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Pastores são presos na Nicarágua em decisão tomada a portas fechadas

Religiosos são presos na Nicarágua - Imagem: Divulgação / Diócesis de Matagalpa
Religiosos são presos na Nicarágua - Imagem: Divulgação / Diócesis de Matagalpa
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 01/04/2024, às 14h26


Nenhum cristão está livre de perseguição na Nicarágua. O país se configura como um dos mais hostis ao cristianismo na atualidade, tendo empreendido ações violentas contra católicos e protestantes.

Na última quinta-feira (28), o Judiciário do país condenou mais de uma dúzia de pastores do ministério Mountain Gateway, com sede nos Estados Unidos, acusando-os de lavagem de dinheiro. Sem importar-se com questões dos Direitos Humanos desses cidadãos, o regime ditador de Daniel Ortega manteve os líderes religiosos detidos há mais de 2 meses, período em que foram proibidos de qualquer contato com suas familiares e advogados, uma postura bastante conhecida em países governados por tiranos.

A “Justiça” nicaraguense votou pela condenação dos pastores, impondo-lhes penas que variam entre 12 e 15 anos de detenção, além de impor-lhes multas individuais que, pasmem, passam de 80 milhões de dólares! Como se pode ver, ditadores desconhecem o significado de termos como “justiça” e “limites”.

Acusados falsamente de lavagem de dinheiro, os condenados passaram por um julgamento absolutamente suspeito e que, na verdade, sequer poderia ser chamado “julgamento”, tanto que ocorreu a portas fechadas, no Complexo Judicial Central de Manágua. Prova disso foi a incompetência da acusação, um “cachorrinho adestrado de Ortega” foi incapaz de apresentar qualquer prova de que os líderes religiosos realmente teriam incorrido em ilicitudes nem da origem dos supostos valores ilegais que teriam sido “lavados”. Aliás, não há como provar o que não aconteceu, embora se saiba que tiranos não necessitam de provas para condenar inocentes e que poderiam, inclusive, tê-las forjado para fazer cumprir sua vontade doentia.

A advogada da Aliança em Defesa da Liberdade (ADF Internacional) demonstrou preocupação com o caso e declarou que nenhum cidadão está a salvo de sofrer perseguição religiosa do território de Ortega, e completa “[...] É devastador ver as falsas acusações, julgamentos e condenações desses pastores e líderes religiosos que simplesmente compartilhavam sua fé e serviam aos cidadãos nicaraguenses”. “Uma clara tentativa de eliminar a fé do país”, disse.

Não faz muito tempo que o governo tirano virou notícias ao fechar igrejas, descontinuar trabalhos sociais a elas vinculados e apossar-se de seus recursos e bens. A perseguição escancarada de Daniel Ortega persiste há anos, mas tornou-se implacável desde 2018.

Em 2022, o bispo de Matagalpa, dom Ronaldo Álvarez, passou 15 dias detidos com outros padres, seminaristas e leigos, sendo vigiados pela polícia e por drones. Ortega e sua mulher, Rosario Murillo, têm vitimado cristãos de forma dura e constante nos últimos anos, incluindo o padre Oscar Benavidez, da paróquia do Espírito Santo, diocese de Siuna; a diocese de Matagalpa, vigiada por agentes enquanto uma missa era celebrada pelo padre Salvador López; obrigando os padres Vicente Martín e Sebastián Lopez a se esconderem de uma perseguição policial; expulsando 18 freiras da ordem fundada por Madre Teresa de Calcutá que estavam no país há mais de 30 anos. As religiosas foram escoltadas pela polícia até chegarem à fronteira com a Costa Rica.

A ADF Internacional emitiu solicitação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que faça a Nicarágua garantir direito à saúde, à vida e à integridade física dos pastores, tanto na prisão quanto no decorrer do processo.

Enquanto isso, para vergonha e revolta dos brasileiros de bem, o (des)governo Lula tratou com desprezo as violações do ditador Ortega e aconselhou diálogo com o tirano. Ao minimizar tais violações, Lula afirma sua crença de que “Pimenta nos olhos alheios é refresco”. 

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