O conselho de administração da Nissan decidiu retirar o brasileiro Carlos Ghosn da presidência do conselho da montadora nesta quinta-feira (22). Ele
Redação Publicado em 22/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 13h41
O conselho de administração da Nissan decidiu retirar o brasileiro Carlos Ghosn da presidência do conselho da montadora nesta quinta-feira (22). Ele está preso sob suspeita de sonegação e fraude fiscal.
Além do afastamento de Ghosn, também foi aprovada a remoção de Greg Kelly de sua posição como diretor-representativo. O norte-americano também foi preso no mesmo dia de Ghosn, na última segunda (19).
Nissan afasta brasileiro Carlos Ghosn do cargo de presidente do conselho da empresa
Ele e Ghosn também são acusados de reportar valores de compensação nos relatórios da Bolsa de Valores de Tóquio menores que os reais.
A decisão já era esperada porque a montadora indicou a intenção de cortar Ghosn logo que a notícia da prisão foi divulgada.
A Nissan também afirmou que criará um comitê especial para buscar um substituto para o brasileiro, além de viabilizar uma comissão especial de governança para os próximas presidências.
De acordo com a montadora, a aliança com a Renault continua inalterada e sua missão é “minimizar o potencial impacto” na cooperação das marcas.
Na última terça-feira (20), a Renault decidiu manter Ghosn como presidente-executivo e presidente do conselho, criando um com,ando interino.
Ainda não há informações sobre como fica a posição de Ghosn no comando da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, uma das maiores do mundo.
Mas o brasileiro permanece na presidência-executiva e na presidência do conselho da Renault, que apontouThierry Bolloré como “chefe” interino.
Um dos executivos mais poderosos da indústria automotiva, Ghosn é acusado de não declarar mais de 5 bilhões de ienes (o equivalente a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento como presidente da montadora. As fraudes fiscais ocorreram entre 2010 e 2015, diz a promotoria japonesa.
Carlos Ghosn, CEO da Renault-Nissan durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, em 2016 — Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Brasileiro, natural de Porto Velho, Rondônia, Ghosn fez carreira na Renault e se tornou presidente-executivo (CEO) da montadora japonesa entre 2001 e 2017, depois de ser um dos arquitetos da aliança entre elas, iniciada em 1999.
O engenheiro ganhou fama mundial por ter tirado a Nissan da beira da falência.
Ghosn deixou o cargo de CEO no ano passado, para cuidar das parcerias com Renault e Mitsubishi, comprada em 2016 pela Nissan. Apesar disso, o executivo permaneceu como presidente do conselho.
A prisão na última segunda, anunciada por promotores japoneses e confirmada em seguida pela Nissan, causou surpresa. Há especulações de que a reviravolta ocorreu no momento em que Ghosn tentava negociar uma fusão definitiva da montadora com a Renault, o que contrariava o conselho da Nissan.
Saiba quem é e qual a trajetória de Carlos Ghosn — Foto: Fernanda Garrafiel/G1