Sem vencer, São Paulo tem seu pior início de Brasileirão na história; entenda os motivos

Um início de campeonato para se esquecer. Nunca antes na história do Campeonato Brasileiro, o São Paulo tinha largado tão mal na competição. Até o momento,

SAO PAULO -

Redação Publicado em 27/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h53

Com 16,67% de aproveitamento, Tricolor Paulista tem o pior desempenho nos seis primeiros jogos do Brasileiro desde 1971. Média de gols sofridos aumenta em 115% após título do Paulista

Um início de campeonato para se esquecer. Nunca antes na história do Campeonato Brasileiro, o São Paulo tinha largado tão mal na competição. Até o momento, são apenas três pontos conquistados em 18 possíveis. Com três empates e três derrotas, esta é a primeira vez que o Tricolor não vence em seus primeiros seis compromissos pelo Brasileirão.

Em parceria com o Espião Estatístico, analisamos todos os seis primeiros jogos de cada edição do Campeonato Brasileiro desde 1971. Os anos de 1985 e 1971 tinham os piores desempenhos iniciais até 2021. Na primeira edição da história, o São Paulo teve 27,8% de aproveitamento, com uma vitória, dois empates e três derrotas. Já em 1985, foi um pouco pior: uma vitória, um empate e quatro derrotas – 22,2%. Os números baixos, porém, foram superados neste ano.

Depois do empate com o Cuiabá, na última quarta-feira, o técnico Hernán Crespo assumiu a culpa pela queda de rendimento do time.

– O resultado não está chegando, e um culpado está aqui (apontando para ele mesmo), não está jogando. Quando falam de culpado, se tem um culpado, sou eu – afirmou.

Para os jogadores, a responsabilidade é compartilhada por todos. E só há um caminho a se tomar.

– O time não tem tido a fortuna de ganhar… Mas não tem ressaca. Estamos trabalhando muito forte todos os dias. Infelizmente não veio a vitória. Agora é seguir falando menos e ir lá para o Ceará para fazer um grande jogo para conseguir a vitória no Brasileiro – disse o goleiro Volpi, um dos principais líderes do São Paulo.

Veja as piores arrancadas do São Paulo na história do Brasileirão:

  1. 2021: 3 empates e 3 derrotas (16,7%);
  2. 1985: 1 vitória, 1 empate e 4 derrotas (22,2%);
  3. 1971: 1 vitória, 2 empates e 3 derrotas (27,8%);
  4. 1972, 1976, 1989, 1995, 1998 e 1999: 1 vitória, 3 empates e 2 derrotas (33,3%) em 72, 76, 89 e 95 | 2 vitórias e 4 derrotas (33,3%) em 98 e 99.

Alguns fatores ajudam a explicar essa derrocada no desempenho do time que acabou de ser campeão paulista e encerrou o jejum de 3.084 dias sem levantar um troféu. Analisamos o desempenho dos comandados de Crespo até o título e os números depois disso. Veja a tabela abaixo para entender:

Desempenhos do São Paulo na temporada antes e depois do título

Até o Paulistão Depois do Paulistão
Jogos 21 9
Vitórias 13 2
Empates 6 3
Derrotas 2 4
Aproveitamento 71,4% 33,3%
Média de gols 2,09 (44 gols) 1,88 (17 gols)
Média de gols sofridos 0,62 (13 gols sofridos) 1,33 (12 gols sofridos)

Desde o fim da fila, o São Paulo viu seu aproveitamento cair 38,1 pontos percentuais e, principalmente, sua defesa passar a sofrer muitos gols. A média de gols sofridos aumentou 115%. Se nos 21 primeiros jogos da temporada, o time sofreu 13 gols (média de 0,62 gol por jogo), nos últimos nove foram 12 gols sofridos (média de 1,33 gols sofridos por jogo).

O problema defensivo vem de encontro aos desfalques dos dois principais zagueiros do elenco: Arboleda (na seleção equatoriana) e Miranda (lesionado). Sem ambos, Crespo já testou até o lateral-esquerdo Reinaldo na defesa. Neste início do Brasileirão, o time também ficou alguns jogos sem o lateral-direito Daniel Alves e o volante Luan, enfraquecendo ainda mais o sistema defensivo. Também são ou foram desfalques por lesão o meia Benítez e o atacante Luciano, além dos reservas Hernanes e William.

Reinaldo já atuou como zagueiro com Crespo pelo São Paulo — Foto: Heber Gomes/AGIF

Sob o comando de Crespo, o São Paulo tem uma baixa médica por semana. Se contarmos Gabriel Sara, que saiu lesionado na última partida, o Tricolor acumula 22 problemas médicos na temporada. Ou 27 no ano, se contarmos desde janeiro.

Para o comentarista Grafite, que defendeu o São Paulo no Paulistão de 2005, a queda de rendimento pós-título é normal, mas o momento exige ainda mais concentração para voltar a vencer.

– Tem jogadores importantes e lideranças que fazem falta, mas em outras situações já aconteceu isso. Essa ressaca pós-título acontece. Em 2005, pelo São Paulo também aconteceu, após ganharmos o Paulista, tivemos um pouco de oscilação no começo do Brasileiro, mas depois recuperamos. O São Paulo tem de concentrar para voltar a vencer, voltar ao caminho das vitórias – afirma.

Os números no Brasileiro de 2021

Com as dificuldades na escalação, seja por convocações ou lesões, o São Paulo faz um campeonato ruim até aqui. Porém, vale ressaltar que ainda faltam 32 rodadas e há muitos jogos para a recuperação da equipe, que vive mau momento na temporada. Pontuado isso, vale analisar o que está ruim no Tricolor no Brasileirão.

O São Paulo tem pecado nas finalizações até a sexta rodada. O clube até finalizou acima da média, porém sem pontaria. Os comandados de Crespo têm o 2º pior aproveitamento de finalizações certas na competição. Das 57 finalizações feitas, apenas 17 tinham o endereço certo: 29,8%. Só o Atlético-MG tem aproveitamento menor – 27,3% (18 certas em 66 tentativas).

Segundo pior ataque da competição, melhor apenas que o América-MG com dois gols, o São Paulo marca um gol a cada 19 finalizações. Novamente, é a segunda pior marca. Só o Coelho necessita de mais conclusões a gol para balançar as redes: são 38,5. Para efeito de comparação, o time mais eficiente neste início de Brasileirão é o Athletico-PR, com um gol a cada seis arremates.

Rigoni e Benítez se abraçam após gol do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Na defesa, o São Paulo tem a sexta defesa mais vazada da competição, com oito gols sofridos. Como foram 55 finalizações adversárias, o Tricolor leva um gol a cada 6,9 tentativas adversárias neste Brasileiro. O desempenho é o 4º pior. Grêmio (5,0), Inter (6,5) e Santos (6,7) precisam de menos finalizações para sofrer um gol. O sistema defensivo mais eficiente até aqui é do Atlético-GO com um gol sofrido a cada 22 finalizações.

Vale lembrar que apesar desse momento conturbado atual, o São Paulo conseguiu se classificar para as oitavas de final da Libertadores e da Copa do Brasil. O trabalho de Crespo no início da temporada, portanto, mostra que o São Paulo tem condições de retomar o caminho da vitória.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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