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PARCERIA

Petrobras considera abrir subsidiária na China

Entenda o motivo por trás da reaproximação da petrolífera brasileira com a China

Petrobras considera abrir subsidiária na China - Imagem: Divulgação / Petrobras
Petrobras considera abrir subsidiária na China - Imagem: Divulgação / Petrobras

Marina Roveda Publicado em 14/09/2023, às 08h51


Em uma iniciativa estratégica, a Petrobras enviou uma comitiva de alto escalão para uma visita à China, entre os dias 25 de agosto e 1º de setembro, marcando a primeira visita oficial da estatal ao país asiático durante o terceiro mandato de Lula como presidente do Brasil. A missão incluiu o presidente da companhia, Jean Paul Prates, o diretor de transição energética, Maurício Tolmasquim, e o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Sergio Caetano Leite.

Essa iniciativa representa uma mudança significativa na relação da Petrobras com a China, após um período de distanciamento nos últimos anos. Em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, a Petrobras encerrou o escritório que mantinha na China, optando por concentrar sua presença na Ásia através do escritório em Singapura.

Durante a visita à China, a equipe executiva da Petrobras assinou memorandos de entendimento com bancos e empresas do setor de energia e petróleo chinês. Essa movimentação indica que a Petrobras está avaliando a possibilidade de criar uma subsidiária na China, com o objetivo de fortalecer ainda mais seus laços com o país asiático, conforme reportou a Reuters.

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, destacou a importância da China como parceiro estratégico na estratégia da empresa para recuperar sua presença global. Ele enfatizou o mercado chinês como prioritário nesse processo e expressou o interesse da Petrobras em buscar oportunidades e parcerias com empresas chinesas e de outros países.

Ampliação de Investimentos e Cooperação na Transição Energética

Durante a missão à China, a Petrobras buscou apoio para concretizar sua intenção de expandir investimentos, especialmente em fontes de energia renovável e na transição energética, áreas nas quais a empresa pretende aumentar sua participação.

Foram assinados memorandos de entendimento com o China Development Bank (CDB) e o Bank of China, com o objetivo de avaliar oportunidades de investimento e cooperação em iniciativas de baixo carbono e finanças verdes. Esses acordos visam ainda melhorar a financiabilidade dos fornecedores da Petrobras e promover o comércio com empresas chinesas.

A Petrobras também assinou memorandos com a China Energy, Sinopec, CNOOC e Citic Construction, com o propósito de estudar oportunidades de negócios conjuntos em diversas áreas, incluindo exploração e produção de petróleo e gás, transição energética, refino, petroquímica, hidrogênio, fertilizantes, amônia e captura de carbono.

Além disso, a visita técnica incluiu uma reunião com representantes do New Development Bank (NDB), sediado em Xangai, para discutir iniciativas nos segmentos de biorrefino, biocombustíveis, hidrogênio verde e geração de energia eólica e solar.

Líder em Energias Renováveis

A China tem se destacado como líder global em investimentos em fontes de energia limpa. Em 2022, o país asiático investiu cerca de US$ 546 bilhões em energias renováveis, liderando a expansão dessas fontes alternativas de energia em todo o mundo, de acordo com dados da BloombergNEF.

Os investimentos massivos da China incluem a inauguração da maior turbina eólica offshore do mundo e o maior projeto global de conversão de energia solar em hidrogênio no mês passado. Além disso, a China é um importante fornecedor de equipamentos para projetos de energia eólica e solar em todo o mundo, além de ser uma fonte significativa de financiamento para iniciativas nesse setor.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que os investimentos diretos de empresas chinesas em energias renováveis na América Latina e no Caribe triplicaram desde o final de 2018, chegando a US$ 3,8 bilhões no final de 2022.

Mercado Essencial para a Petrobras

Além das áreas em que a Petrobras pretende atuar na transição energética, a China desempenha um papel fundamental nos negócios atuais da empresa. Como o segundo maior consumidor de petróleo do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, a Chinaé responsável por 70% de todo o crescimento da demanda por petróleo em 2023, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

A China já é o principal destino das exportações de petróleo bruto da Petrobras há vários anos. Em 2019, a China absorveu 71% de todo o volume exportado pela estatal brasileira. No segundo trimestre de 2023, a China foi o destino de 28% das vendas da Petrobras ao exterior, superando toda a Europa, que representou 20%, e toda a América Latina, com 26%. No primeiro trimestre, a fatia chinesa nas exportações da Petrobras chegou a 42%.

Além disso, empresas chinesas têm participação direta na produção brasileira de petróleo e gás. A CNOOC e a CNODC possuem participação no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, operado pela Petrobras. Esse campo, o segundo maior produtor de petróleo e gás do Brasil, impulsionou a produção global da CNOOC, que atingiu um recorde no primeiro semestre.

Outra empresa chinesa, a Sinochem, detém 40% de participação no campo de Peregrino, na Bacia de Campos, operado pela Equinor. A Sinochem também tem presença relevante na produção de petróleo e gás no Brasil.

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