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Duas semanas após visita de Bolsonaro, cidades de SP castigadas pelas chuvas ainda não receberam recursos do governo federal

Passadas duas semanas desde o sobrevoo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e um grupo de ministros por cidades castigadas pelas chuvas na Grande

Duas semanas após visita de Bolsonaro, cidades de SP castigadas pelas chuvas ainda não receberam recursos do governo federal
Duas semanas após visita de Bolsonaro, cidades de SP castigadas pelas chuvas ainda não receberam recursos do governo federal

Redação Publicado em 17/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h02


Passadas duas semanas desde o sobrevoo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e um grupo de ministros por cidades castigadas pelas chuvas na Grande São Paulo, o Ministério de Desenvolvimento Regional ainda não enviou para esses municípios os recursos emergenciais prometidos para atenuar os efeitos do temporal.

O ministério é o responsável no âmbito federal por áreas como defesa civil, saneamento básico e habitação, ou seja, aquelas com recursos previstos no Orçamento Geral da União para ações como prevenção a respostas para danos decorrentes de enchentes.

Nesta quarta-feira (16), depois de estragos na Bahia, em Minas Gerais e em São Paulo, temporais provocaram destruição e deixaram 66 mortos em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Entre o fim de janeiro e o início deste mês, diferentes regiões do estado de São Paulo foram fortemente impactadas pelas chuvas. A pior situação foi a vivida por Franco da Rocha, na região metropolitana, onde 18 pessoas morreram. Em todo o estado, o número de mortes chegou a 34.

O presidente Jair Bolsonaro, que sobrevoou cidades atingidas pelas chuvas no estado de São Paulo — Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

O presidente Jair Bolsonaro, que sobrevoou cidades atingidas pelas chuvas no estado de São Paulo — Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

No dia 1º deste mês, durante a visita à região de Franco da Rocha, Bolsonaro declarou: “Lamentamos as mortes. Sabemos que, muitas vezes, as pessoas constroem a sua residência por necessidade em um local que 10, 20, 30 anos depois, o tempo leva a desastres”.

No dia 2 de fevereiro, em entrevista, o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirmou: “Os municípios têm que preencher um formulário, isso é rápido, são 24 horas, para a ajuda de resposta após a decretação da calamidade, ou da emergência, depende do caso. O dinheiro que será disponibilizado será o necessário. Nós não temos a quantia exata porque nós não sabemos a dimensão do problema. Cada prefeitura verifica o número de famílias desabrigadas, a necessidade de se providenciar alimentação, cobertores, medicamentos. O que for necessário será disponibilizado. Essa é a orientação do presidente”.

Em nota enviada nesta terça-feira (15), o ministério informou que “os municípios Capivari, Campo Limpo Paulista, Monte Mor, Caieiras, Mombuca, Santa Isabel, Várzea Paulista e Jaú obtiveram o reconhecimento federal de situação de emergência em razão das chuvas que atingiram o estado de São Paulo no final de janeiro”. No entanto, segundo a própria pasta, “até o momento, nenhuma das oito cidades que já estão com o reconhecimento federal encaminhou solicitação de recursos ao Ministério do Desenvolvimento Regional”.

GloboNews tenta ouvir desde esta terça as oito prefeituras citadas pelo ministério. Quatro delas contestam a informação passada pelo governo federal. São elas: Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Monte Mor e Mombuca. Outra informou que seu pedido se restringiu ao envio de cestas básicas e a informações sobre como vítimas das enchentes poderiam sacar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A Prefeitura de Mombuca disse, em nota, que “o relatório da situação ocorrida em Mombuca e a solicitação de recursos ao Ministério de Desenvolvimento Regional já foi solicitada”.

Já a Prefeitura de Campo Limpo Paulista afirmou que “essa informação [do ministério] não procede. Inclusive protocolamos hoje (15/02) um ofício solicitando a liberação de recursos para reconstrução dos danos”.

O ofício, enviado à reportagem pela assessoria de imprensa, menciona o valor de R$ 9,3 milhões a serem repassados pelo governo federal (veja abaixo).

Ofício da Prefeitura de Campo Limpo Paulista, no interior de SP, solicitando ajuda do governo federal. — Foto: Reprodução

Ofício da Prefeitura de Campo Limpo Paulista, no interior de SP, solicitando ajuda do governo federal. — Foto: Reprodução

A Prefeitura de Várzea Paulista informou que, durante a visita de Bolsonaro à região, um ofício – com uma solicitação de repasse de R$ 19 milhões – foi entregue pessoalmente à equipe do presidente. “A Prefeitura de Várzea Paulista esclarece que o reconhecimento federal da situação emergencial no município só se deu no dia de ontem (14)”.

“Ainda assim”, segue a nota, “a administração municipal já havia protocolado solicitação de recursos muitos dias antes, solicitação esta entregue diretamente à equipe do presidente da República em mãos, no dia de sua visita à cidade de Francisco Morato. O Município solicitou a liberação de recursos no valor de R$ 19 milhões para obras emergenciais de infraestrutura e manutenção em bairros de Várzea Paulista”.

Ofício da Prefeitura de Várzea Paulista solicitando repasse de R$ 19 milhões do governo federal. — Foto: Reprodução

Ofício da Prefeitura de Várzea Paulista solicitando repasse de R$ 19 milhões do governo federal. — Foto: Reprodução

Já a Prefeitura de Monte Mor disse que “tudo foi encaminhado”: “Nosso departamento jurídico esteve reunido com a ministra Damares [Alves, da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos], algumas semanas atrás. E todas as demandas foram feitas, dentro dos meios legais, dentro dos prazos e ferramentas disponíveis”.

A Prefeitura de Santa Isabel informou que “solicitou ao governo auxílio com cesta básica e opção para os munícipes sacarem o FGTS.”

As demais prefeituras citadas não responderam até a última atualização desta reportagem.

O Ministério de Desenvolvimento Regional informou que, além dessas oito cidades, outras dez estão com o pedido de reconhecimento da situação de emergência em análise.

De acordo com a o órgão, esse reconhecimento é um dos requisitos para o repasse de recursos do governo federal a essas cidades paulistas castigadas pelas chuvas.

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G1

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