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Direitos da Mulher

Programa pretende ensinar como agir e ajudar uma mulher assediada

Estudos afirmaram que, a cada 100 mulheres, 88 já vivenciaram experiências pessoais de assédio nas ruas

Estudos afirmaram que, a cada 100 mulheres, 88 já vivenciaram experiências pessoais de assédio nas ruas - Imagem: Reprodução/Freepik
Estudos afirmaram que, a cada 100 mulheres, 88 já vivenciaram experiências pessoais de assédio nas ruas - Imagem: Reprodução/Freepik

Ana Rodrigues Publicado em 05/10/2023, às 10h39


Geralmente, qual a reação imediata quando vê alguém cair na rua? Ou então, quando se flagra um pessoa derrubando algo no metrô? O impeto de ajudar é recorrente para a maioria das pessoas nesses tipos de situações. Então, por qual motivo não há o mesmo impeto ao ver uma mulher sendo assediada em um lugar público?

O programa Stand Up, realizado em parceria com a ONG Right to Be, uma iniciativa global da marca L'Oréal Paris, vem com o intuito de colocar um holofote sobre isso e treinar gratuitamente interessados em aprender como reagir de forma adequada diante as situações de assédio sexual em espaços públicos, diz matéria da Universa UOL.

A principal ideia é proteger a autoestima de mulheres e homens, criando um conjunto de ferramentas comprovadas, para ajudar as pessoas a intervir com segurança quando forem vítimas ou testemunhas de assédio nas ruas.

Os números são alarmantes: de acordo com um estudo internacional da L'Oréal Paris e do Ipsos, de 2021, o assédio sexual em locais públicos é a questão mais importante enfrentada por mulheres de todo o mundo. A pesquisa foi realizada em 15 países com mais de 15 mil participantes.

Os estudos afirmaram que, a cada 100 mulheres, 88 já vivenciaram experiências pessoais de assédio nas ruas, além das vezes que presenciaram ou tiveram conhecimento de situações vividas por outras mulheres de seu convívio. Dos entrevistados, 76% afirmaram já ter presenciado assédio nas ruas e 86% deles não sabia como intervir no momento.

Quando observamos um caso de assédio sem intervir, indiretamente aumentamos o trauma da pessoa que está sendo assediada, além de reforçar ao assediador que seu comportamento é aceitável. Essa campanha vem para interromper essa dinâmica, propondo tomada de consciência da sociedade e ação, através da informação e do treinamento dos 5 D's", disse Luiza Portella, Diretora de Planejamento Estratégico da WMcCANN.

O programa já capacitou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo, no Brasil, o objetivo é treinar mais de 75 mil pessoas até o final de 2023.

O Stand Up surgiu como resposta à necessidade de abraçar uma causa extremamente relevante para as mulheres ao redor do mundo, visando construir espaços mais seguros e redes de apoio cada vez mais abrangentes", afirmou Maíra da Matta, diretora da L'Oréal Paris no Brasil. Por aqui, o parceiro responsável pela capacitação é a ONG Cruzando Histórias.

A metodologia usada é a dos 5D'S: distrair, delegar, documentar, dialogar e deter. São cinco ferramentas simples e eficazes que são capazes de ajudar as pessoas a intervir com segurança quando testemunham ou sofrem assédio nas ruas.

  • Distrair é fingir ser um amigo, pergunte algo ou desvie o foco da conversa;
  • Delegar é encontrar alguém que esteja em posição de autoridade, como um professor ou bartender, e pedir que intervenha;
  • Para documentar, é importante filmar o assédio, mas nunca postar: o documento é da vítima;
  • Depois do indidente, é legal dialogar com a pessoa que foi assediada para confortá-la - nunca a acusar ou culpar;
  • Direcionar é o último recurso: falar com o assediador é uma maneira de evitar novos comportamentos como esse, mas é importante zelar pela própria segurança e a da vítima.

A marca afirmou que sofrer ou presenciar uma situação de assédio acaba despertando medo, desconforto e paralisa, seja quem está diante da cena ou sofrendo com o ato, fazendo com que não saibamos como reagir. A ideia é defender o valor de cada mulher, trazendo mensagens de empoderamento, confiança e segurança, criando um pacto social através da educação de não aceitação dessa realidade tão triste, principalmente para mulheres.

Desde agosto de 2023, a marca firmou uma parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro, para combater o assédio em locais públicos e privados. A Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher do Rio passou a capacitar servidores públicos para identificar e prestar o auxílio adequado em situações de assédio em espaços públicos.

No dia 16 de agosto, foi feita uma grande ação que mostrava a dimensão do problema - 100 estátuas foram colocadas na Cinelândia e 88 delas foram pintadas de laranja, para representar as mulheres que já passaram por alguma situação de assédio ao longo de sua vida.

O lançamento foi pela celebração do aniversário de 17 anos da Lei Maria da Penha. A intenção foi de fortalecer e amplificar o trabalho realizado pela Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher, que já promove ações de educação, acolhimento às mulheres vítimas de qualquer tipo de violência e assédio e combate a situações de violência.

A conscientização é fundamental para garantirmos os direitos das mulheres e, ao unir forças, conseguimos amplificar o alcance das iniciativas e promover impactos concretos na sociedade", afirmou Joyce Trindade, Secretária de Direitos das Mulheres.

Na ação de agosto, na Cinelândia, Taís Araujo, embaixadora de L'Oréal Paris no Brasil, também falou sobre a luta contra o assédio e a violência.

O Stand Up vai além de um treinamento; é um movimento significativo de causa e luta não só para as mulheres, mas para toda a sociedade. Acredito que muitos de nós já vivenciaram situações assim. Sofrer assédio é uma experiência traumática e paralisante, e é essencial que falemos sobre isso, entendamos, dialoguemos e denunciemos qualquer forma de assédio", comentou.
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