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COLUNA

Estados Unidos mediam acordo para a normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel

Governo saudita pode reconhecer o Estado de Israel em troca de favores com os americanos

Estados Unidos mediam acordo para a normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel - Imagem: Divulgação / Royal Court
Estados Unidos mediam acordo para a normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel - Imagem: Divulgação / Royal Court
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 11/08/2023, às 06h34


Menos de um ano após Joe Biden advertir Riad a respeito de consequências advindas da redução em sua produção de petróleo, membros do alto escalão do gabinete “joebideniano” foram enviados para reunião com a realeza saudita. No final de junho, Antony Blinken, secretário de Estado americano, voou para a Arábia Saudita, onde permaneceu durante 3 dias; recentemente, Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional, foi a Jidá, para tratar da guerra na Ucrânia. Em reuniões bilaterais, constam na pauta temas como o terrorismo, a atual situação do Iêmen (sob conflito bélico desde 2014), e incluem a temática da normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita.

Oficiais norte-americanos veem com otimismo permeado de certa dose de cautela a possibilidade de que, em menos de um ano, sejam definidos os detalhes deste que tende a ser o “acordo de paz mais importante do Oriente Médio”[1]. O acordo visa a que a Arábia Saudita reconheça Israel e está sendo mediado pelos EUA.

As iniciativas para um acordo entre Arábia Saudita e a “Terra do Tio Sam” tiveram início por ocasião de um encontro do príncipe saudita, Mahammed Bin Salman, com o conselheiro de segurança nacional de Joe Biden, Jake Sullivan. As negociações tratam atualmente dos detalhes do acordo e contemplam, uma relação de troca em que o governo saudita receba dos americanos auxílio no desenvolvimento de um programa nuclear civil, lhes forneçam garantias de segurança e que o Estado palestino seja criado.

Os termos gerais do acordo já foram elaborados e preveem também que a Arábia Saudita de distancie da China e “receba componentes nucleares civis”, segundo informações dos jornais de Riade e  Washington. A estimativa norte-americana é de que detalhes deste acordo estejam concluídos até agosto de 2024, o que se configuraria em um troféu para Biden, já que coincidirá com as eleições presidenciais, previstas para novembro do mesmo ano, em que o atual líder norte-americano é candidato à reeleição.

Relações normalizadas entre Israel e os sauditas exercerão forte impacto nas questões geopolíticas da região, podendo ser fator desencadeador de novos acordos entre outras nações árabes, que poderão lhe seguir o exemplo. Dentre os analistas, há quem afirme que o atual acordo pode ser equiparado com o ocorrido em 1978, entre Egito e Israel. E vale lembrar que o ex-presidente americano Donald Trump conseguiu a normalização das relações entre Israel e países como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão, Marrocos, dentre outros.

Biden e Benjamim Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, consideram de grande importância normalizar os laços entre sauditas e israelenses. Ambos os líderes creem que melhorar o relacionamento entre os dois povos pode beneficiar o Oriente Médio, já que tem grande potencial de aumentar a segurança na região. “Quanto melhores forem as relações entre Israel e seus vizinhos árabes, melhor para todos”, afirmou o presidente norte-americano, em março deste ano.

Para Esham Alghannam, da Universidade Árabe Naif de Ciências para Segurança, Riad busca saber se os israelenses se movimentarão a fim de que ocorram avanços tangíveis que levem à solução do conflito entre israelenses e palestinos, e conclui: “Agora, cabe a Israel, e não à Arábia Saudita, mostrar que está disposto a firmar a paz com o reino”.

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[1] www.jornaldocomércio.com

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