Violência contra LBGTQIAP+

São Paulo registra aumento drástico da violência contra LGBTQIAP+ nos últimos sete anos

A violência contra LGBTQIA+ em São Paulo aumentou drasticamente nos últimos sete anos, com registros de homofobia e transfobia crescendo 1.424%

Parada LGBT na Avenida Paulista, em 2023 - Imagem: Reprodução / Rovena Rosa / Agência Brasil

Sabrina Oliveira Publicado em 15/05/2024, às 10h29

Uma pesquisa recente do Instituto Polis trouxe à tona dados alarmantes sobre a violência contra pessoas LGBTQIAP+ na cidade de São Paulo. Segundo o levantamento, os registros de ocorrências por homofobia e transfobia aumentaram mais de 15 vezes entre 2015 e 2022. Em números absolutos, o salto foi de 63 boletins de ocorrência em 2015 para 960 em 2022, representando um aumento impressionante de 1.424%.

Além disso, o estudo revelou que as notificações de violência LGBTfóbica nas unidades de saúde da capital também cresceram exponencialmente, aumentando 10,8 vezes no mesmo período, de 2015 a 2023.

O levantamento detalhou que, nos últimos nove anos, foram registradas 3.868 vítimas de violência homofóbica e transfóbica em São Paulo. Apesar de uma aparente queda nos casos em 2023, com 435 registros, especialistas advertem que os dados mais recentes ainda estão em consolidação e não refletem necessariamente uma redução real nas ocorrências.

A pesquisa também destacou que, entre 2015 e 2022, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo contabilizou 525 casos de lesão corporal e violência doméstica motivados por homofobia e transfobia. As áreas mais afetadas incluem os bairros República, Bela Vista e Consolação, conhecidos por suas atividades de lazer e ativismo LGBTQIAP+.

A violência em diferentes ambientes
Embora a violência seja predominantemente reportada em espaços públicos (55% dos casos), uma parcela significativa das agressões ocorre dentro das residências (49%), muitas vezes perpetradas por pessoas conhecidas das vítimas. Notavelmente, 30% das vítimas atendidas no sistema de saúde têm até 19 anos de idade, indicando que a juventude LGBTQIAP+ está particularmente vulnerável.

Cássia Caneco, diretora do Instituto Polis, enfatizou a necessidade de políticas públicas inclusivas e de educação que abordem essas questões de maneira eficaz. "É essencial fortalecer políticas de educação inclusiva e ouvir as demandas da população LGBTQIAP+. Além disso, é crucial apoiar organizações LGBTQIAP+ e promover campanhas de sensibilização," afirmou.

Paralelamente, outro estudo realizado pelas ONGs Acontece Arte e Política LGBTI+, Associação Nacional de Travestis e Transexuais e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos registrou 230 mortes violentas de pessoas LGBTQIAP+ no Brasil em 2023. Esse número revela uma morte violenta a cada 38 horas, com São Paulo liderando o ranking de violência, seguido por Ceará e Rio de Janeiro.

Em resposta aos dados alarmantes, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que os crimes de homofobia e transfobia na capital tiveram uma redução de 31% em comparação com 2022. A SSP destacou que todos os distritos policiais estão capacitados para acolher vítimas, registrar e investigar esses crimes, com a possibilidade de registro online por meio da Delegacia da Diversidade.

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