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Americana protesta em prol dos oprimidos em pódio da Tóquio 2020

Numa disputa de arremesso de peso feminino, a bola oficial chega a pesar 4 quilos. Quem lançá-la mais longe dentro do perímetro da prova, leva o melhor

toquio
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Redação Publicado em 02/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h07


Numa disputa de arremesso de peso feminino, a bola oficial chega a pesar 4 quilos. Quem lançá-la mais longe dentro do perímetro da prova, leva o melhor resultado. Nas Olimpíadas 2020, no entanto, outro peso pediu passagem na cerimônia de premiação da modalidade. Mulher, negra e lésbica, a norte-americana Raven Saunders levou a medalha de prata pela primeira vez na carreira. Ao subir no pódio, ela ergueu os braços e cruzou os punhos sobre a cabeça, em gesto em prol dos oprimidos que lidam com fardos muito maiores dentro e fora do esporte.

Essa foi a primeira manifestação durante a cerimônia de premiação dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Conhecida como “Mulher Hulk”, Saunders dividiu o pódio com a chinesa Lijiao Gong (ouro), e Valerie Adams, da Nova Zelândia, que ficou com a medalha de bronze. Segundo ela, o gesto com os punhos em “X” representa o destino comum onde os oprimidos se encontram.

– Grito para todos os meus negros. Grito para toda a minha comunidade LGBTQ. Grito para todos os meus funcionários que lidam com saúde mental. Para mostrar aos mais jovens que não importa em quantas caixas eles tentem encaixar você, você pode ser você e pode aceitar isso. As pessoas tentaram me dizer para não fazer tatuagens e piercings e tudo isso. Mas olhe para mim agora, e estou brilhando.

"Mulher Hulk" dos Estados Unidos, lança para ganhar a prata na Tóquio 2020 — Foto: Getty Images

“Mulher Hulk” dos Estados Unidos, lança para ganhar a prata na Tóquio 2020 — Foto: Getty Images

Batalha contra depressão

Essa é a segunda vez em que Saunders disputa os Jogos Olímpicos. Na Rio 2016, ela acabou na 5ª colocação. Apesar de ser considerada uma das mais expoentes atletas da modalidade, ela foi a público em janeiro deste ano para falar sobre a batalha contra a depressão. Após o prata inédito em Tóquio, ela voltou a tocar no assunto.

Medalhista norte-americana é uma das 180 atletas LGBTQIA+ presentes nos Jogos Olímpicos de Tóquio — Foto: Getty Images

Medalhista norte-americana é uma das 180 atletas LGBTQIA+ presentes nos Jogos Olímpicos de Tóquio — Foto: Getty Images

– Se não fosse por enviar uma mensagem de texto para um antigo terapeuta, eu não estaria aqui. Todas essas coisas pesando sobre mim por 22 anos, finalmente consegui processar. Eu finalmente fui capaz de separar Raven de ‘O Hulk.’ Eu me sinto incrível, porque sei que vou inspirar muitas pessoas, tantas meninas, meninos, pessoas LGBTQ, pessoas que lutaram contra o suicídio. Tantos que teriam quase desistido. Não, não é só sobre mim.

Aos 25 anos, Saunders é uma das cerca de 180 atletas LGBTQIA+ que competem nas Olimpíadas de Tóquio, de acordo com o site Outsports. O número é mais do que o triplo daquele registrado nos Jogos Olímpicos do Rio, há cinco anos. O Brasil está entre os cinco países com maior diversidade na atual edição. Nomes como Marta, Andressa Alves, Bárbara, Formiga, Letícia Izidoro, Aline Reis e Debinha, do futebol, Izabela da Silva (atletismo/disco), Babi Arenhart (handebol), Isadora Cerullo (rúgbi), Silvana Lima (surfe), Ana Marcela Cunha (natação), Ana Carolina, Carol Gattaz, e Douglas Souza, do vôlei, marcam presença no Japão.

COI analisa gesto

A manifestação de Raven Saunders vai contra a recomendação do Comitê Olímpico Internacional, que determinou que protestos estariam vetados durante as premiações da Tóquio 2020. A permissão seria válida apenas para opiniões expressadas durante as coletivas de imprensa e competições, desde que sem interromper os eventos, nem desrespeitar outros atletas. Nesta segunda-feira, a entidade divulgou que está analisando o gesto em contato junto ao órgão internacional que rege o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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