Enquanto aguarda a decisão da Justiça sobre o futuro do mais tradicional bar da boemia paulistana, o Mercearia São Pedro, na Zona Oeste da capital, o
Redação Publicado em 21/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h53
Enquanto aguarda a decisão da Justiça sobre o futuro do mais tradicional bar da boemia paulistana, o Mercearia São Pedro, na Zona Oeste da capital, o economista Marcos Benuthe, de 64 anos, faz planos para manter vivo o que ele chama de “espírito de resistência do velho Merça” entre os amigos escritores e intelectuais que fizeram a fama do bar da Rua Rodésia.
Ele planeja abrir ainda em 2021 um outro café-livraria/cervejaria na Rua Marinho Falcão, na mesma Vila Madalena onde o pai, Pedro Benuthe, iniciou a vida familiar de comerciante.
O bar aberto por Pedro Benuthe em 1968 pode fechar as portas após um litígio entre os irmãos que o herdaram. Marcos está em uma disputa judicial com Pedro Issa, detentor dos outros 50% do espaço, na 5ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros, em uma ação de dissolução de sociedade que pode colocar à venda a sede do bar (entenda mais abaixo).
“O fim do diálogo com meu irmão me deixou muito chateado e levar as coisas para a Justiça não é algo que vou esquecer facilmente. Mas a partir de agora quero deixar para trás as mágoas e tentar recomeçar a vida, aos 64 anos. Não esquecerei o Mercearia porque foi lá que comecei novinho a trabalhar com meu pai. Além de ex-funcionários e amigos, quero levar para o Ria o espírito vivo do velho Merça, que é do meu pai e também o meu, de tornar o lugar um espaço de liberdade, encontros e alegria”, afirma Benuthe.
O nome Ria do novo espaço vem do sufixo das três coisas que deram fama ao Mercearia São Pedro, segundo Benuthe: cervejaria, livraria e mercearia. A livraria também tem uma revista eletrônica que está na 15ª edição e dá espaço para novos poetas e escritores da cidade.
“A livraria era uma brincadeira com esse casamento mágico entre livros, cerveja e boa comida. A brincadeira simbolizava o que o Mercearia era e por isso a livraria lá dentro tinha esse nome”, disse o empresário.
Os escritores Xico Sá e Marçal Aquino durante evento na livraria Ria, no bar Mercearia São Pedro, ao lado de Marcos Benuthe — Foto: Acervo pessoal
“Num momento como esse que o país vive, de tragédia social, de desmantelamento da cultura e das boas relações de diálogo, não temos motivo nenhum para rir. Por isso o Ria vai tentar encampar, com muita humildade, o espírito de resistência contra o desmonte atual do Brasil e oferecer um espaço pra quem quiser celebrar o que a nossa gente tem de bom, entre cerveja geladinha e bons livros”, declarou.
A previsão de inauguração do Café e Livraria Ria é outubro, na Rua Marinho Falcão, 58. E o espaço já conta com uma fila modesta de amigos que querem marcar o lançamento de suas obras literárias no espaço, como acontecia no antigo bar, segundo o empresário.
Editoras independentes também têm procurado Benuthe para ajudar na montagem de um espaço literário no novo endereço, diz ele.
“A pretensão não é ser um novo Mercearia. Porque a vida é cíclica e segue seu curso. Depois dessa pandemia, todo mundo está renascendo de alguma forma. E o Ria será um renascimento para mim e para os amigos que me entusiasmaram com a ideia, mantendo a esperança de retorno daquelas mesas cheias de boa conversa, risadas e cerveja”, afirmou.
E emenda: “Quero manter o pastel, as porções e o rosbife, que são heranças do meu pai e que eu também ajudei a criar e introduzir no cardápio. Mas quero mesmo é manter a esperança de um lugar legal para conversar e criar histórias, como as tantas que nasceram nas mesas do Mercearia e viraram até livro. Com o fechamento de tantas livrarias na cidade e no país por causa da crise, também tentar ser uma pequena livraria de rua que serve cerveja”.
‘Mercearia São Pedro’, na Rua Rodésia, Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Reprodução/Facebook
Os dois irmãos entraram em disputa judicial depois de divergências na apresentação das contas do bar que eles herdaram após a morte do pai. A briga fez com que Pedro Issa deixasse de pagar o pró-labore ao qual Marcos tem direito, levando a divergência familiar para os tribunais.
Em sentença proferida em 4 de agosto, a juíza da 31ª Vara Cível da capital paulista decidiu colocar à venda três prédios vizinhos ao bar de propriedade da dupla, a fim de dividir os bens entre eles. Um dos prédios à venda, o do número 20, serve de depósito do bar.
Já o número 34 da Rodésia, onde o Mercearia faz atendimento aos clientes há 52 anos, é alvo de uma segunda ação por dissolução de sociedade que ainda aguarda a apreciação da 5ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros. A decisão da juíza Luciana Bassi de Melo determinará se o local será igualmente colocado à venda, o que pode selar o fim do bar que funciona por lá desde 1968.
Sobre o futuro do antigo bar da família, Marcos Benuthe diz que prefere não comentar.
“Meu advogado orientou a não falar sobre isso até a decisão da Justiça. Além da ação de dissolução de sociedade, o prédio da Rodésia, 34 ainda tem o inventário da morte do meu pai, que está em fase de finalização, depois de 19 anos do meu irmão atrasando o desfecho. O prédio tem quatro herdeiros: eu, ele e meus dois sobrinhos, filhos do meu irmão que morreu. O futuro está nas mãos da Justiça”, declarou.
O G1 procurou Pedro Issa, detentor de outros 50% do Mercearia São Pedro, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
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Fontes: G1 – Globo.
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