por Agenor Duque
Publicado em 06/07/2024, às 06h00
A morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi, vítima de um acidente de helicóptero dia 19 de maio, fez com que o Irã iniciasse uma corrida eleitoral marcada pelo descontentamento popular e pelo impacto das sanções internacionais. O cenário instável culminou na vitória do candidato “reformista” Massoud Pezeshkian no segundo turno das eleições presidenciais, superando Said Jalili, um ultraconservador islâmico e antigo negociador do programa nuclear iraniano. Com uma participação de apenas 49,8% da população, considerada a mais baixa desde o início da República Islâmica do Irã, o pleito refletiu o cansaço e a desilusão dos iranianos com a política vigente.
Massoud Pezeshkian, de 69 anos, é um cirurgião cardíaco que anteriormente ocupou o cargo de ministro da Saúde e foi parlamentar. Inicialmente pouco conhecido, Pezeshkian emergiu como uma figura proeminente com uma mensagem de “moderação” e aproximação com o Ocidente. Durante a campanha, ele criticou a imposição obrigatória do véu islâmico e prometeu revitalizar o pacto nuclear de 2015, angariando apoio entre os eleitores descontentes com a repressão do governo anterior. Apesar de sua imagem reformista, sua trajetória inclui apoio a medidas conservadoras, como um projeto de lei em 2010 para envergonhar publicamente mulheres que desrespeitassem as regras do hijab, o que nos traz certas dúvidas quanto as suas promessas de campanha.
Pezeshkian venceu com 53,6% dos votos, contra 44,3% de Jalili, em uma eleição que teve um total de 30,5 milhões de votos. Ele se tornará o nono presidente da República Islâmica do Irã, sucedendo a Ebrahim Raisi. A vitória de Pezeshkian, no entanto, não altera a dinâmica fundamental do regime iraniano, onde o líder supremo, Ali Khamenei, ainda mantém vastos poderes sobre a política externa e de segurança. Khamenei, em sua mensagem de parabéns, “aconselhou” Pezeshkian a continuar as políticas de Raisi, destacando uma continuidade esperada no governo do novo presidente.
As promessas de Pezeshkian de um Irã mais aberto ao Ocidente são recebidas com certo ceticismo, dado seu histórico e por conta do controle do líder supremo sobre as decisões mais críticas do país. Sua vitória é vista mais como um reflexo do descontentamento com a administração anterior do que uma verdadeira mudança de rumo. As dúvidas persistem sobre sua capacidade de implementar reformas significativas em um regime teocrático tão rígido.
A eleição de Pezeshkian ocorre em um contexto de tensões regionais acentuadas, particularmente devido à guerra em Gaza e à repressão interna exacerbada durante o governo de Raisi. Sob Raisi, o Irã intensificou a repressão a críticos, ativistas e jornalistas, especialmente contra mulheres que não usavam o véu islâmico. Estes atos provocaram os maiores protestos contra as autoridades iranianas em anos, resultando em centenas de mortes.
A relação do Irã com grupos terroristas como Hamas, Hezbollah e outros que visam a destruição de Israel e a perseguição de judeus e cristãos é um aspecto importantíssimo e que não pode ser ignorado. O Irã tem sido um dos principais financiadores e apoiadores destes grupos, cuja agenda é marcada pelo ódio contra Israel e a busca pela sua aniquilação. Historicamente, todos aqueles que se levantaram contra Israel, o povo escolhido de Deus, enfrentaram severas consequências. As Escrituras são repletas de exemplos de nações que, ao perseguirem o povo de Deus, encontraram a ira divina.
Os grupos terroristas financiados pelo Irã perpetuam violência e ódio, mas a história mostra que a mão de Deus sempre agirá em defesa do Seu povo. A continuidade do regime radical e antissemita no Irã, mesmo sob a presidência de um líder aparentemente “mais moderado”, mantém a ameaça viva contra Israel e os judeus em todo o mundo.
Enquanto o novo presidente Pezeshkian promete mudanças e uma reaproximação com o Ocidente, a realidade do controle dos aiatolás e do líder supremo Khamenei abafaqualquer esperança de uma verdadeira reforma. O regime iraniano, com suas políticas de ódio e repressão, continua representando uma ameaça não apenas para Israel e seus aliados, mas para todos que valorizam a liberdade, a dignidade humana e principalmente, judeus e cristãos. E é por esse e outros fatores que as palavras de Pezeshkian, oferecendo uma "mão de amizade a todos", soam vazias frente à história de violência e opressão do regime que ele agora lidera e representa.
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