroporto:
Em vídeo publicado nas redes sociais, a atleta de Belarus foi enfática ao revelar a situação vivida nos últimos dias em Tóquio. Enquanto o caso não é solucionado, ela permanece no Japão.
– Eu estou pedindo ajuda ao Comitê Olímpico Internacional, estão tentando me tirar do país sem o meu consentimento.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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