Mulheres nos eSports: coletivos e ações que lutam por inclusão

Tendo em vista o Dia Internacional da Mulher, o ge preparou uma lista com iniciativas como Sakuras eSports, Projeto Valkirias e AFGB, entre outras, que são

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Redação Publicado em 08/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h09

Iniciativas buscam por profissionalização das mulheres no mercado gamer

Tendo em vista o Dia Internacional da Mulher, o ge preparou uma lista com iniciativas como Sakuras eSports, Projeto Valkirias e AFGB, entre outras, que são fundamentais para a profissionalização da mulher nos eSports. O crescente número de mulheres atuando no mercado de esportes eletrônicos se dá muito pelo impacto gerado por coletivos e ações que lutam por inclusão e combatem a desigualdade de gênero no meio gamer. Até por conta disso, listamos algumas streamers para assistir e acompanhar. Fato é: a realidade já se mostra com mulheres reafirmando um espaço que sempre foi seu de direito nos games.

Layze “Lahgolas”, a primeira caster mulher preta contratada pela Riot Games, é exemplo de como é necessário que se invista em espaços seguros e em oportunidades para que mais mulheres participem do cenário – seja como casters, jogadoras, streamers ou qualquer outra profissão. Lahgolas foi acolhida pela Wakanda Streamers e teve junto à Sakuras uma oportunidade de se lançar no mercado.

Falar sobre coletivos implica também abordar sobre campeonatos femininos. Já consideradas polêmicas, iniciativas como ligas exclusivamente para mulheres não têm a intenção de excluir, mas sim de incluir. É sobre dar a visibilidade que muitas não conseguem em grandes torneios (que são, a priori, mistas) e afastá-las do comportamento tóxico que muitos homens ainda produzem dentro dos eSports, como a onda de exposed puxada pela denúncia contra Gabriel “MiT” (LoL), no início desse ano.

Casos como o de Júlia “Mayumi”, ex-suporte da INTZ, que saiu da equipe após não disputar uma partida oficial sequer em 2020, evidenciam como oportunidades não são dadas igualmente e reforçam a importância das iniciativas listadas a seguir.

Coletivos

Sakuras eSports

Sakuras Esports — Foto: Divulgação / Twitter

A Sakuras eSports é uma organização que visa aumentar a visibilidade para as mulheres no cenário dos esportes eletrônicos promovendo uma plataforma para competidoras e criadoras de conteúdo. É um trabalho que gira em torno de campeonatos femininos, divulgação de streamings e conteúdo produzido por mulheres. Em 2019, a meio Tainá “Yatsu” e Mayumi foram contratadas pela INTZ em parceria com a Sakuras, que promoveu uma seletiva para duas vagas na equipe.

Em seu site oficial, a Sakuras afirma lutar “pela representatividade feminina dentro dos games e organizações por meio da criação de conteúdo, textos opinativos e jornalísticos e lançamento de debates nas redes sociais”. No portal, também é possível encontrar links para campeonatos de TFT, Valorant e League of Legends, além do Discord da organização.

Por fim, a Sakuras teve atuação muito engajada no caso de feminicídio contra Ingrid “Sol”, ex-jogadora de CoD Mobile. O portal disponibilizou uma página exclusiva dedicada apenas para cobrir o caso.

Projeto Valkirias

Projeto Valkirias — Foto: Divulgação / Twitter

O Projeto Valkirias visa treinar e preparar mulheres para o cenário competitivo dos eSports de forma gratuita, contando com times competitivos e promovendo campeonatos. A iniciativa foi criada por Pamela Mosquer, streamer e atual talent manager da Vivo Keyd. Ela começou a jogar LoL em 2017 e, ao ver que não havia muitas treinadoras do jogo da Riot Games, começou seus estudos para se tornar uma em 2019. Nas duas primeiras semanas do projeto, iniciado em agosto de 2020, mais de trezentas jogadoras se inscreveram para serem treinadas pelas Valkirias, que hoje conta com Thaís “Nihil”, Júlia “jujurax” e outras em seu rol de coaches.

O projeto tem como principal promoção atualmente o torneio Valkirias, de PUBG Mobile, que contará com 32 times formados apenas por mulheres e distribuirá R$ 48 mil em premiações – com a equipe campeã levando R$ 20 mil. A disputa acontecerá entre os dias 8 e 12 de março, e contará com a participação de grandes competidoras, streamers e criadoras de conteúdo do cenário, como Andreza Delgado (Perifacon), Karen “Khaya” e Taynah “Tayhuhu” (INTZ).

You Go Girls

You Go Girls — Foto: Divulgação / Twitter

O You Go Girls é um site criado por Nayara Dornelas, publicitária e caster de Valorant, voltado para promover a igualdade de gênero no cenário por meio de entrevistas, notícias, inspirações, campeonatos, partidas promocionais e outras ações que tragam visibilidade para jogadoras, streamers e criadoras de conteúdo. Desde 2018, o portal se tornou um diretório de gamers mulheres, casuais ou competitivas, que correspondem por 53% da comunidade no Brasil, segundo a Pesquisa Game Brasil (PGB) de 2020.

O site ainda conta com duas iniciativas de destaque: o podcast Minas no Controle, feito em parceria com o coletivo Rexpeita Elas; e o Her Voice Gaming, também encabeçado por Nayara Dorneles, que tem como objetivo criar oportunidades para mulheres que buscam se tornar casters de eSports.

Para marcar os dois anos do You Go Girls, a jornalista Pâmela Liarena elaborou um infográfico reunindo estatísticas e relatos do Twitter sobre a experiência negativa que muitas mulheres ainda enfrentam no cenário gamer, intitulado “Lugar de Mulher não é nos Games”, reforçando que ainda há muita luta pela frente para que a comunidade dos games seja igualitária entre homens e mulheres.

Rexpeita Elas

Rexpeita Elas — Foto: Divulgação / Twitter

O Rexpeita Elas é uma comunidade gamer que oferece espaço seguro para mulheres jogarem e participarem de streamings, sem se preocupar com o comportamento tóxico machista já observado e evidenciado na comunidade em geral. Criado em 2013 por Júlia “Junai”, a comunidade começou como um grupo no Facebook voltado para jogadoras de League of Legends e hoje procura impulsionar jogadoras e criadoras de conteúdo por meio das redes sociais e pelo podcast Minas no Controle, em parceria com o You Go Girls.

Projeto Fierce e Wakanda Streamers

Apesar de não serem iniciativas focadas em promover – prioritariamente – visibilidade à mulheres, e sim à comunidade LGBTQIA+ e comunidade preta, respectivamente, o Projeto Fierce e o coletivo Wakanda Streamers estão engajados na luta pela igualdade de gênero dentro dos eSports. As iniciativas já levantaram bandeiras importantes, promovendo visibilidade a outros grupos marginalizados dentro do cenário.

Grandes criadoras de conteúdo estão ligadas, como Alinne “Mortha” e Amanda “iNyx”, streamers apoiadoras do Projeto Fierce. Quando se fala da Wakanda Streamers, é impossível não falar “Lahgolas”, assim como de Sher “Transcurecer”, idealizadora da Copa Rebecca Heineman, o primeiro torneio de LoL voltado para pessoas trans.

Entidades

Associação Feminina Gaming Brasil (AFGB)

AFGB é uma associação de proteção às mulheres criada por Cherna — Foto: Divulgação

A Associação Feminina Gaming Brasil é uma ação afirmativa que busca dar respaldo jurídico à mulheres vítimas de violência sexual, abuso e outras formas de machismo dentro da comunidade gamer. Ainda tem como trabalho oferecer assistência psicológica e promover oportunidade para mulheres que queiram agir juridicamente nessas causas, trazendo visibilidade para a comunidade gamer feminina. A ação foi uma das respostas à onda de exposed de comportamentos tóxicos e criminosos por parte de grandes jogadores e criadores de conteúdo no início de 2021.

Sua idealizadora é Daniela “Cherna”, atleta de Rainbow Six Siege, em parceria com seu assessor Thiago Carvalho. Cherna denunciou o técnico Marcos “Dryx” por assédio moral e sexual em janeiro deste ano, movendo uma ação judicial contra o ex-técnico de R6 e atualmente treinador de Valorant. A intenção é de que outras figuras femininas de grande porte nos eSports façam parte da AFGB, trazendo importância, representatividade e acolhimento às mulheres que sofrem com abusos no mundo dos games.

Campeonatos femininos

Para 2021, o cenário brasileiro de eSports conta com grandes investimentos por parte das publishers em campeonatos femininos.

Valorant Game Changers

A Valorant Game Changers é uma iniciativa da Riot Games para promover visibilidade e oportunidade femininas dentro do FPS tático da desenvolvedora, incluindo mais mulheres no Valorant Champions Tour, o competitivo oficial do jogo. A iniciativa no Brasil promete vinte campeonatos femininos de Valorant ao longo de 2021, injetando R$ 460 mil em premiações, divididas em torneios independentes, qualificatórias abertas e eventos principais do Game Changers.

A ação ainda conta com a VCT Game Changers Academy, que focará em torneios mensais para quem quer entrar no cenário competitivo, criando categorias de base e times semiprofissionais femininos, dando uma primeira oportunidade para quem visa uma carreira no Valorant. A organização desses torneios será feito em parceria com a Galorant, comunidade internacional de Valorant criada também com o intuito de trazer visibilidade para mulheres no FPS da Riot.

Circuito Feminino de R6

O Circuito Feminino 2021 de Rainbow Six Siege foi anunciado com muitas novidades. O campeonato organizado pela Ubisoft Brasil terá premiação recorde de R$ 300 mil, além de ser disputado em novo formato. O time campeão ganhará R$ 50 mil, além dos valores somados ao longo das fases. Agora com um calendário de maior fôlego, o torneio ocorrerá entre março e novembro – sendo cinco etapas classificatórias e a fase final. A grande decisão será em 7 de novembro.

Passados os confrontos eliminatórios, garantiram presença: Black Dragons, Cinderellas Esports, FURY, RDW Esports, SemOrg e SuperNova.

Valkirias

O PUBG Mobile anunciou o torneio Valkirias, competição exclusivamente feminina e que terá premiação total de R$ 48 mil. Os jogos acontecerão entre os dias 8 e 12 de março, com transmissão ao vivo pelo Facebook e YouTube. Serão 32 times na competição; as inscrições estão abertas. O campeonato é feito em parceria com o Projeto Valkirias.

Batalha das Valquírias

Clash Royale terá a disputa da Batalha das Valquírias, torneio feminino do MOBA para celular com premiação total de R$ 10 mil. Serão duas etapas classificatórias na primeira metade de março, com o evento principal sendo realizado no final do mês. A grande decisão está marcada para o dia 28. O torneio é organizado por mulheres do próprio cenário, tendo como embaixadora a jogadora e também streamer Giulia “Nyangiu”, e contará com operação na Player1, a plataforma de eSports da Globo.

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Fonte: G1 – Globo.

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