por Agenor Duque
Publicado em 27/05/2023, às 07h32
A história de racismo contra judeus remonta a séculos e está enraizada em várias regiões do mundo. Conhecido como antissemitismo, esse fenômeno tem suas origens na antiguidade, mas atingiu proporções extremas durante o século XX, com o Holocausto, o mais cruel massacre da história, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.
Entretanto, há quem afirme que o judaísmo, e consequentemente o judeu, considere os negros como pessoas amaldiçoadas, mas, fazer tal afirmação seria declarar que a religião tem preconceito contra seu próprio povo, já que a história dá conta não só da existência de judeus negros, mas depõe contra a imagem de um judeu típico, um homem do Oriente Médio, que está longe de ser pessoa branca e de olhos azuis.
Embora seja impossível generalizar sobre todas as pessoas e comunidades judaicas, é possível elencar informações que demonstram a abordagem inclusiva e a rejeição do preconceito dentro do judaísmo, a começar pelos fundamentos religiosos. O judaísmo valoriza o princípio de que todos os seres humanos são criados à imagem de Deus e possuem uma igual dignidade e valor intrínsecos. A Torá, livro sagrado do Judaísmo, enfatiza a importância de tratar os outros com bondade, justiça e respeito, independentemente de sua origem étnica.
Em segundo lugar está a história judaica, ao longo da qual o povo judeu enfrentou discriminação e perseguição, o que sensibilizou muitos judeus para a importância de combater o preconceito e lutar pela igualdade de direitos. Muitos judeus estiveram envolvidos ativamente nos movimentos pelos direitos civis e no combate ao racismo.
A questão número três trata-se do posicionamento de muitos líderes e estudiosos judaicos contemporâneos que têm se posicionado contra o racismo e o preconceito, defendendo a igualdade de direitos e a valorização da diversidade como princípios fundamentais do judaísmo.
E o último tópico a ser elencado aqui relaciona-se à existência de comunidades judaicas diversas. O judaísmo é uma religião que abrange uma ampla gama de comunidades em todo o mundo, com diferentes tradições culturais, étnicas e raciais. Existem comunidades judaicas em todos os continentes, incluindo judeus de origem africana, o que mostra que o judaísmo acolhe pessoas de diversas origens raciais e étnicas.
Olhando para a história do povo judeu, é possível notar que a etnia negra faz parte dela desde os primórdios. Como uma das religiões mais antigas do mundo, com raízes históricas e culturais que remontam aos tempos antigos, o judaísmo é uma religião que se baseia nos ensinamentos de Abraão e que chegou à Etiópia há cerca de 3 mil anos, sendo identificada com a tribo perdida de Dã.
A Comunidade Judaica Etíope, chamada Beta Israel [“casa de Israel”], cujo nome está associado a vivência deste povo no Reino de Israel, antes da invasão deste pela Assíria, que destrói esse reino e deporta as dez tribos para o exílio. Com o exílio, essas tribos são enviadas para a região onde hoje é a Etiópia e se juntam à pequena comunidade Judaica ali existente, graças à Rainha de Sabá que visitara Jerusalém trezentos anos antes para conhecer pessoalmente a sabedoria do rei Salomão; sendo assim, graças à tradição etíope, o judaísmo chega à Etiópia.
Com a família da rainha de Sabá e a chegada da exilada tribo de Dã, funda-se a comunidade de Beta Israel, que mantinha práticas judaicas bíblicas, como a circuncisão, a não ingestão de alimentos proibidos na Bíblia, como a carne de porco, por exemplo, e guardavam o Shabbat [Sábado]. Isolados ali, eles imaginavam serem os únicos judeus no mundo e oravam diariamente para poderem voltar à sua terra de origem. Esperavam pelo cumprimento da profecia de que voltariam à sua terra, como descrito em Isaías 11.11: “Naquele dia, o Senhor estenderá a mão pela segunda vez, para trazer de volta o remanescente de seu povo, aqueles que restarem na Assíria e no norte do Egito, no sul do Egito, na Etiópia e em Elão, na Babilônia, em Hamate e nas distantes terras costeiras [...]” (Nova Versão Transformadora, versão on-line; grifo nosso).
Somente no século 19 esse grupo soube da existência de outros judeus e da comunidade dos Beta Israel. No início dos anos 1970, com o início da Guerra Civil da Etiópia, em que milhares morrem pelo conflito e pela fome, muitos ataques são feitos à Comunidade Judaica local, tornando impossível continuar vivendo ali. Graças à operação Mossad, do Serviço Secreto de Israel, à cooperação do Sudão, à Operação Moisés e, finalmente, à Operação Salomão, milhares de Beta Israel vivenciam o cumprimento da profecia, sendo levados à sua Pátria amada, depois de mais de 2.700 anos de exílio.
Atualmente, mais de cento e cinquenta mil Beta Israel vivem em Israel, o que custou altíssimo preço: mais de 4 mil pessoas morreram nesta luta. Seria, então, um absurdo que uma nação que tanto sofreu com preconceito pudesse protagonizá-lo.
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