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Crise Econômica

Desemprego cai em 22 estados no 2º tri; estados do Nordeste são os mais castigados

Os maiores índices foram identificados na Bahia (15,5%) e em Pernambuco (13,6%)

A situação econômica foi mais severa para grupos vulneráveis como mulheres e pretos - Imagem: Freepik
A situação econômica foi mais severa para grupos vulneráveis como mulheres e pretos - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 12/08/2022, às 14h55


A taxa de desemprego caiu em 22 das 27 unidades da federação no 2º trimestre, na comparação com os 3 primeiros meses do ano. O cenário foi apontado em uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais estados apresentaram estabilidade.

O estudo indicou que as maiores taxas de desemprego foram da Bahia (15,5%), Pernambuco (13,6%) e Sergipe (12,7%), e as menores, de Santa Catarina (3,9%), Mato Grosso (4,4%) e Mato Grosso do Sul (5,2%).

Em relação à média nacional, a taxa de desemprego no Brasil chegou a 9,3% no 2º trimestre, ante 11,1% no trimestre anterior. Segundo o IBGE, quase 10,1 milhões de brasileiros encontram-se sem trabalho.

Veja a taxa de desemprego por estado: Bahia (15,5%), Pernambuco (13,6%), Sergipe (12,7%), Rio de Janeiro (12,6%), Paraíba (12,2%), Rio Grande do Norte (12%), Acre (11,9%), Distrito Federal (11,5%), Amapá (11,4%), Alagoas (11,1%), Maranhão (10,8%), Ceará (10,4%), Amazonas (10,4%), Piauí (9,4%), São Paulo (9,2%), Pará (9,1%), Espírito Santo (8%), Minas Gerais (7,2%), Goiás (6,8%), Rio Grande do Sul (6,3%), Roraima (6,2%), Paraná (6,1%), Rondônia (5,8%), Tocantins (5,5%), Mato Grosso do Sul (5,2%), Mato Grosso (4,4%) e Santa Catarina (3,9%).

Os principais destaques na passagem do 1º para o 2º trimestre foram Tocantins (cuja taxa de desemprego caiu de 9,3% para 5,5%), Pernambuco (de 17,0% para 13,6%) e Alagoas (14,2% para 11,1%). Já os estados que mostraram estabilidade na taxa de desemprego foram: Amapá, Ceará, Rondônia e Mato Grosso, além do Distrito Federal.

Grupos mais penalizados pelo desemprego

O levantamento apontou que a taxa de desemprego foi de 7,5% para os homens e de 11,6% para as mulheres. Sendo assim, a desocupação das mulheres é 54,7% maior que a dos homens. Por outro lado, entre as pessoas brancas (7,3%), a taxa ficou abaixo da média nacional (9,3%), e para pretos (11,3%) e pardos (10,8%) ficou acima; no 2º trimestre, 64,7% dos desempregados no país eram pretos ou pardos;

Neste momento conturbado, os jovens representam são os que mais sofreram com o desemprego, pois apresentaram as taxas mais elevadas, especialmente entre aqueles com idades de 18 a 24 anos (19,3%), 14 a 17 anos (33,3%). Para os grupos de 25 a 39 anos (8,3%), 40 a 59 anos (6%) e o de 60 anos ou mais (4%), o desemprego ficou abaixo da taxa nacional.

O desemprego para as pessoas com ensino médio incompleto (15,3%) foi maior que para os demais níveis de instrução analisados. Para as pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi 9,9%, mais que o dobro da verificada para o nível superior completo (4,7%);

No aspecto de regionalidade, a taxa de informalidade foi de 40% da população ocupada, com as maiores incidências no Pará (61,8%), Maranhão (59,4%) e Amazonas (57,7%) e as menores, com Santa Catarina (27,2%), São Paulo (31,1%) e Distrito Federal (31,2%).

Do total de desempregados, 2,985 milhões, ou 29,6%, seguem em busca de trabalho há mais de 2 anos. Além disso, o rendimento real habitual caiu 5,1% em 1 ano, para R$ 2.652. O rendimento médio das mulheres (R$ 2.292) representou 78,6% do rendimento médio dos homens (R$ 2.917).

Obstáculos para o crescimento econômico

Além do desemprego ainda elevado, o Brasil enfrenta um cenário de juros altos, preocupações com o futuro da dívida pública e o risco de uma recessão global. Todos esses fatores têm dificultado uma retomada mais consistente da economia do país.

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), voltou a apresentar resultados negativos em julho após três meses seguidos de alta, indicando uma perda de força da retomada do mercado de trabalho ao longo do ano.

Apesar do otimismo em relação ao recuo da inflação, o Banco Central (BC) aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,75% – maior patamar em 6 anos. Dessa maneira, o poder de compra dos brasileiros deve continuar limitado, já que os juros devem permanecer em um patamar elevado por um bom tempo.

Diante da situação, o Governo Federal também ampliou pacotes de benefícios sociais e cortou impostos em período eleitoral. Com isso, o mercado financeiro espera uma alta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. Mas, não se mantém otimista em relação ao próximo ano, com alertas para o risco de estagnação.

As projeções do Itaú afirmam que o PIB deve crescer 2,2% em 2022, enquanto que, em 2023, a economia deve avançar apenas 0,2%. Em relação ao mercado de trabalho, o banco passou a estimar taxa de desemprego de 9,1% no término deste ano, mas de 10,1% ao fim do próximo ano.

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