Dono de forte protagonismo no futebol feminino brasileiro há anos, o Corinthians mantém a cada temporada sua busca por se tornar autossustentável, obtendo
Redação Publicado em 05/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h44
Dono de forte protagonismo no futebol feminino brasileiro há anos, o Corinthians mantém a cada temporada sua busca por se tornar autossustentável, obtendo recursos próprios capazes de desprendê-lo de outros setores no clube. Para isso, conta com atletas de excelência.
Um dos casos expressivos é o da lateral-esquerda Tamires, de 33 anos, com carreira consolidada na seleção brasileira e no Corinthians desde 2019. Destaque absoluto em seu setor, ela é agora a nova embaixadora da CBF Academy, setor destinado à formação e educação de novos profissionais.
Com Tamires, o Corinthians enfrenta a Ferroviária neste domingo, às 20h, no segundo jogo da semifinal do Brasileirão Feminino. Na ida, o Timão venceu por 3 a 1.
Para Tamires, nitidamente o futebol se expande fora das quatro linhas. Em entrevista ao ge, ela analisa não só o desenvolvimento do clube nos últimos anos, mas também a importância de se planejar o pós-carreira dos atletas.
– Ainda não somos autossustentáveis, mas estamos no caminho certo. Temos pessoas trabalhando muito forte para alcançar esse objetivo o mais rápido possível (…) Somos referência no Brasil de como tratar o futebol feminino com profissionalismo, e a gente mostra em campo como é importante toda essa estrutura e apoio fora dele – diz a jogadora.
Como você avalia, em uma linha do tempo, o crescimento do futebol feminino dentro do Corinthians? O que está sendo feito, caminha, de fato, para uma evolução?
– Falando do futebol feminino brasileiro como um todo, os clubes chamados “tradicionais” sempre tiveram um papel muito importante nesse processo de evolução. O Corinthians, como um gigante do futebol, veio para mostrar de que forma os investimentos e o compromisso com a modalidade se transformam em resultados e retorno. Então eu avalio o crescimento como muito positivo ao longo dos anos. Teve uma parceria de sucesso com o Audax há alguns anos, com o Arthur Elias e a comissão montando elencos fortíssimos, sempre brigando por títulos, e esse trabalho fez toda a diferença para mostrar o quanto era forte e importante investir no futebol feminino. E ter um departamento próprio do futebol feminino também foi fundamental nesse processo.
Tamires no mural da Neo Química Arena, do Corinthians — Foto: Acervo pessoal
– Não é à toa que o Corinthians é uma referência, e essa cabeça de longo prazo é muito importante e tem dado frutos e títulos. Hoje nós temos patrocinadores exclusivos para o feminino, e esse trabalho de captação é excelente. Ainda não somos autossustentáveis, mas estamos no caminho certo. Temos pessoas trabalhando muito forte para alcançar esse objetivo o mais rápido possível e também temos um marketing muito presente, muito engajamento nas redes sociais, e isso faz com que todas as pessoas, não só do Brasil, mas do mundo, conheçam o futebol feminino do Corinthians e o desenvolvimento que está acontecendo. E eu sempre falo sobre como é importante o trabalho realizado com a base do Corinthians, com todo o respaldo, para que as meninas possam evoluir também. Então volto a falar: estamos no caminho certo. Somos referência no Brasil de como tratar o futebol feminino com profissionalismo, e a gente mostra em campo como é importante toda essa estrutura e apoio fora dele para que a gente possa fazer o nosso papel de atleta com excelência.
Acredita que a modalidade vai se tornar autossustentável no clube? Não é uma pergunta comum a uma atleta, mas, no seu caso, acredito que seja algo com que você se preocupe.
–Eu acredito muito que o Corinthians pode se tornar autossustentável no futebol feminino. Porque temos pessoas com muita qualidade e muito capacitadas para desenvolver esse trabalho. E o futebol feminino vem crescendo não só no Brasil, mas mundialmente. É enorme esse crescimento, e a gente vê, especialmente desde 2019, o tanto que mudou. Com o pé no chão, sabemos que ainda não estamos onde gostaríamos de estar, mas acho que a evolução é constante e o Corinthians vem fazendo o trabalho correto, dando os passos certos, para que a gente possa num futuro breve se tornar autossustentável. Além da evolução com os patrocínios, a gente também vê o quanto o mercado de transferências vem se tornando uma opção de geração de receitas, que faz a roda girar, e assim a gente faz elevar o patamar do futebol feminino, trazendo esse olhar diferente. Então acredito que é um processo natural. Temos muitas meninas boas vindo na base, com potencial gigante, e isso atrai os olhares cada vez mais para esse desenvolvimento técnico, tático, físico, de alto nível… E os patrocinadores estão olhando para a nossa modalidade, para crescermos juntos.
Tamires e o filho, Bernardo, com a camisa da seleção brasileira — Foto: Vitor Milanez/CBF
Como se sente sendo uma das líderes desse time e respeitada por sua história dentro do clube?
– Eu fico muito feliz em ser uma das líderes do Corinthians e divido essa responsabilidade com muitas atletas feras. Essa equipe representa muito para o clube, mas também é uma referência do futebol feminino brasileiro. Em 2019, quanto eu decidi voltar para o Brasil, eu já tinha fechado com o Corinthians antes mesmo de jogar a Copa do Mundo. E esse comprometimento com a modalidade me chamou muito a atenção para tomar a decisão de retornar. Todos os profissionais são realmente empenhados em fazer crescer, e ser um exemplo para tantas meninas é muito gratificante. Mas eu tenho sempre os pés no chão. Sei que as pessoas já me conheciam, que eu já servia a seleção brasileira, mas também fui conquistando o meu espaço dentro do Corinthians. É uma construção diária, de entrega, de disciplina, dando o melhor a cada treino, para que os resultados e oportunidades venham. Então me sinto muito honrada em ser uma das referências e espero continuar ajudando o Corinthians da melhor forma.
Fale um pouco sobre o convite para ser a embaixadora da CBF Academy. Era algo que imaginava para sua carreira?
– O convite para ser embaixadora da CBF Academy é outra coisa que me deixa muito, muito grata. Estou feliz demais por essa oportunidade de representar como porta-voz, ainda mais nesse momento tão importante para nós, mulheres. Foi uma surpresa, um privilégio e uma honra ao mesmo tempo. Eu sempre, e principalmente depois de completar 30 anos, venho pensando no planejamento pós-carreira. Quero seguir jogando em alto nível por mais um bom tempo, mas entendo como é importante me planejar desde já. Eu já fiz alguns cursos da CBF Academy nos últimos anos, estou cursando a Licença B e sei que os profissionais que trabalham lá também estão comprometidos em levar adiante essa mensagem sobre a importância da capacitação. Recebi o convite com muita alegria e fico feliz de estar abrindo as portas para que no futuro tenhamos mais embaixadoras e embaixadores, e, naturalmente, mais pessoas capacitadas, contribuindo com a evolução do futebol.
Tem vontade de fazer projetos fora do campo, mas ainda ligados a esporte? Ou ainda educação…
– Quando eu ainda estava jogando na Dinamarca, eu trabalhei por um ano dando aulas de futebol em uma escola, no período da manhã, para entender como era essa dinâmica. E gostei bastante. Foi um período que me deu muita experiência, e eu sempre gostei dessa área, de trabalhar com crianças e adolescentes. Então eu me vejo, pós-vida de atleta, atuando com esse trabalho. Tenho um sonho de ter uma escolinha, de ajudar as próximas gerações, e ter essa oportunidade de me capacitar e poder ajudar outras meninas e mulheres é um momento muito especial. Me sinto muito lisonjeada e quero ajudar o futebol feminino a crescer. Então ter cada vez mais mulheres empenhadas, se capacitando e estudando o futebol, seja ele em gestão, em área técnica, ou como for, a gente só tem a ganhar. Fora que o esporte agrega muito na vida das pessoas. Dá disciplina, abre portas, então essa experiência toda que eu tive e estou tendo, quero dividir e incentivar. E o caminho é acreditar nos sonhos e ter persistência sempre.
Tamires, do Corinthians, com a camisa da seleção brasileira — Foto: Vitor Milanez/CBF
Qual a expectativa para esse jogo de volta e, quem sabe, para mais uma final?
– Expectativa alta sempre. O Brasileirão Feminino está cada vez mais competitivo, cada jogo é muito difícil, cada jogo é muito importante. A gente conquistou um bom resultado no primeiro jogo, mas temos que ter a consciência de que está tudo aberto. Temos que entrar em campo e jogar da forma que o Corinthians faz, com disciplina, mantendo o plano de jogo e as orientações do Arthur e da comissão. E com vontade, né? É uma semifinal, um jogo decisivo de mata-mata, então que a gente possa estar preparada, e mais uma vez chegar à final.
Qual o balanço da temporada até aqui? Seleção brasileira e clube.
–O balanço é positivo. As metas que coloquei para mim, individualmente falando, de estar disputando mais uma Olimpíada, servindo o meu país em uma competição dessa importância, foram alcançadas. E a preparação física também sempre é algo que eu valorizo demais. Graças a Deus, sem nenhuma lesão e trabalhando forte para manter meu ritmo. E com o Corinthians tem sido uma grande alegria poder ajudar minha equipe nos últimos anos. No primeiro semestre, estive um pouco mais distante por conta do período pré-Olímpico, mas agora temos uma sequência importante de jogos. Agora, no segundo semestre, temos o Paulistão, super nivelado, os jogos de mata-mata do Brasileiro, e a Libertadores em novembro. Então é seguir dando o melhor diariamente para que a gente possa dar cada vez mais alegria para o torcedor do Corinthians e fazer com que todo o trabalho do departamento do futebol feminino ao longo dos anos seja valorizado cada vez mais.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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