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Rio Grande do Sul

Após 1 mês, nível do Guaíba fica abaixo da cota de inundação

Depois de recorde histórico de cheias, Guaíba finalmente retorna ao seu leito natural, mas cidade ainda permanece em estado de alerta

Bairro Cavalhadas, em Porto Alegre (RS) - Imagem: Reprodução / Rafa Neddermeyer / Agência Brasil
Bairro Cavalhadas, em Porto Alegre (RS) - Imagem: Reprodução / Rafa Neddermeyer / Agência Brasil

Sabrina Oliveira Publicado em 01/06/2024, às 17h31


Porto Alegre respira um pouco mais aliviada. Na madrugada deste sábado (1º), o nível do lago Guaíba caiu abaixo da cota de inundação na Usina do Gasômetro, marcando a primeira vez em um mês que o lago retorna ao seu leito natural. Apesar da boa notícia, o clima de alerta na cidade ainda persiste devido aos recentes eventos climáticos extremos que causaram devastação em várias regiões do Rio Grande do Sul.

Desde o início de maio, o Guaíba permaneceu acima da cota de inundação, culminando em seu ponto mais alto de 5,35 metros no dia 5 de maio. Este foi um recorde histórico, superando a marca anterior de 4,76 metros registrada em 1941. As fortes chuvas que assolaram o estado resultaram em inundações devastadoras, forçando milhares de pessoas a deixarem suas casas e causando danos significativos.

Às 4h30 deste sábado, o nível do Guaíba caiu de 3,60 metros (cota de inundação) para 3,59 metros, e às 6h15 já estava em 3,57 metros. Este é o primeiro recuo abaixo da cota desde o dia 2 de maio, quando o lago atingiu 3,69 metros.

Consequências das enchentes

As inundações de maio foram trágicas para o estado. O número de mortos chegou a 171, com 43 pessoas ainda desaparecidas, 806 feridas e mais de 617,9 mil desabrigadas. Um total de 473 municípios, de um total de 497, sofreram algum tipo de dano, resultando em prejuízos bilionários para o Rio Grande do Sul.

Porto Alegre, em particular, viu áreas importantes como a rodoviária, o aeroporto, ruas do Centro Histórico e o Mercado Público serem severamente afetadas. Estádios de futebol também ficaram alagados, destacando a gravidade das inundações.

A tempestade começou em 27 de abril, em Santa Cruz do Sul, e se estendeu por mais de 10 dias, sobrecarregando as bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí. A água transbordou, inundando municípios e causando destruição em larga escala. Em Cruzeiro do Sul, na Região dos Vales, um vídeo registrou o resgate dramático de duas pessoas ilhadas no telhado de uma casa; uma foi salva, enquanto a outra foi tragicamente levada pelas águas.

Novas Medidas e monitoramento

Em resposta às cheias históricas, o Governo do Rio Grande do Sul revisou a cota de inundação do Guaíba para 3,60 metros, substituindo a cota anterior de 3 metros. A cota de alerta também foi ajustada de 2,50 para 3,15 metros. Estas mudanças foram implementadas para refletir com maior precisão as condições atuais e facilitar o monitoramento.

Uma nova régua emergencial foi instalada na Usina do Gasômetro em 3 de maio, substituindo a régua do Cais Mauá, que apresentou problemas. Esta nova instalação visa garantir acesso fácil, transparência e capacidade de interpretação dos dados por equipes de monitoramento.

O professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, explicou que, apesar das diferentes localizações das réguas, ambas são equivalentes. A cota de inundação de 3,60 metros na estação emergencial corresponde aos 3 metros registrados no Cais Mauá. "A medição ainda é válida. O valor de 5,35 metros medido na Usina do Gasômetro será conferido, e qualquer correção será mínima", afirmou Fan.

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