Percentual de famílias com dívidas a vencer cresce, impulsionado pelo uso do crédito parcelado; inadimplência também apresenta alta
por Marina Milani
Publicado em 05/04/2024, às 08h49
Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento das famílias brasileiras teve um aumento em março. O levantamento revela que 78,1% das famílias afirmaram possuir dívidas a vencer no mês, o que representa um acréscimo de 0,2 ponto percentual em relação a fevereiro. No entanto, em comparação com o mesmo período do ano anterior, o índice ficou 0,2 ponto percentual abaixo.
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o atual cenário de juros mais favoráveis tem impulsionado uma maior demanda das famílias por crédito, especialmente na modalidade parcelada. Esse aumento na demanda por crédito é refletido no percentual de consumidores considerados "muito endividados", que registrou um aumento de 0,1 ponto percentual, interrompendo uma sequência de queda nos últimos quatro meses. Por outro lado, houve um crescimento de 0,2 ponto percentual no número de famílias consideradas "pouco endividadas".
A pesquisa também aponta um aumento na quantidade de famílias com dívidas atrasadas, com um acréscimo de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior, após cinco meses consecutivos de queda. No entanto, o indicador permanece abaixo do registrado em março de 2023.
A economista da CNC, Izis Ferreira, destaca que o aumento da inadimplência está relacionado ao crescimento do percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar as dívidas em atraso, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.
No que diz respeito à renda, as famílias de baixa renda (até 3 salários mínimos) foram as mais impactadas, com um aumento no percentual de endividamento e dívidas em atraso. Por outro lado, os demais grupos apresentaram redução ou estabilidade nos índices.
O cartão de crédito continua sendo o principal responsável pelo endividamento, representando 86,9% dos casos, seguido pelo crédito pessoal, financiamentos imobiliário e de carro. Em relação ao gênero, o endividamento cresceu mais entre o público masculino em comparação com as mulheres.
Apesar do aumento do endividamento, o valor médio das dívidas registrou queda pelo segundo mês consecutivo, refletindo a busca das famílias por prazos mais longos de pagamento para ampliar a renda disponível.
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