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Piracicaba

Plano de manejo cria ações de proteção, recuperação e pesquisas em estação ecológica de Piracicaba

Documento também estabelece zoneamento da Estação Ecológica Ibicatu, que abriga 289 espécies de plantas e 171 espécies de árvores em 76,4 hectares, além de criar um corredor ecológico que vai interligar áreas de preservação.

Plano de manejo cria ações de proteção, recuperação e pesquisas em estação ecológica de Piracicaba - Imagem: reprodução grupo bom dia
Plano de manejo cria ações de proteção, recuperação e pesquisas em estação ecológica de Piracicaba - Imagem: reprodução grupo bom dia

G1 Publicado em 04/09/2022, às 10h49


A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo colocou em vigência, na última quarta-feira (31), um plano com medidas para gestão sustentável do território da Estação Ecológica (EE) Ibicatu, em Piracicaba (SP).

Considerada uma unidade de conservação de proteção integral, a área da EE Ibicatu, que tem 76,40 hectares - o equivalente a 0,76 quilômetro quadrado -, abriga 289 espécies de plantas e 171 espécies de árvores. Destas árvores, 28 espécies estão ameaçadas de extinção.

Entre suas principais espécies de flora estão jequitibá rosa e branco, pau-d’alho, guarantã, ipê, peroba-rosa, carrapateira e laranjeira-do-mato. Só de jequitibá-rosa, uma das principais espécies presentes em Ibicatu, são aproximadamente 50 árvores de grande porte.

Publicado em Diário Oficial na quarta-feira, o plano de manejo é o principal instrumento de gestão das unidades de conservação e apresenta um zoneamento do território e as normas para gestão de cada uma dessas zonas.

As zonas foram divididas entre áreas para uso público - para educação ambiental e pesquisa científica -, para o setor de administração da estação, para realização de pesquisas científicas de maior impacto e as que são enquadradas como patrimônio histórico-cultural ou arqueopaleontológico.

Visita técnica realizada na Estação Ecológica Ibicatu, em Piracicaba, em agosto  — Foto: Isabela Borghese/ Prefeitura de Piracicaba
Visita técnica realizada na Estação Ecológica Ibicatu, em Piracicaba, em agosto

Gestor da EE Ibicatu, o Antonio Álvaro Buso Júnior explica que o plano foi criado durante um período de cerca de um ano, em um processo encabeçado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo e com participação de órgãos ambientais, conselho gestor da unidade e população em geral, já que as reuniões eram abertas.

"O que muda é que agora nós temos o zoneamento da estação ecológica. Está definido claramente no mapa quais as áreas que devem ser preservadas, as áreas onde pode ter uma atividade mais intensa de visitação, as áreas que precisam ser restauradas. Mas o mais relevante foram os programas de gestão que foram estabelecidos. Programas de gestão com cronograma de cinco anos, que vão orientar as ações que vamos desenvolver na estação ecológica nesse período", detalha.

No total, são cinco programas: manejo e recuperação, uso público e educação ambiental, interação socioambiental, proteção e fiscalização e pesquisa e monitoramento. Todos eles têm metas a serem cumpridas.

"Esses programas possuem ações e essas ações possuem um cronograma de execução para os próximos cinco anos. Por exemplo, ações de educação ambiental dentro do programa de educação ambiental, como elas devem ser desenvolvidas ao longo desses cinco anos, quais são os possíveis parceiros que podem ajudar a desenvolver esses programas", acrescenta.

Medidas para conservação

O plano também estabelece uma série de medidas para preservação de cada zona durante as atividades desenvolvidas. Nas áreas de conservação, por exemplo, fica proibido o uso de pulverização aérea por agrotóxicos, retirada sem autorização de vegetais ou animais, ou inserção de algumas espécies exóticas.

Já nas áreas de recuperação, permite uso de agroquímicos para controle de espécies exóticas cultivadas ou com potencial de invasão, desde que justificado tecnicamente.

O documento também proíbe a descarga de resíduos poluentes no solo ou água sem tratamento adequado. E veta a realização de obras e empreendimentos dentro da unidade de conservação, com exceção aos de utilidade pública, como saneamento e energia.

O plano também proíbe acesso à unidade de conservação com armas de fogo ou outros materiais destinados à caça, pesca ou outras atividades prejudiciais à fauna e flora.

Entre outras medidas, ainda estão previstas contenção e recuperação de áreas de erosão, criação de aceiros - faixas sem vegetação - no entorno de vegetação nativa, reserva legal e de Áreas de Preservação Permanente (APP) a fim de prevenir incêndios, além de rotas de fuga para a fauna em áreas de cultivo.

Plano de manejo criou um zoneamento que estabelece as atividades que podem ser realizadas em cada área de Ibicatu — Foto: Isabela Borghese/ Prefeitura de Piracicaba
Plano de manejo criou um zoneamento que estabelece as atividades que podem ser realizadas em cada área de Ibicatu 

Corredor ecológico

Buso Júnior destaca que outra definição importante do plano de manejo foi a criação de um corredor ecológico, que conecta a Estação Ecológica Ibicatu até as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Tanquã, Rio Piracicaba e Barreiro Rico.

"O corredor ecológico é composto por propriedades privadas. E a gente vai buscar, através da criação desse corredor ecológico, levar estímulos para essas áreas, incentivar que essa área seja manejada de forma sustentável e também levar políticas públicas para essas áreas particulares, para sempre incentivar a conservação do meio ambiente".

O documento cria, ainda, uma zona de amortecimento, que fica no entorno da unidade de conservação. "Ela vai incluir propriedades privadas, mas que vão ter uma normativa que vai buscar levar algum tipo de proteção adicional à unidade de conversação, para evitar esses efeitos negativos que vêm de fora", acrescenta o gestor da EE.

Visita técnica

As Secretarias de Defesa do Meio Ambiente (Sedema) e de Educação (SME) de Piracicaba participaram de visita técnica à Estação Ecológica Ibicatu no último dia 23 de agosto. O objetivo da visita foi reunir ideias de programas e projetos de educação ambiental na unidade de conservação.

"O objetivo foi fazer um diagnóstico da estação ecológica e entorno para começar a pensar em atividades de educação ambiental. [...] Tanto levar pessoas para dentro da unidade, como trabalhar educação ambiental no entorno, na zona de amortecimento no entorno da estação ecológica. Já estamos buscando parcerias com interessados para trabalhar essas questões", explica Buso Júnior.

O cronograma de atividades como visitações e ações de educação ambiental, que vão incluir diferentes públicos, de estudantes a produtores rurais, ainda será definido e divulgado.

Estação Ecológica tem quase 200 espécies diferentes de pássaros, além de mamíferos e répteis — Foto: Isabela Borghese/ Prefeitura de Piracicaba
Estação Ecológica tem quase 200 espécies diferentes de pássaros, além de mamíferos e répteis

História e diversidade

A área da Estação Ecológica Ibicatu pertencia à Fazenda Pico Alto, antigo nome das fazendas Pau D’Alho e Boa Esperança, pertencentes a Manoel de Moraes Barros, irmão do primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Moraes. Em 1958, foi declarada de utilidade pública e, em 1987, foi criada a Estação Ecológica Ibicatu.

Entre as espécies da fauna, já foram listadas 226 espécies de vertebrados, sendo 199 de aves, 24 de mamíferos e três de répteis. Entre as aves, é possível encontrar andorinhão-do-temporal, caneleiro-preto, bem-te-vi-rajado, sabiá-ferreiro, beija-flor-de-papobranco e a saíra-viúva. Também já foram observadas na unidade, espécies em extinção, como o tamanduá-bandeira, a jaguatirica e a onça-parda.

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