Diário de São Paulo
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Crédito bancário deve crescer 7,7% em 2023

Taxa Selic em 13,75% reflete desaceleração do crédito e combate à inflação

Banco Central - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Banco Central - Imagem: Reprodução | Agência Brasil

Marina Roveda Publicado em 25/07/2023, às 08h13


O Banco Central (BC) prevê um crescimento de 7,7% no volume de crédito bancário em 2023. Essa projeção teve um ligeiro aumento em relação à previsão anterior, que era de 7,6%, divulgada em março deste ano. Esse aumento reflete um processo de desaceleração do crédito, que é considerado "compatível com o ciclo de aperto monetário" de alta na taxa Selic, que são os jurosbásicos da economia.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC tem mantido a taxa Selic em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, o maior nível desde janeiro de 2017, apesar da queda da inflaçãoe das pressões de parte do governo para a redução dos juros básicos.

A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação, uma vez que a taxa afeta os preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança, evitando um aumento excessivo da demanda. Os efeitos do aperto monetário são sentidos através do encarecimento do crédito e da desaceleração da economia.

A nova estimativa incorpora os novos dados do mercado de crédito e a revisão do cenário macroeconômico futuro, sendo apresentada no Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC.

Segundo o BC, os dados do mercado de crédito mostram uma evolução do saldo dos empréstimos às famílias acima do esperado, especialmente no segmento direcionado, enquanto os financiamentos para as empresas tiveram uma desaceleração mais intensa, com destaque para o segmento livre.

Para 2023, a projeção de crescimento do estoque de crédito livre para pessoas físicas aumentou de 8% para 9%, refletindo a maior resiliência observada nas concessões até abril de 2023. Já a previsão de crescimento do crédito livre para empresas foi reduzida de 6% para 3%, devido à desaceleração mais intensa do que o esperado no primeiro quadrimestre do ano.

Esse movimento se deve, em parte, às condições gerais da economia, incluindo o estágio atual do ciclo monetário, bem como às repercussões do caso das Lojas Americanas, que estão em recuperação judicial desde janeiro, enfrentando uma crise após a revelação de "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões, com débitos que podem chegar a R$ 43 bilhões junto às instituições de crédito.

O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Por outro lado, o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo e é destinado principalmente aos setores habitacional, rural e de infraestrutura, bem como ao microcrédito.

A desaceleração do crédito livre foi parcialmente compensada por um crescimento do crédito direcionado. Nesse segmento, a projeção do saldo de crédito para pessoas físicas aumentou de 9% para 11%, devido à maior disponibilização de crédito rural no início do ano.

A revisão também reflete a desaceleração, ainda discreta, do saldo do crédito imobiliário, apesar da retração nas concessões observada desde meados de 2021. O BCressalta que, como os prazos dessa modalidade são altos e as amortizações relativamente pequenas em comparação ao saldo, os movimentos das concessões têm um impacto mais defasado na carteira de crédito.

Finalmente, no segmento de pessoas jurídicas, no crédito direcionado, a projeção foi mantida em 7%.

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