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Elize Matsunaga: leia trechos de ‘Piquenique no inferno’, livro em que ela pretende contar à filha por que matou o marido

Condenada por ter matado e esquartejado o marido em 19 de maio de 2012, Elize Matsunaga, de 40 anos, escreveu na prisão o manuscrito "Piquenique no inferno",

Elize Matsunaga: leia trechos de ‘Piquenique no inferno’, livro em que ela pretende contar à filha por que matou o marido
Elize Matsunaga: leia trechos de ‘Piquenique no inferno’, livro em que ela pretende contar à filha por que matou o marido

Redação Publicado em 20/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h18


Ao longo das 178 páginas, ela também registra estupro sofrido na adolescência e violência doméstica após o casamento.

Condenada por ter matado e esquartejado o marido em 19 de maio de 2012, Elize Matsunaga, de 40 anos, escreveu na prisão o manuscrito “Piquenique no inferno”, livro em que pretende pedir perdão à filha do casal (veja mais no vídeo acima). Na obra, ela quer contar à garota que assassinou Marcos Matsunaga sozinha, para se proteger de ofensas e agressões cometidas por ele.

O crime ocorreu no apartamento do casal, na Zona Oeste de São Paulo. Desde então, Elize está impedida pela Justiça de ver a filha, que tinha 1 ano de idade na época.

No manuscrito, a mulher, que é bacharel em direito, relata o que teria ocorrido antes de atirar no marido, herdeiro da Yoki. Alternando 1ª e 3ª pessoa em alguns momentos, também conta que foi estuprada pelo padrasto aos 15 anos de idade e que sofreu violência doméstica após o casamento.

g1 teve acesso aos registros e separa, nesta reportagem, alguns trechos das 178 páginas do material.

Veja a seguir trechos de ‘Piquenique no inferno’:

Momentos antes do disparo

Elize Matsunaga conta no livro que foi estuprada pelo padrasto quando tinha 15 anos. Ela usou o nome fictício de Paulo para falar dele. Ao lado, a bacharel conta que atirou para se defender das agressões de Marcos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal e André Bias/TV Vanguarda

Elize Matsunaga conta no livro que foi estuprada pelo padrasto quando tinha 15 anos. Ela usou o nome fictício de Paulo para falar dele. Ao lado, a bacharel conta que atirou para se defender das agressões de Marcos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal e André Bias/TV Vanguarda

No manuscrito, Elize Matsunaga diz ter disparado a arma a esmo, para se defender. Ela teria sido chamada de “vagabunda”.

“Atira, sua fraca! Atira! Sua vagabunda! Atira ou some daqui com sua família de bosta e deixa minha filha. Você nunca mais irá vê-la. Acha que algum juiz dará a guarda a uma puta?”, escreve Elize sobre o que teria ouvido antes de atirar.

Ela continua: “A cabeça de Elize parecia um torvelinho. Um caos. Um turbilhão de palavras e sentimentos, entre eles o medo, tão perigoso… Foi então que o dedo no gatilho fez seu trabalho…”

Violência sexual cometida pelo padrasto

Elize conta no livro que foi estuprada pelo padrasto quando tinha 15 anos. Ela usou o nome fictício de Paulo para falar dele. Ao lado, a bacharel conta que atirou para se defender das agressões de Marcos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Elize conta no livro que foi estuprada pelo padrasto quando tinha 15 anos. Ela usou o nome fictício de Paulo para falar dele. Ao lado, a bacharel conta que atirou para se defender das agressões de Marcos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Elize escreve que teria foi estuprada pelo padrasto quando tinha 15 anos:

“Quando a penetrava, Elize sentia uma dor cortante com a sensação quente de seu sangue e a reação inútil de seu corpo. Cedeu sua virgindade à violência”.

Pedido de perdão à filha

Elize escreveu o livro num caderno escolar com uma capa que mostra três crianças brincando; Ao lado o título provisório da obra: 'Piquenique no Inferno' — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Elize escreveu o livro num caderno escolar com uma capa que mostra três crianças brincando; Ao lado o título provisório da obra: ‘Piquenique no Inferno’ — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Por decisão da Justiça, a guarda da filha de Elize com Marcos Matsunaga foi passada aos avós paternos da garota, que proíbem o contato da criança com a mãe desde 2012. Na época do crime, a menina, que tinha 1 ano, estava dormindo sozinha no andar superior do imóvel e, segundo Elize, não viu nem ouviu nada.

“Espero muito ansiosamente que um dia você me perdoe. Não pretendo justificar o injustificável”, escreve Elize. “Não há a menor possibilidade de desistir de lutar por ti, minha filha.”

Ela continua: “Minha amada [filha], não sei quando você lerá essa carta ou se um dia isso irá acontecer. Sei o quão complicada é nossa história, mas o que eu escrevo aqui não se apagará tão fácil”.

Elize e Marcos Matsunaga — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Elize e Marcos Matsunaga — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

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G1
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